Tema
da semana
“Irmãos”
de
10/02/2014 a 16/02/2014
Allan
Kardec
8 – Os
laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços
espirituais. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede
do Espírito, porque este existia antes da formação do corpo. O pai
não gera o Espírito do filho: fornece-lhe apenas o envoltório
corporal. Mas deve ajudar seu desenvolvimento intelectual e moral,
para o fazer progredir.
Os
Espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como
parentes próximos, são os mais freqüentemente Espíritos
simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem pela
afeição durante a vida terrena. Mas pode ainda acontecer que esses
Espíritos sejam completamente estranhos uns para os outros,
separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem
também por seu antagonismo na Terra, a fim de lhes servir de prova.
Os verdadeiros laços de família não são, portanto, os da
consangüinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos,
que unem os Espíritos, antes,
durante e após a
encarnação. Donde se segue que dois seres nascidos de pais
diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem
pelo sangue. Podem, pois, atrair-se, procurar-se, tornarem-se amigos,
enquanto dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, como vemos
todos os dias. Problema moral, que só o Espiritismo podia resolver,
pela pluralidade das existências. (Ver
cap. IV, nº 13)
Há,
portanto, duas espécies de famílias: as
famílias por laços espirituais e as famílias por laços corporais.
As primeiras, duradouras, fortificam-se pela purificação e se
perpetuam no mundo dos Espíritos, através das diversas migrações
da alma. As segundas, frágeis como a própria matéria, extinguem-se
com o tempo, e quase sempre se dissolvem moralmente desde a vida
atual. Foi o que Jesus quis fazer compreender, dizendo aos
discípulos: “Eis minha mãe e meus irmãos”, ou seja, a minha
família pelos laços espirituais, pois “quem quer que faça a
vontade de meu Pai, que está nos céus, é meu irmão, minha irmã e
minha mãe”.
A
hostilidade de seus irmãos está claramente expressa no relato de
São Marcos, desde que, segundo este, eles se propunham a apoderar-se
dele, sob o pretexto de que perdera o juízo. Avisado de que haviam
chegado, e conhecendo o sentimento deles a seu respeito, era natural
que dissesse, referindo-se aos discípulos, em sentido espiritual:
“Eis os meus verdadeiros irmãos”. Sua mãe os acompanhava, e
Jesus generalizou o ensino, o que absolutamente não implica que ele
pretendesse que sua mãe segundo o sangue nada lhe fosse segundo o
Espírito, só merecendo a sua indiferença. Sua conduta, em outras
circunstâncias, provou suficientemente o contrário.
[...]
para os verdadeiros espíritas, todos os homens são irmãos, seja
qual for a nação a que pertençam. [...]
Referência:
KARDEC,
Allan. Instruções de Allan Kardec ao Movimento Espírita. Org. por
Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2005. - cap. 16
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