sábado, 29 de junho de 2013

Famílias Espirituais

Tema da semana
Parentesco corporal e o parentesco espiritual””
de 24/06/2013 a 30/06/2013



Richard Simonetti

1 –Qual a diferença entre família espiritual e família carnal?

                            A família espiritual é formada por Espíritos que ao longo do tempo desenvolvem experiências em comum, estabelecendo sólidos laços de afetividade. A família carnal é formada por Espíritos ligados na Terra pela consanguinidade.

2 –Não é a família carnal integrada por Espíritos que compõem uma família espiritual?

                            Nem sempre. Dependendo das experiências compatíveis com suas necessidades evolutivas, o Espírito pode reencarnar entre pessoas que não pertencem à sua família espiritual. Por experiência ou provação há quem reencarne em país e cultura diferentes, convivendo com pessoas que não guardam afinidade com ele.
 
3 –Irá sentir-se um “estranho no ninho”?

                            Em última instância somos todos filhos de Deus, irmãos, consequentemente. Considerado esse aspecto, não deveríamos experimentar esse sentimento quando vivenciando uma situação dessa natureza. O entrosamento entre as pessoas num lar não depende tanto de pretéritas ligações. Relaciona-se muito mais com sua maturidade, sua capacidade de conviver.

4 –Em lares onde há brigas e desentendimentos frequentes poderíamos dizer que estão ali reunidos inimigos do passado ligados pelos laços da consanguinidade para superar seus desentendimentos?

                            Não seria razoável que Deus nos colocasse ao lado de desafetos do passado para uma convivência conturbada. As desavenças no lar originam-se mais na deseducação do presente do que nos desentendimentos do pretérito. Inimigos do passado reúnem-se no lar para uma harmonização, superando suas desavenças, não para reacenderem conflitos.

5 –Seguindo essa linha de raciocínio, podemos dizer que mesmo entre componentes de uma família espiritual reencarnada pode haver desentendimentos?

                            Sim, e até ruptura no relacionamento, porquanto uma convivência de longa data, em vidas pretéritas não é garantia de um entendimento perfeito. A harmonia num relacionamento familiar depende, essencialmente, de nosso empenho em vivenciar os princípios evangélicos, envolvendo perdão, compreensão, respeito, tolerância, caridade…

6 –Espíritos que nos sejam estranhos, no âmbito da família carnal, podem converter-se em membros de nossa família espiritual?

                            Certamente. As famílias espirituais tendem a crescer, na medida em que os Espíritos se libertem de suas mazelas e imperfeições, estabelecendo elos legítimos de fraternidade ao redor de seus passos, considerando sempre que Deus nos une para que nos amemos, jamais para que nos “amassemos”.

7 –Jesus tem uma família espiritual?

                            A amplitude de nossa família espiritual está subordinada a nossa capacidade de amar. Quanto mais amor o Espírito tenha para dar, mais ela crescerá. Amando em plenitude, característica dos Espíritos puros e perfeitos, Jesus tem por seus tutelados todos os Espíritos que mourejam na Terra, encarnados e desencarnados.

8 –Então pertencemos à família espiritual de Jesus?

                            Digamos que o Mestre assim considere. Somos todos ovelhas de seu imenso rebanho, que ele veio reunir. Todavia, para que efetivamente nos integremos nela é preciso, como ele próprio destaca, cumprir a vontade de Deus, que se exprime no empenho permanente em favor do Bem e da Verdade. Assim estaremos ampliando sempre nossa família espiritual, para que sejamos um dia membros legítimos da família universal, a família de Jesus.


LAÇOS AFETIVOS
Emmanuel

Ama a quem vai contigo,
Nas estradas do tempo.
Laços de amor na vida,
Mesmo feitos de dor.
São áreas de trabalho
Que o Céu já te entregou.
Se sofres, não desistas
De amar sem Ter amor.
Nada reclames. Serve.
Deus te apoia e vê.

Livro Material de Construção - Francisco C. Xavier


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Família corporal e espiritual

Tema da semana
O parentesco corporal e o parentesco espiritual”
de 24/06/2013 a 30/06/2013

Momento Espírita

Você já se deu conta de que seu afeto não é o mesmo para com todos os membros da sua família?

Uns nos são muito caros, outros menos, alguns nos são indiferentes, podendo, até mesmo, haver aqueles que nos são antipáticos.

E você já pensou nos motivos dessas diferenças?

Quando nos questionamos sobre o assunto, muitas dúvidas nos vêm à mente.

Ora, se somos filhos dos mesmos pais, se somos os pais de vários filhos, por que não nutrimos o mesmo sentimento por todos, de igual forma?

Indagando-nos, com sinceridade, chegaremos à conclusão de que há duas espécies de famílias: as famílias espirituais e as famílias pelos laços corporais.

Concluiremos, ainda, que não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias. Ou seja, os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos.

Para entender essas disparidades na relação de afeto ou desafeto, é preciso que lancemos mão da Lei da reencarnação.

Reunidos na mesma família, pelas Leis Divinas, encontram-se Espíritos simpáticos entre si, ligados por relações anteriores que se expressam por uma afeição recíproca.

Mas, também pode acontecer que sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo.

Com a teoria da reencarnação, entenderemos porque é que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos, pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue.

Nessa mesma linha de raciocínio, compreenderemos a animosidade alimentada por irmãos consanguíneos, fato muito comum que se observa todos os dias.

A Lei da reencarnação também esclarece sobre os objetivos pretendidos por Deus para Seus filhos: o progresso intelectual e moral.

Se Deus nos permite o reencontro com afetos e desafetos do passado é que está a nos oferecer uma nova oportunidade de aperfeiçoamento.

Enquanto a convivência com os desafetos nos dá oportunidade de estabelecer a simpatia, os afetos são o sustentáculo em todos os momentos.

Entendemos, assim, que as múltiplas existências estendem os laços de afeto, ampliando nossa família espiritual, enquanto a unicidade da existência os limita ou rompe definitivamente após a morte.

Não fosse a abençoada porta da reencarnação e não teríamos a chance de amar os nossos inimigos, conforme recomendou Jesus.

Dessa forma, repensemos a nossa postura com relação à família. Olhemos para os parentes difíceis e percebamos neles a bendita oportunidade de estabelecer a simpatia para, logo mais, amá-los efetivamente, conforme a recomendação do Cristo.

*   *   *

O instituto familiar é uma organização de origem Divina, em cujo seio encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação de um mundo melhor.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita com base no cap. 2 do livro Vida e sexo
pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier 
e no cap XIV do livro O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.
Em 10.08.2009.

CITAÇÕES DO LAR
Agradece à família em que nasceste;
ela é valiosa seção do grande educandário da Terra,
em que a Providência Divina te matriculou para estágio
transitório no serviço de teu próprio aperfeiçoamento.
João Augusto Chaves
Do livro “Praça da Amizade”
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Parentes difíceis

Tema da semana
O parentesco corporal e o parentesco espiritual”
de 24/06/2013 a 30/06/2013

André Luiz

Aceite os parentes difíceis na base da generosidade e da compreensão, na certeza de que as Leis de Deus não nos enlaçam uns com os outros sem causa justa.

O parente problema é sempre um teste com que se nos examina a evolução espiritual.

Muitas vezes a criatura complicada que se nos agrega à família, traz consigo as marcas de sofrimento ou deficiências que lhe foram impostas por nós mesmos em passadas reencarnações.

Não exija dos familiares diferentes de você um comportamento igual ao seu, porquanto cada um de nós se caracteriza pelas vantagens ou prejuízos que acumulamos na própria alma.

Não tente descartar dos parentes difíceis com internações desnecessárias em casas de repouso, à custa de dinheiro, porque a desvinculação real virá nos processos da natureza, quando você houver alcançado a quitação dos próprios débitos ante a Vida Maior.

Nas provações e conflitos do lar terrestre, quase sempre, estamos pagando pelo sistema de prestações, certas dívidas contraídas por atacado.


Do livro “Sinal verde”.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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FAMÍLIA
Em família, temos aqueles que 
permanecem conosco para o nosso amor
e aqueles que se demoram conosco para a nossa dor.
Emmanuel
Do livro "Dicionário da alma"
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Família

Tema da semana
O parentesco corporal e o parentesco espiritual”
de 24/06/2013 a 30/06/2013

Emmanuel

A família consanguínea, entre os homens, pode ser apreciada como o centro essencial de nossos reflexos. Reflexos agradáveis ou desagradáveis que o pretérito nos devolve.

Certo, não incluímos aqui os Espíritos pioneiros da evolução que, trazidos ao ambiente comum, superam-no, de imediato, criando o clima mental que lhes é peculiar, atendendo à renovação de que se fazem intérpretes.

Comentamos a nossa posição no campo vulgar da luta.

Cada criatura está provisoriamente ajustada ao raio de ação que é capaz de desenvolver ou, mais claramente, cada um de nós apenas, pouco a pouco, ultrapassará o horizonte a que já estenda os reflexos que lhe digam respeito.

O homem primitivo não se afasta, de improviso, da própria taba, mas aí renasce múltiplas vezes, e o homem relativamente civilizado demora-se longo tempo no plano racial em que se assimila as experiências de que carece, até que a soma de suas aquisições o recomende a diferentes realizações.

É assim que na esfera do grupo consanguíneo o Espírito reencarnado segue ao encontro dos laços que entreteceu para si próprio, na linha mental em que se lhe caracterizam as tendências.

A chamada hereditariedade psicológica é, por isso, de algum modo, a natural aglutinação dos espíritos que se afinam nas mesmas atividades e inclinações.

Um grande artista ou um herói preeminente podem nascer em esfera estranha aos sentimentos nos quais se avultam. É a manifestação do gênio pacientemente elaborado no bojo dos milênios, impondo os reflexos da sua individualidade em gigantesco trabalho criativo.

Todavia, na senda habitual, o templo doméstico reúne aqueles que se retratam uns nos outros.

Uma família de músicos terá mais facilidade para recolher companheiros da arte divina em sua descendência, porque, muita vez, os espíritos que assumem a posição de filhos na reencarnação, junto deles, são os mesmos amigos que lhes incentivam a formação musical, desde o reino do espírito, refletindo-se reciprocamente na continuidade da ação em que se empenham através de séculos numerosos.

É ainda assim que escultores e poetas, políticos e médicos, comerciante e agricultores quase sempre se dão as mãos, no culto dos melhores valores afetivos, continuando-se, mutuamente, nos genes familiares, preservando para si mesmos, mediante o trabalho em comum e segundo a lei do renascimento, o patrimônio evolutivo em que se exprimem no espaço e no tempo. Também é aí, de conformidade com o mesmo princípio de sintonia, que vemos dipsômanos e cleptomaníacos, tanto quanto delinquentes e enfermos de ordem moral, nascendo daqueles que lhes comungam espiritualmente as deficiências e as provas, porquanto muitas inteligências transviadas se ajustam ao campo genético daqueles que lhes atraem a companhia, por força dos sentimentos menos dignos ou das ações deploráveis com que se oneram perante a Lei.

A tara familiar, por esse motivo, é a resultante da conjunção de débitos, situando-nos no plano genético enfermiço que merecemos, à face dos nossos compromissos com o mundo e com a vida. Dessa forma, somos impelidos a padecer o retorno dos nossos reflexos tóxicos através de pessoas de nossa parentela, que nos los devolvem por aflitivos processos de sofrimento.

Temos assim, no grupo doméstico, os laços de elevação e alegria que já conseguimos tecer, por intermédio do amor louvavelmente vivido, mas também as algemas de constrangimento e aversão, nas quais recolhemos, de volta, os clichês inquietantes que nós mesmos plasmamos na memória do destino e que necessitamos desfazer, à custa de trabalho e sacrifício, paciência e humildade, recursos novos com que faremos nova produção de reflexos espirituais, suscetíveis de anular os efeitos de nossa conduta anterior, conturbada e infeliz.


Do livro “Pensamento e vida”.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
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FAMÍLIA
A nossa família não se circunscreve
às quatro paredes elo 'templo doméstico.
Estende-se em todos os lugares onde um
doente chama por nós, confiando-nos a esperança.
Francisco Fajardo
Do livro “Dicionário da alma”.

Psicografia de “Francisco Cândido Xavier”.


terça-feira, 25 de junho de 2013

O primeiro desafio

Tema da semana
O parentesco corporal e o parentesco espiritual”
de 24/06/2013 a 30/06/2013

Joanna de Ângelis

Disposto a esquecer o mal, dedicando-te ao bem, enfrentas o primeiro desafio.
Incidente doméstico ocorre envolvendo-te emocionalmente.

Tens a impressão que todo o planejamento para o dia se desfaz.

Sentes os nervos abalados e estás a ponto de aceitar a pugna.

Silencia, porém, e age.

O hábito da discussão perniciosa se te instalou no comportamento, e crês que não possuis forças para superar o acontecimento danoso.

*

Recorda que estás num clima de efeitos que vêm dos dias anteriores, quando te engajavas nas provocações, reagindo no mesmo tom.

Os familiares não sabem das tuas disposições novas e, porque estão acostumados às querelas e agressões, preservam o ambiente prejudicial.

*

Em teu procedimento de homem novo necessitas do autocontrole, reconquistando os familiares, que se surpreenderão com a tua nova filosofia de vida.
Contorna o primeiro desafio, dilui por antecipação e com sabedoria o mal-estar que ele podia gerar.

Este é o passo inicial para o teu dia feliz.

Do livro “Episódios diários”.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco.
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FAMÍLIA
Sem a renúncia materna, a família quase
sempre é um turbilhão de sofrimentos
e necessidades indefiníveis e sem fim.
Maria A. Bttencourt
Do livro “Dicionário da alma”.
Psicografia de “Francisco Cândido Xavier”.


Presença do codificador

Tema da semana
O parentesco corporal e o parentesco espiritual”
de 24/06/2013 a 30/06/2013

Allan Kardec

Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consanguíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências (Capítulo IV, no.13).

Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espírito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: "Eis aqui meus verdadeiros irmãos." Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.

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FAMÍLIA
Nossa família cresce à medida que crescemos com o Amor.
Meimei
Do livro “Dicionário da alma”.

Psicografia de “Francisco Cândido Xavier”.

sábado, 22 de junho de 2013

HISTÓRIA DE AMOR

Tema da semana
Notícias Históricas”
de 17/06/2013 a 23/06/2013

Maria Dolores

Certa mulher sofrida no trabalho
E que agia tão-só na prática do bem,
Teve, um dia, saudade de Jesus
E passou a viver concentrada no Além.
Muito tempo, lutara dia a dia,
Vencendo sombra, empeço, tentação,
Servira a muita gente, mas supunha
Que todo o longo esforço houvera sido vão.
Trazia os pés feridos, indagando
Se a Terra não seria estranho espinheiral,
Conquanto a fé e acalentasse o peito,
Declarava temer a vitória do mal.

Suportara, sem mágoa, ingratidões e golpes,
Entretanto, cansara-se, por fim,
Queria agora a paz do Lar Celeste,
Sonhava entrar em fulgido jardim ...
Desejava esquecer a tristeza e a fadiga,
A poeira do mundo e a cinza do pesar,
Suplicava a Jesus lhe concedesse,
O caminho do Além e o dom de descansar.
Jesus, porém, um dia, veio e disse: –
Enquanto houver na Terra algum sinal de dor,
Estarei, entre os homens, trabalhando
Para a Bênção de Deus, em tarefas de amor.

Mas se queres partir, segue adiante,
Busca os sóis da Divina Primavera,
Construíste, lutaste, padeceste,
Conquistaste o repouso, a Paz te espera.”
Mas aquela que ouvira o Cristo Amado,
Não mais pensou no Céu, nem no Porvir,
E, se seguindo a Jesus, achou na própria Terra
A alegria de amar e o prazer de servir.

Livro Recanto de Paz. Psicografia de Francisco Cândido Xavier

OCORRÊNCIAS DO AMOR
Lucano Reis

Sobre o Amor, nada se sabe
Da energia que o mantém;
Ninguém nota quanto chega,

Nem sabe de onde vem.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A Caridade

Tema da semana
“Notícias Históricas”
de 17/06/2013 a 23/06/2013

Pelo Espírito de São Vicente de Paulo.

Sede bons e caridosos, eis a chave dos céus que tendes em vossas mãos; toda a felicidade eterna está encerrada nessa máxima: amai-vos uns aos outros. A alma não pode se elevar às regiões espirituais senão pelo devotamento ao próximo; não encontra felicidade e consolação senão no impulso da caridade; sede bons, sustentai vossos irmãos, deixai de lado essa horrível chaga do egoísmo; esse dever cumprido deve vos abrir o caminho da felicidade eterna. De resto, dentre vós, quem não sentiu seu coração pulsar, sua alegria interior dilatar pela ação de uma obra caridosa? Não deveríeis pensar senão nessa espécie de volúpia, que uma boa ação proporciona, e permaneceríeis, sempre, no caminho do progresso espiritual.

Os exemplos não faltam; não há senão a boa vontade, que é rara. Vede a multidão de homens de bem, dos quais vossa historia vos evoca a piedosa lembrança. Eu vo-los citaria aos milhares aqueles cuja moral não tinha por objetivo senão melhorar vosso globo. O Cristo não vos disse tudo o que concerne a essas virtudes de caridade e de amor? Por que deixar de lado esses divinos ensinamentos? Por que fechar os ouvidos às suas divinas palavras; o coração a todas essas doces máximas? Gostaria que as leituras evangélicas fossem feitas com mais interesse pessoal; abandona-se esse livro, dele se faz uma palavra oca. Uma carta fechada; deixa-se esse código admirável no esquecimento: vossos males não provêm senão do abandono voluntário em que deixais esse resumo das leis divinas. Lede, pois, essas páginas ardentes do devotamento de Jesus, e meditai-as. Estou envergonhado comigo mesmo, de ousar vos prometer um trabalho sobre a caridade, quando penso que nesse livro encontrareis todos os ensinamentos que devem vos conduzir, pela mão, às regiões celestes.

Homens fortes, cingi-vos; homens fracos, fazei vós armas de vossa doçura, de vossa fé; tende mais persuasão, mais constância na propagação de vossa nova doutrina; não é senão um encorajamento que viemos vos dar; senão para estimular vosso zelo e vossas virtudes que Deus nos permite nos manifestar a vós; mas, querendo, não se teria necessidade senão da ajuda de Deus e de sua própria vontade: as manifestações espíritas não são feitas senão para os de olhos fechados e os corações indóceis. Há, entre vós, homens que têm a cumprir missões de amor e de caridade; escutai-os, elevai sua voz; fazei resplandecer seus méritos, e vos exaltareis a vós mesmos pelo desinteresse e pela fé viva com a qual vos penetrarão.

As advertências detalhadas seriam muito longas para dar, sobre a necessidade de alargar o círculo da caridade, e dela fazer participar todos os infelizes, cujas misérias são ignoradas, todas as dores que devem ser procuradas, em seus redutos para consolá-los em nome desta virtude divina: a caridade. Vejo com felicidade quantos homens eminentes e poderosos ajudam esse progresso que deve ligar, entre elas, todas as classes humanas: os felizes e os infelizes. Os infelizes, coisa estranha! se dão todos a mão e sustentam suas misérias, uns pelos outros. Por que os felizes são mais retardatários para escutarem a voz dos infelizes?

Por que é preciso que seja mão possante e terrestre que dê o impulso às missões caridosas?

Por que não se responde com mais ardor a esses chamados? Por que deixar as misérias mancharem, como por prazer, o quadro da Humanidade?

A caridade é a virtude fundamental, que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrestres; sem ela, as outras não existem: sem caridade, não há fé nem esperança; porque, sem a caridade, não há esperança em uma sorte melhor, nenhum interesse moral que nos guie. Sem a caridade, não há fé, porque a fé não é senão um raio puro que faz brilhar uma alma caridosa; é a sua conseqüência decisiva.

Quando deixar o coração se abrir ao pedido do primeiro infeliz que vos estende a mão; quando lhe der, sem perguntar se sua miséria não é fingida, ou se o mal num vício lhe é causa; quando deixar toda justiça nas mãos divinas; quando deixar o castigo das misérias mentirosas ao Criador; enfim, quando fizer a caridade tão-só pela felicidade que ela proporciona, e sem procurar a sua utilidade, então, sereis os filhos que Deus amará e que ele chamará para si.

A caridade é a âncora eterna da salvação em todos os globos: é a mais pura emanação do próprio Criador; é sua a própria virtude, que ele dá à criatura. Como desejaríeis desconhecer essa suprema bondade? Qual seria, com esse pensamento, o coração bastante perverso para pisotear e enxotar esse sentimento todo divino? Qual seria o filho bastante mau para se revoltar contra essa doce carícia: a caridade?

Não ouso falar daquilo que fiz, porque os Espíritos também têm o pudor das suas obras; mas creio que a obra que comecei, é uma daquelas que devem mais contribuir para o alívio de vossos semelhantes. Vejo, freqüentemente, Espíritos pedirem, por missão, para continuarem a minha obra; eu as vejo, minhas doces e caras irmãs, em seu piedoso e divino ministério; vejo-as praticar as virtudes, que vos recomendo, com toda a alegria que proporciona essa existência de devotamento e de sacrifício; é uma grande felicidade, para mim, ver quanto o seu caráter é honroso, quanto sua missão é amada e docemente protegida Homens de bem, de boa e forte vontade, uni-vos para continuar, grandemente, a obra de propagação de caridade; encontrareis a recompensa dessa virtude pelo seu próprio exercício; não há alegria espiritual que ela não dê desde a vida presente. Sede unidos; amai-vos uns aos outros, segundo os preceitos do Cristo. Assim seja.


Agradecemos a São Vicente de Paulo pela bela e boa comunicação que consentiu nos dar. - Gostaria que fosse proveitosa a todos.Poderíeis nos permitir algumas perguntas complementares, a respeito do que acabais de nos dizer? - Eu o desejo muito; meu objetivo é vos esclarecer; perguntai o que quiserdes.

1. A caridade pode entender-se de dois modos: a esmola propriamente dita, e o amor aos semelhantes. Quando nos dissestes que é preciso deixar seu coração abrir ao pedido do infeliz que nos estende a mão, sem perguntar se sua miséria não é fingida, não quisestes falar da caridade do ponto de vista da esmola? - R. Sim, unicamente nesse parágrafo.

2. Dissestes que é preciso deixar à justiça de Deus a apreciação da miséria fingida; parece-nos, entretanto, que dar sem discernimento às pessoas que não têm necessidade, ou que poderiam ganhar sua vida por um trabalho honroso, é encorajar o vício e a preguiça. Se os preguiçosos encontrassem, muito facilmente, a bolsa dos outros aberta, eles se multiplicariam ao infinito, em prejuízo dos verdadeiros infelizes. - R. Podeis discernir aqueles que podem trabalhar, e então a caridade vos obriga tudo fazer para lhes proporcionar trabalho; mas há, também, pobres mentirosos que sabem simular o jeito das misérias que não têm; é para estes que é preciso deixar a Deus toda a justiça.

3. Aquele que não pode dar senão cinco francos, e deve escolher entre dois infelizes que lhe pedem, não tem razão em perguntar, quem tem, realmente, maior necessidade, ou deve dar sem exame ao primeiro que chega? - R. Deve dar àquele que pareça ser o mais sofredor.

4. Não se pode considerar, também, como fazendo parte da caridade, a maneira de praticá-la? - R. É, sobretudo, na maneira pela qual se presta o serviço, que a caridade é
verdadeiramente meritória; a bondade é, sempre, o indício de uma alma bela.

5. Que gênero de mérito concedeis àqueles que chamam benfeitores ásperos? - R. Não fazem o bem senão pela metade. Recebem seus benefícios, mas eles não comovem.

6. Jesus disse: "Que vossa mão direita não saiba o que dá a vossa mão esquerda." Aqueles que dão por ostentação têm alguma espécie de mérito? - R. Não têm senão o mérito do orgulho, pelo qual serão punidos.

7. A caridade cristã, em sua mais larga acepção, não compreende também a doçura, a benevolência e a indulgência pelas fraquezas alheias? - R. Imitai Jesus; Ele vos disse tudo isso; escutai-o mais do que nunca.

8. A caridade é bem intencionada quando feita exclusivamente entre as pessoas de uma mesma seita, ou de um mesmo partido? - Não; é sobretudo esse Espírito de seita e de partido que é preciso abolir, porque todos os homens são irmãos. É sobre essa questão que concentramos nossos esforços.

9. Suponho um indivíduo que vê dois homens em perigo; deles não pode salvar senão um, mas um é seu amigo e o outro seu inimigo; a quem deve salvar? - Deve salvar seu amigo, porque esse amigo podia reclamar daquele que crê amá-lo; quanto ao outro, Deus se encarregará dele.

Sociedade de estudos espíritas,
sessão de 8 de junho de 1858.
Revista Espírita, agosto de 1858

HERANÇA
Só a herança divina torna divinos
os herdeiros do Universo.
Agostinho 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sem adiamentos

Tema da semana
Notícias Históricas”
de 17/06/2013 a 23/06/2013

Bezerra de Menezes

Filhos da alma:

Que Jesus nos abençoe!

Aqueles dias, assinalados pelo ódio e pela traição, pelo desbordar das paixões asselvajadas pelo crime e hediondez, eram as bases sobre as quais as forças conjugadas do Mal iam erigir o seu quartel de destruição do Bem.

Veio Jesus e gerou uma nova era centrada no amor.

Dezenove séculos depois, apresentavam-se as criaturas em condições quase equivalentes. É certo que, nesse ínterim, houve um grande desenvolvimento tecnológico e científico, e o progresso colocou fronteiras que se abriam para o futuro, mas as lutas eram tirânicas entre o materialismo e o espiritualismo.

Então veio Allan Kardec e, com a caridade exaltando o amor do Mestre, proporcionou à Ciência investigar em profundidade o ser humano, identificando-lhe a imortalidade, a comunicabilidade, a reencarnação do Espírito, que é indestrutível.

Cento e cinquenta anos depois, as paisagens terrestres encontram-se sombreadas por crimes equivalentes aos referidos, que não ficaram apenas no passado, e o monstro da guerra espreita sorrateiro nos pontos cardeais do Planeta, aguardando o momento para apresentar-se destruidor, como se capaz fosse de eliminar o Bem, de destruir a Vida.

Neste momento, a Doutrina Espírita, sintetizando o pensamento de Cristo nas informações da sua grandiosa filosofia centrada na experiência dos fatos, apresenta a Era da Paz, proporcionando a visão otimista do futuro e oferecendo a alegria de viver a serviço do Bem.

Vivemos os momentos difíceis da grande transição terrestre.

As dificuldades multiplicam-se e a cizânia homizia-se nos corações, procurando gerar divisionismos e partidos que entrem em conflagração com caráter destruidor. O ódio, disfarçado na indumentária da hipocrisia, assenhoreia-se das vidas, enquanto a insensatez estimula os instintos não superados, para que atirem a criatura humana no charco das paixões dissolventes onde pretendem afogá-la.

Mas é neste momento grave que as luzes soberanas da verdade brilham no velador das consciências, conclamando-nos a todos, desencarnados e encarnados, a porfiar no bem até o fim.

Não são fáceis as batalhas travadas no íntimo, mas Jesus não nos prometeu facilidades. Referiu-se mesmo à espada que deveria separar o bem do mal, destruir a iniquidade para salvar o iníquo.

Os desafios que se multiplicam constituem a grande prova através da qual nos recuperamos dos delitos graves contra nós mesmos, o nosso próximo, a sociedade, quando pervertemos a mensagem de amor inspirados pelos interesses vis a que nos afeiçoávamos.

Agora é o grande instante da decisão. Não há mais lugar para titubeios, para postergarmos a realização do ideal.

Já compreendemos, juntos, que os denominados dois mundos são apenas um mundo em duas vibrações diferentes. Estão perfeitamente integrados no objetivo de construir um outro mundo melhor e fazer feliz a criatura humana.

Demo-nos as mãos, unidos, para que demonstremos que as nossas pequenas diferenças de opinião são insuficientes para superar a identificação dos nossos propósitos nos paradigmas doutrinários em que firmamos os ideais.

Demo-nos as mãos, para enfrentar a onda de homicídios legais nos disfarces do aborto, da eutanásia, do suicídio, da pena de morte que sempre buscam a legitimação, porque jamais serão morais.

Empenhemo-nos por viver conforme as diretrizes austeras exaradas no Evangelho e atualizadas pelo Espiritismo.

Jesus, meus filhos, encontra-se conduzindo a nau terrestre e a levará ao porto seguro que lhe está destinado.

Disputemos a honra de fazer parte da sua tripulação, na condição de humildes colaboradores. Que o sejamos, porém, fiéis ao comando da Sua dúlcida voz.

Não revidar mal por mal, não desperdiçar o tempo nas discussões infrutíferas das vaidades humanas, utilizar esse patrimônio na edificação do reino de Deus em nós mesmos, são as antigas novas diretrizes que nos conduzirão ao destino que buscamos.

Estes são dias tumultuosos!

Se, de alguma forma, viveis as alegrias dos avanços do conhecimento científico e tecnológico, desfrutais das comodidades que proporcionam ao lado de centenas de milhões de Espíritos sofridos e anatematizados pela enfermidade, pela fome, pela dor, quase esquecidos, também são os dias de acender a luz do amor em vossos corações, para que o amor distenda as vossas mãos na direção deles, os filhos do calvário. Mas, não apenas deles, como também dos filhos do calvário no próprio lar, na Casa Espírita, na oficina de dignificação pelo trabalho, no grupo social...

Em toda parte Jesus necessita de vós, para falar pela vossa boca, caminhar pelos vossos pés e agir através das vossas mãos.

Exultai, se incompreendidos. Alegrai-vos, se acusados. Buscai sorrir, se caluniados ou esquecidos dos aplausos terrestres.

As vossas condecorações serão as feridas cicatrizadas na alma que constituirão o passaporte divino para, depois da grave travessia, entrardes no grande lar em paz.

Ide, pois, de retorno às vossas lides e amai.

Levai Jesus convosco e vivei-o.

Ensinai a todos a doutrina de libertação e dela fazei a vossa bússola.

Na ampulheta das horas o tempo continua inexoravelmente sem tempo para adiamentos.

Vigiai orando e amai servindo.

Que o Senhor de bênçãos nos abençoe, filhos da alma, é a súplica que faz o servidor humílimo e paternal de sempre,


Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco
ao final da Reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB,
no dia 11 de novembro de 2007, em Brasília, DF.
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TRANSFORMAÇÃO
É imperioso nos resignemos
a perder quanto signifique
roupagem servida e inútil,
para que nosso espírito avance,
no rumo da transformação
para as luzes mais altas.
Aires de Oliveira
Do livro "Dicionário da alma"
Psicografia de “Francisco Cândido Xavier”.


quarta-feira, 19 de junho de 2013

A nova era

Tema da semana
Notícias Históricas”
de 17/06/2013 a 23/06/2013

Allan Kardec

Deus é único e Moisés é o Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para se revelar por Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes por que passou esse povo se destinavam a chamar a atenção geral e a fazer cair o véu que ocultava aos homens a divindade.

Os mandamentos de Deus, dados por intermédio de Moisés, contêm o gérmen da mais ampla moral cristã. Os comentários da Bíblia, porém, restringiam-lhe o sentido, porque, praticada em toda a sua pureza, não na teriam então compreendido. Mas, nem por isso os dez mandamentos de Deus deixavam de ser um como frontispício brilhante, qual farol destinado a clarear a estrada que a Humanidade tinha de percorrer.

A moral que Moisés ensinou era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos que ela se propunha regenerar, e esses povos, semi selvagens quanto ao aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus de outro modo que não por meio de holocaustos, nem que se devesse perdoar a um inimigo. Notável do ponto de vista da matéria e mesmo do das artes e das ciências, a inteligência deles muito atrasada se achava em moralidade e não se houvera convertido sob o império de uma religião inteiramente espiritual. Era-lhes necessária uma representação semimaterial, qual a que apresentava então a religião hebraica. Os holocaustos lhes falavam aos sentidos, do mesmo passo que a ideia de Deus lhes falava ao espírito.

O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. E a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.

São chegados os tempos em que se hão de desenvolver as ideias, para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de Deus. Têm elas de seguir a mesma rota que percorreram as ideias de liberdade, suas precursoras. Não se acredite, porém, que esse desenvolvimento se efetue sem lutas. Não; aquelas ideias precisam, para atingirem a maturidade, de abalos e discussões, a fim de que atraiam a atenção das massas. Uma vez isso conseguido, a beleza e a santidade da moral tocarão os espíritos, que então abraçarão uma ciência que lhes dá a chave da vida futura e descerra as portas da felicidade eterna. Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá. – Um Espírito israelita. (Mulhouse, 1861.)

Um dia, Deus, em sua inesgotável caridade, permitiu que o homem visse a verdade varar as trevas. Esse dia foi o do advento do Cristo. Depois da luz viva, voltaram as trevas. Após alternativas de verdade e obscuridade, o mundo novamente se perdia. Então, semelhantemente aos profetas do Antigo Testamento, os Espíritos se puseram a falar e a vos advertir. O mundo está abalado em seus fundamentos; reboará o trovão. Sede firmes!

O Espiritismo é de ordem divina, pois que se assenta nas próprias leis da Natureza, e estai certos de que tudo o que é de ordem divina tem grande e útil objetivo. O vosso mundo se perdia; a Ciência, desenvolvida à custa do que é de ordem moral, mas conduzindo-vos ao bem-estar material, redundava em proveito do espírito das trevas.

Como sabeis, cristãos, o coração e o amor têm de caminhar unidos à Ciência. O reino do Cristo, ah! passados que são dezoito séculos e apesar do sangue de tantos mártires, ainda não veio. Cristãos, voltai para o Mestre, que vos quer salvar. Tudo é fácil àquele que crê e ama; o amor o enche de inefável alegria. Sim, meus filhos, o mundo está abalado; os bons Espíritos vo-lo dizem sobejamente; dobrai-vos à rajada que anuncia a tempestade, a fim de não serdes derribados, isto é, preparai-vos e não imiteis as virgens loucas, que foram apanhadas desprevenidas à chegada do esposo.

A revolução que se apresta é antes moral do que material. Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, sopram a fé, para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardorosos, façais ouvir a vossa voz humilde, porquanto sois o grão de areia; mas, sem grãos de areia, não existiriam as montanhas. Assim, pois, que estas palavras - "Somos pequenos" - careçam para vós de significação. A cada um a sua missão, a cada um o seu trabalho. Não constrói a formiga o edifício de sua república e imperceptíveis animálculos não elevam continentes? Começou a nova cruzada. Apóstolos da paz universal, que não de uma guerra, modernos São Bernardos, olhai e marchai para frente; a lei dos mundos é a do progresso. Fénelon. (Poitiers, 1861.)

Santo Agostinho é um dos maiores vulgarizadores do Espiritismo. Manifesta-se quase por toda parte. A razão disso, encontramo-la na vida desse grande filósofo cristão. Pertence ele à vigorosa falange do Pais da Igreja, aos quais deve a cristandade seus mais sólidos esteios. Como vários outros, foi arrancado ao paganismo, ou melhor, à impiedade mais profunda, pelo fulgor da verdade. Quando, entregue aos maiores excessos, sentiu em sua alma aquela singular vibração que o fez voltar a si e compreender que a felicidade estava alhures, que não nos prazeres enervantes e fugitivos; quando, afinal, no seu caminho de Damasco, também lhe foi dado ouvir a santa voz a clamar-lhe: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" exclamou: "Meu Deus! Meu Deus! perdoai-me, creio, sou cristão!" E desde então tornou-se um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho. Podem ler-se, nas notáveis confissões que esse eminente espírito deixou, as características e, ao mesmo tempo, proféticas palavras que proferiu, depois da morte de Santa Mônica: Estou convencido de que minha mãe me virá visitar e dar conselhos, revelando-me o que nos espera na vida futura. Que ensinamento nessas palavras e que retumbante previsão da doutrina porvindoura! Essa a razão por que hoje, vendo chegada a hora de divulgar-se a verdade que ele outrora pressentira, se constituiu seu ardoroso disseminador e, por assim dizer, se multiplica para responder a todos os que o chamam. – Erasto, discípulo de S. Paulo. (Paris, 1863.)

Nota. – Dar-se-á venha Santo Agostinho demolir o que edificou? Certamente que não. Como tantos outros, ele vê com os olhos do espírito o que não via enquanto homem. Liberta, sua alma entrevê claridades novas, compreende o que antes não compreendia. Novas ideias lhe revelaram o sentido verdadeiro de algumas sentenças. Na Terra, apreciava as coisas de acordo com os conhecimentos que possuía; desde que, porém, uma nova luz lhe brilhou, pôde apreciá-las mais judiciosamente Assim é que teve de abandonar a crença, que alimentara, nos Espíritos íncubos e súcubos e o anátema que lançara contra a teoria dos antípodas. Agora que o Cristianismo se lhe mostra em toda a pureza, pode ele, sobre alguns pontos, pensar de modo diverso do que pensava quando vivo, sem deixar de ser um apóstolo cristão. Pode, sem renegar a sua fé, constituir-se disseminador do Espiritismo, porque vê se cumprir o que fora predito. Proclamando-o, na atualidade, outra coisa não faz senão nos conduzir a uma interpretação mais acertada e lógica dos textos. O mesmo ocorre com outros Espíritos que se encontram em posição análoga.

Do livro “Evangelho segundo o espiritismo”.
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A NOVA GERAÇÃO
A nova geração marchará, pois,
para a realização de todas as ideias
humanitárias compatíveis com o
grau de adiantamento a que houver chegado.
Avançando para o mesmo alvo e realizando seus objetivos,
o Espiritismo se encontrará com ela no mesmo terreno.
Os homens progressistas descobrirão nas ideias espíritas,
uma poderosa alavanca e o Espiritismo achará,
nos novos homens, Espíritos inteiramente dispostos a acolhê-lo.
Allan Kardec
Do Livro " A Gênese"
Fonte: O reformador, Outubro/2010, p. 30-31.