quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Os mundos...



Léon Denis

“Que espetáculos, que maravilhas representam para nossa vida esses mundos longínquos, que variedade de sensações que se podem recolher desses universos! E essas almas prosseguem sua viagem na imensidade, até que, submetidas à lei eterna, retomam órgãos novos, se fixam sobre um desses mundos para cooperar, pelo trabalho, para o seu adiantamento, para o seu progresso. Ante esses horizontes imensos, como nossa Terra fica pequena! E, diante de tais perspectivas, pode-se temer a morte?”

O Gênio Céltico e o Mundo Invisível

terça-feira, 29 de novembro de 2011

PROGRESSO



Emmanuel

Seja a prova qual for,
Não desistas do bem.
Ao termo de um caminho
Outra estrada aparece.
Em seguida a um fracasso,
Há sempre um recomeço.
Problema resolvido
Dá lugar para outro.
Faze o melhor que possas,
Trabalha e segue adiante.
Ninguém foge ao progresso
Conforme as leis de Deus.


Livro  “Assim Vencerás” Psicografia de Francisco Cândido Xavier - Espirito: Emmanuel
Digitado por: Ana Lúcia Basilio

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

RELATIVIDADE DA VIDA FÍSICA


Joanna de Ângelis


                Embora a relatividade do ser físico, da existência terrena, o sentido da vida permanece inalterado. Se se depositam no corpo, apenas, todas as aspirações, à medida  que  ele  envelhece,  que  se  lhe  diminuem  as  resistências  e possibilidades, claro está que perdem o impacto e o objetivo.
                Observando-se,  porém,  a  vida  como  um  todo,  não  somente  como  a trajetória fisiológica, tais anseios se realizam a cada instante, arquivando-se no passado, e servem de base para novas buscas e motivações.
                Não sendo  o  corpo  mais  que  uma  vestimenta,  a  sua  duração  é  irrestrita, desgastando-se enquanto vibra, consumindo-se à medida que é utilizado.
                As  conquistas  agradáveis  e  as  derivadas  do  sofrimento  tornam-se  parte integrante do seu conteúdo, permanecendo como valores que o enriquecem.
                O importante não é o seu tempo de duração, mas a forma como é vivida, experienciada, arquivada cada etapa.
                Quando se encontra  acumulado,  vibra  e  tem  sentido,  porquanto  pode  ser acionado a cada instante, revivido com intensidade quando se queira, repetindo as emoções antes experimentadas.
                Não há porque se temer o envelhecimento, invejar a juventude, lamentar o tempo. Esse comportamento viceja nos indivíduos imaturos. O vir-a-acontecer não pode influir mais na conduta, do que o já-acontecido.
                Os  sofrimentos  vivenciados,  os  sorrisos  extremados,  os  conhecimentos adquiridos,  os  recursos  utilizados  são  todos  um  cabedal  que  não  pode  ser comparado  ou  permutado  pelas  interrogações  daquilo  que  ainda  não  foi conseguido.
                A  existência  física  possibilita  a  integração  do  indivíduo  com  a  Natureza, harmonizando-o  e  promovendo-o  para  realizar  incursões  mais  audaciosas, quais  a  superação  do  ego  e  o  crescimento  do  Self,  assim  como  a  tranquila movimentação  na  sua  realidade  de  ser  imortal.  O seu  trânsito  no  corpo constitui lhe uma etapa valiosa para a recomposição de forças, que se perturbaram, e a aquisição de energias mais sutis que se derivam do eu superior e devem ser canalizadas no rumo da sua supervivência.
                Assim  não  fosse,  a  consumpção  orgânica  encerrar-lhe-ia  a  realidade, apagando as conquistas do pensamento e do amor.
                Essas  expressões  da  vida  não  se  comburem  jamais,  desaparecendo  na memória do tempo, extinguindo-se no espaço universal. Permanecem atuantes e  realizadoras,  vencendo  as  barreiras  vibratórias  do  corpo  e  mantendo-se organizadas fora dele, porque são a fonte geradora do existir.
                A busca do sentido da vida ultrapassa a manifestação da forma e prossegue em outras dimensões, aformoseando o ser que projeta, sim, a sua realidade para outros cometimentos existenciais futuros, outros desafios humanos, superando-se através das conquistas armazenadas, direcionando-se para a integração na harmonia da Consciência Cósmica, livre de retentivas com a retaguarda, desembaraçado de aflições, porque superadas, e aberto a novas expressões sempre portadoras da peregrina luz da sabedoria.
Psicografia de Divaldo Franco – Do Livro Amor Imbatível Amor

domingo, 27 de novembro de 2011

Presença do Codificador


Allan Kardec
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
“PROGRESSÃO DOS MUNDOS”

                19. O progresso é lei da Natureza. A essa lei todos os seres da Criação, animados e inanimados, foram submetidos pela bondade de Deus, que quer que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que aos homens parece o termo final de todas as coisas, é apenas um meio de se chegar, pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e nada sofre o aniquilamento.
                Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada em a Natureza permanece estacionário. Quão grandiosa é essa ideia e digna da majestade do Criador! Quanto, ao contrário, é mesquinha e indigna do seu poder a que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia, que é a Terra, e restringe a Humanidade aos poucos homens que a habitam!
                Segundo aquela lei, este mundo esteve material e moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha e se alçará sob esse duplo aspecto a um grau mais elevado. Ele há chegado a um dos seus períodos de transformação, em que, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de regeneração, onde os homens serão ditosos, porque nele imperará a lei de Deus. – Santo Agostinho. (Paris, 1862.)
A ação da Amizade

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PERANTE OS AMIGOS



André Luiz

O amigo é uma bênção que nos cabe cultivar no clima da gratidão.
Quem diz que ama e não procura compreender e nem auxiliar, nem amparar e nem servir, não saiu de si mesmo ao encontro do amor em alguém.
A amizade verdadeira não é cega, mas se enxerga defeitos nos corações amigos, sabe amá-los e entendê-los mesmo assim.
Teremos vencido o egoísmo em nós quando nos decidirmos a ajudar aos entes amados a realizarem a felicidade própria, tal qual entendem eles, deva ser a felicidade que procuram, sem cogitar de nossa própria felicidade.
Em geral, pensamos que os nossos amigos pensam como pensamos, no entanto, precisamos reconhecer que os pensamentos deles são criações originais deles próprios.
A ventura real da amizade é o bem dos entes queridos.
Assim como espero que os amigos me aceitem como sou, devo, de minha parte, aceitá-los como são.
Toda vez que buscamos desacreditar esse ou aquele amigo, depois de havermos trocado convivência e intimidade, estaremos desmoralizando a nós mesmos.
Em qualquer dificuldade com as relações afetivas é preciso lembrar que toda criatura humana é um ser inteligente em transformação incessante, e, por vezes, a mudança das pessoas que amamos não se verifica na direção de nossas próprias escolhas.
Quanto mais amizade você der, mais amizade receberá.
Se Jesus nos recomendou amar os inimigos, imaginemos com que imenso amor nos compete amar aqueles que nos oferecem o coração.
Francisco Cândido Xavier. Da obra: Sinal Verde.
Ditado pelo Espírito André Luiz.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A amizade real


NEIO LÚCIO

      Um grande senhor que soubera amontoar sabedoria, além da riqueza, auxiliava diversos amigos pobres, na manutenção do bom ânimo, na luta pela vida.
      Sentindo-se mais velho, chamou o filho à cooperação. O rapaz deveria aprender com ele a distribuir gentilezas e bens.
      Para começar, enviou-o à residência de um companheiro de muitos anos, ao qual destinava trezentos cruzeiros mensais.
      O jovem seguiu-lhe as instruções.
      Viajou seis quilômetros e encontrou a casa indicada. Contrariando-lhe a expectativa, porém, não encontrou um pardieiro em ruínas. O domi­cílio, apesar de modesto, mostrava encanto e conforto. Flores perfumavam o ambiente e alvo linho vestia os móveis com beleza e decência.
O  beneficiário de seu pai cumprimentou-o, com alegria efusiva, e, depois de inteligente palestra, mandou trazer o café num serviço agra­dável e distinto. Apresentou-lhe familiares e amigos que se envolviam, felizes, num halo enor­me de saúde e contentamento.
Reparando a tranquilidade e a fartura, ali reinantes, o portador regressou ao lar, sem en­tregar a dádiva.
— Para quê? — confabulava consigo mes­mo — aquele homem não era um pedinte. Não parecia guardar problemas que merecessem com­paixão e caridade. Certo, o genitor se enganara.
De volta, explicou ao velho pai, partículari­zadamente, quanto vira, restituindo-lhe a impor­tância de que fora emissário.
O  ancião, contudo, após ouvi-lo calmamente, retirou mais dinheiro da bolsa, dobrou a quantia e considerou:
— Fizeste bem, tornando até aqui. Igno­rava que o nosso amigo estivesse sob mais amplos compromissos. Volta à residência dele e, ao invés de trezentos, entrega-lhe seiscentos cruzeiros, mensalmente, em meu nome, de ora em diante. A sua nova situação reclama recursos duplicados.
— Mas, meu pai — acentuou o moço —, não se trata de pessoa em posição miserável.
Ao que suponho, o lar dele possui tanto confor­to, quanto o nosso.
      Folgo bastante com a noticia — excla­mou o velho.
E, imprimindo terna censura à voz conse­lheiral, acrescentou:
— Meu filho, se não é lícito dar remédio aos sãos e esmolas aos que não precisam delas, semelhante regra não se aplica aos companheiros que Deus nos confiou. Quem socorre o amigo, apenas nos dias de extremo infortúnio, pode exercer a piedade que humilha ao invés do amor que santifica. Quem espera o dia do sofrimento para prestar o favor, muita vez não encontrará senão silêncio e morte, perdendo a melhor opor­tunidade de ser útil. Não devemos exigir que o irmão de jornada se converta em mendigo, a fim de parecermos superiores a ele, em todas as circunstâncias. Tal atitude de nossa parte representaria crueldade e dureza. Estendamos-lhe nossas mãos e façamo-lo subir até nós, para que nosso concurso não seja orgulho vão. Toda gente no mundo pode consolar a miséria e par­tilhar as aflições, mas raros aprendem a acen­tuar a alegria dos entes amados, multiplicando-a para eles, sem egoísmo e sem inveja no coração. O amigo verdadeiro, porém, sabe fazer isto. Volta, pois, e atende ao meu conselho para que nossa afeição constitua sementeira de amor para a eternidade. Nunca desejei improvisar neces­sitados, em torno de nossa porta e, sim, criar companheiros para sempre.
      Foi então que o rapaz, envolvido na sabe­doria paterna, cumpriu quanto lhe fora determinado, compreendendo a sublime lição de ami­zade real.

Psicografia de Chico Xavier – Do Livro ALVORADA CRISTÃ

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

RETRATO DA AMIZADE



Maria Dolores



Agradeço, alma fraterna e boa,
O amor que no teu gesto se condensa,
Deixando ao longe a festa, o ruído e o repouso
Para dar-me a presença...
Sofres sem reclamar enquanto exponho
Minhas idéias diminutas
E anoto quanto é grande o teu carinho
No sereno sorriso em que me escutas.
Não sei dizer-te a gratidão que guardo
Pelas doces palavras que me dizes,
Amenizando as lutas que carrego
Em meus impulsos infelizes.
Auxilia-me a ver sem barulho ou reproche,
Dos trilhos para o bem o mais certo e o mais curto,
Sem cobrar pagamentos ou louvores
Pelo valor do tempo que te furto.
Aceitas-me como um todo como sou,
Nunca me perguntaste de onde vim
Nem me solicitaste qualquer conta
Da enorme imperfeição que trago em mim!...
Agradeço-te ainda o socorro espontâneo
Que me estendes à vida estrada afora,
Para que as minhas mãos se façam mensageiras
De consolo a quem chora!...
Louvado seja Deus,alma querida e bela
Pelo conforto de teu braço irmão
Por tudo que tem sido em meu caminho ,
Por tudo me dás ao coração!...


Do livro Antologia da Espiritualidade. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

AMIZADE E COMPREENSÃO


Emmanuel

Com leite vos criei, e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem ainda agora podeis.
" - Paulo. (I CORÍNTIOS, 3:2.)



Muitos companheiros de luta exigem cooperadores esclarecidos para as tarefas que lhes dizem respeito, amigos valiosos que lhes entendam os propósitos e valorizem os trabalhos, esquecidos de que as afeições, quanto as plantas, reclamam cultivo adequado. 
Compreensão não se improvisa. 
É obra de tempo, colaboração, harmonia. 
O próprio Cristo, primeiramente, semeou o ideal divino no coração dos continuadores, antes de recolher-lhes o entendimento.
Sofreu-lhes as negações, toleroulhes as fraquezas e desculpou-lhes as exigências para formar, por fim, o colégio apostólico.
Nesse particular, Paulo de Tarso fornece-nos judiciosa lição, declarando aos Coríntios que os criara "com leite".
Tão pequena afirmativa transborda sabedoria vastíssima.
O apóstolo generoso, gigante no conhecimento e na fé viva, edificara os companheiros de sua missão evangélica em Corinto, não com o alimento complexo das teses difíceis, mas com os ensinamentos simples da verdade e as puras demonstrações de amor em Cristo Jesus.
Não lhes conquistara a confiança e a estima exibindo cultura ou impondo princípios, mas, sim, orando e servindo, trabalhando e amando.
Existe uma ciência de cultivar a amizade e construir o entendimento.
Como acontece ao trigo, no campo espiritual do amor, não será possível colher sem semear.
Examina, pois, diariamente, a tua lavoura afetiva.
Observa se estás exigindo flores prematuras ou frutos antecipados.
Não te esqueças da atenção, do adubo, do irrigador.
Coloca-te na posição da planta em jardim alheio e, reparando os cuidados que exiges, não desdenhes resgatar as tuas dívidas de amor para com os outros.
Imita o lavrador prudente e devotado, se desejas atingir a colheita de grandes e precisos resultados.

Livro: Vinha de Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

AMIZADE


Joanna de Ângelis


Torna-te amigo de todas as pessoas.
A amizade é um tesouro do espírito, que deve ser repartido com
as demais criaturas.
Como um sol, irradia-se e felicita quantos a recebem.
Há uma imensa falta de amigos
na Terra, gerando conflitos e desconfianças, desequilíbrio e insegurança.
Quando a amizade escasseia na
vida, o homem periga em si mesmo.
Sê tu o amigo gentil, mesmo
que, por enquanto, experimentes
incompreensão e dificuldades.
Psicografia de Divaldo Franco- Do Livro Vida Feliz

domingo, 20 de novembro de 2011

Presença do Codificador

 Allan Kardec

O Livro dos Espíritos

417. Podem Espíritos encarnados reunir-se em certo número e formar assembléias?

“Sem dúvida alguma. Os laços, antigos ou recentes, da amizade costumam reunir desse modo diversos Espíritos, que se sentem felizes de estar juntos.”

Pelo termo antigos se devem entender os laços de amizade contraída em existências anteriores. Ao despertar, guardamos intuição das idéias que haurimos nesses colóquios, mas ficamos na ignorância da fonte donde promanaram.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

AMOR, A SOLUÇÃO



Batuíra
       
 Auxiliemo-nos para sermos auxiliados. Se algum companheiro perde a força do ideal, sejamos aquele suporte de amor que o escore na travessia do desânimo, a fim de que o vejamos refeito para bênção do Serviço.
 Se outro sofre provações ou privações de qualquer natureza, sejamos nós o apoio sobre o qual se mantenha para atingir novamente a segurança precisa.
 Se outro se desgoverna na sombra da irritação, façamo-nos, junto dele, o silêncio e a prece capazes de repô-lo na rearmonização necessária.
 Se outro ainda nos pareça indiferente ou distante, envolvamo-lo em calor de entendimento e ternura, a fim de que volte ao clima da paz e da eficiência em louvor do Cristo.
 Em síntese, convertamo-nos, por amor, em suplementações uns dos outros, no levantamento do bem, de vez que, assim agindo, estaremos glorificando a bendita herança do trabalho que Jesus nos legou, não somente ofertando-lhe o rendimento justo, mas, também, cumprindo o excelso programa de nosso Divino Mestre, quando nos exortou:
 - Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.
Página recebida pelo médium FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, extraído do livro MAIS LUZ – Edição GEEM).


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

TROVAS DO AMOR



Espíritos Diversos
Quem Ama
Amor no amor de quem ama,
Vara fel, pedra, aflição,
Até que se faz estrela
Por dentro do coração.
                  Auta de Souza

Amar
Amar expressa na estrada
Doar-se constantemente,
Entregar tudo por nada...
Ser amado é diferente.
Pedro Silva

Deduções do Amor
Viver para o bem dos outros,
Conquanto nem sempre agrade,
Não é somente dever,
É a lei da felicidade.
Silveira de Carvalho

Receita do Tempo
Felicidade dos homens,
Do mais alto ao mais plebeu,
É fazer sempre o melhor
Da vida que recebeu.
Boris Freire

Rogativa
Mais amor e menos voz
Com isso a prece é mais alta,
Deus sabe mais do que nós
Tudo aquilo que nos falta.
                                                           Otoniel Beleza
(De "Somente Amor", de Francisco Cândido Xavier - Espíritos Maria Dolores e Meimei) 

AMAR PARA SEMPRE


Maria Dolores

      A senhora viúva, dia a dia,
      Sob os efeitos de uma hemiplegia,
      Trazia a própria vida concentrada
      Na cadeira de rodas, manejada
      Por amiga enfermeira.

      Dos parentes mais íntimos
      Um filho lhe restava, um filho só, 
      O filho que ela amava enternecidamente...
      Marido, pais, irmãos, chamados pela morte,
      Deixaram-lhe na vida
      Muita emoção frustrada
      E aquele moço forte
      Que não lhe confortava a existência dorida,
      Muito embora abastada.

      Achando-nos na véspera do dia
      Que marcaria o enlace do rapaz,
      E a mãezinha doente
      Num misto de alegria,
      De esperança e de paz
      Entregou-lhe, feliz, tudo quanto possuía:
      A fazenda, as ações de grande companhia,
      Os créditos de banco e a linda moradia,
      A dizer-lhe, contente:
      - Filho, tudo o que tenho é seu...
      De amanhã para a frente,
      Passo a morar no estreito pavilhão
      Que seu pai construiu ao fundo da mansão.
      Desejo ver você e a jovem companheira
      Sempre felizes, sem cuidados...
      Toda alegria agora para mim
      Será sabê-los sossegados,
      Ante a bênção de Deus, na visão do futuro...
     
      O filho comovido
      Beijou-lhe as mãos num gesto de amor puro
      E agradeceu a doação materna,
      Prometendo-lhe em voz macia e terna,
      Pela jovem com quem se casaria
      Segurança, carinho, convivência
      Para todas as horas da existência
      Que desejava fossem
      Adornadas de paz e de alegria.

      Depois do enlace, a enferma recebia
      Cartões lindos da Europa...O casal de viajores
      Via a lua-de-mel por um mundo de flores...
      Ambos davam noticias da beleza
      De Lisboa e Paris, de Florença e Veneza...

      Mas de retorno ao lar, após a festa
      De comemoração do regresso feliz
      A dama recebeu na vivenda modesta
      O jovem par... E a nora exigente lhe diz:
      - Minha sogra, ouça bem!...
      Seu filho e eu
      Pensando em seu descanso,
      Resolvemos agora transferi-la
      Para um lar de repouso, um abrigo claro e manso
      Onde a senhora viva mais tranqüila.
      Precisamos aqui viver a sós,
      Não pretendemos tê-la junto a nós.

      Porque a pobre espantada procurasse
      O olhar do filho amado para ver
      A atitude interior que lhe viesse à face,
      Ele mesmo aduziu:
      É um pouso geriátrico, mãezinha,
      A senhora, por lá, não estará sozinha.
      Nada disse a velhinha, posta a um canto,
     Tão somente mostrou silêncio e pranto...
    
      No dia imediato,
      Mudara-se-lhe o trato...
      Internada num belo casarão,
      Apesar da gentil acompanhante, 
      Eis que saudade enorme a domina e consome...
      O recinto de luxo para ela,
      Alma nobre e singela,
      Tinha apenas um nome:
      "Exílio e solidão".

     Seis meses transcorreram, lentamente,
     Não mais tornou a ver o filho ausente
     E sem que a pompa, em torno, a reconforte,
      A velhinha mais triste e mais doente,
     De mágoa em mágoa, vagarosamente,
     Entregou-se, de todo, às mãos da morte...
     Ante as indagações do verniz social,
     Deu-se-lhe sobre a Terra um lindo funeral...

     A pobre repousou num sono longo e raro;
     Mais tarde, despertou solicitando amparo.
     Junto dela, um Emissário de Vigia,
     Descortinou-lhe os Céus, comentando a alegria
     Que a esperava na Altura...
     A pobre mãe, porém, perguntou com ternura:
     - E meu filho onde está?
     - Sem dúvidas quaisquer – falou-lhe o mensageiro –
      Tanto quanto ficou, seu filho ficará
      Por muito tempo ainda em franco cativeiro,
     Tem muito que lutar, nos encargos que leva,
     Entre as forças da Luz e as tentações da treva...
     Mas você, minha irmã, pode elevar-se agora,
     Pelo sacrifício e devoção ao Bem,
     Mundos da Eterna Aurora
     Esperam-na no Além...
     A senhora, porém,
     Expressando respeito àquelas diretrizes,
     Disse, calma e sincera:
     - Não aspiro a viver entre os mundos felizes!...
     Voltar a ver e acompanhar meu filho,
     Sem qualquer empecilho,
     É todo o Céu de minha longa espera.

     O Mensageiro que lhe conhecia
     Os tempos de doença e de agonia
     Anotou com brandura:
     - Irmã, descer da Altura Imensa
     A fim de trabalhar sem recompensa
     Em favor dessa ou daquela criatura
      É conquistar maior merecimento...
     Para estar com seu filho, em constante união,
     Precisará viver
     Sob o regime da reencarnação...
     E, acaso, aceitará, por mãe a própria nora?
     - Como não, anjo bom? – replicou a senhora –
     Se Deus me consentir, assim regressarei,
     Creio que a luz do amor é o princípio da Lei;
     Se tenho no meu filho a bênção que procuro,
     Como menosprezar a jovem que ele adora?
     Amá-lo-ei melhor por minha nora
     De quem devo ser filha no futuro...
     Hei de amá-la também, voltando a ser criança,
     Sempre encontrei no amor divina maravilha,
     Minha nora no lar me acolherá por filha,
     Serei nos braços dela uma nova esperança...
     Envolverei meu filho e ela em meu sorriso,
     Todo berço na Terra aponta o Paraíso...

     Cinco anos passaram sobre o Tempo...
     Hoje anotei um trio encantador:
     Ante a filhinha: - luz recém-nascida –
     Disse o pai ao beijá-la: "minha vida!"...
     A criança sorriu no berço cor-de-rosa
     E a mãezinha, a enfeitar-lhe o corpinho de flor,
     Exclamou comovida e venturosa:
     - "Deus te abençoe, meu anjo, meu amor!..."

 Livro: Somente Amor – Psicografia: Francisco C. Xavier – Espíritos: Maria Dolores e Meimei.