Joanna de Ângelis
Embora
a relatividade do ser físico, da existência terrena, o sentido da vida permanece
inalterado. Se se depositam no corpo, apenas, todas as aspirações, à medida que
ele envelhece, que se lhe diminuem
as resistências e possibilidades, claro está que perdem o
impacto e o objetivo.
Observando-se, porém,
a vida como
um todo, não
somente como a trajetória fisiológica, tais anseios se
realizam a cada instante, arquivando-se no passado, e servem de base para novas
buscas e motivações.
Não
sendo o
corpo mais que
uma vestimenta, a
sua duração é
irrestrita, desgastando-se enquanto vibra, consumindo-se à medida que é
utilizado.
As conquistas
agradáveis e as
derivadas do sofrimento
tornam-se parte integrante do seu
conteúdo, permanecendo como valores que o enriquecem.
O
importante não é o seu tempo de duração, mas a forma como é vivida, experienciada,
arquivada cada etapa.
Quando
se encontra acumulado, vibra
e tem sentido,
porquanto pode ser acionado a cada instante, revivido com
intensidade quando se queira, repetindo as emoções antes experimentadas.
Não
há porque se temer o envelhecimento, invejar a juventude, lamentar o tempo.
Esse comportamento viceja nos indivíduos imaturos. O vir-a-acontecer não pode
influir mais na conduta, do que o já-acontecido.
Os sofrimentos
vivenciados, os sorrisos extremados,
os conhecimentos adquiridos, os
recursos utilizados são
todos um cabedal
que não pode
ser comparado ou permutado
pelas interrogações daquilo
que ainda não
foi conseguido.
A existência
física possibilita a
integração do indivíduo
com a Natureza, harmonizando-o e
promovendo-o para realizar
incursões mais audaciosas, quais a
superação do ego
e o crescimento
do Self, assim
como a tranquila movimentação na
sua realidade de
ser imortal. O seu
trânsito no corpo constitui lhe uma etapa valiosa para a
recomposição de forças, que se perturbaram, e a aquisição de energias mais
sutis que se derivam do eu superior e devem ser canalizadas no rumo da sua
supervivência.
Assim não
fosse, a consumpção
orgânica encerrar-lhe-ia a
realidade, apagando as conquistas do pensamento e do amor.
Essas expressões
da vida não se comburem
jamais, desaparecendo na memória do tempo, extinguindo-se no espaço
universal. Permanecem atuantes e
realizadoras, vencendo as
barreiras vibratórias do
corpo e mantendo-se organizadas fora dele, porque são
a fonte geradora do existir.
A
busca do sentido da vida ultrapassa a manifestação da forma e prossegue em
outras dimensões, aformoseando o ser que projeta, sim, a sua realidade para
outros cometimentos existenciais futuros, outros desafios humanos, superando-se
através das conquistas armazenadas, direcionando-se para a integração na
harmonia da Consciência Cósmica, livre de retentivas com a retaguarda,
desembaraçado de aflições, porque superadas, e aberto a novas expressões sempre
portadoras da peregrina luz da sabedoria.
Psicografia de Divaldo Franco –
Do Livro Amor Imbatível Amor
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