Joanna
de Ângelis
Criou-se um conceito infeliz, que se
popularizou, a respeito da mediunidade, informando ser uma pesada cruz para os
seus portadores.
A partir da informação incorreta, passou-se a
temer o desenvolvimento mediúnico por associá-lo às terríveis aflições que acarretaria.
Não poucos candidatos ao ministério
mediúnico, por desconhecimento dos valores que tipificam a faculdade, evitam exercitá-la,
receando a carga afligente das provações que seriam acrescentadas à existência.
É totalmente destituída de legitimidade a
leviana informação, desde que a mediunidade é uma faculdade neutra, por meio da
qual se comunicam bons como maus Espíritos, ocorrendo formosos ou aflitivos
fenômenos de variado conteúdo.
As dores que parecem acompanhar os médiuns
que se afeiçoam ao trabalho do bem na Terra têm a sua origem em suas
existências transatas, sem nenhum compromisso com a faculdade.
Caso não exercessem o ministério, os mesmos
padecimentos os alcançariam, convocando-os à reparação dos delitos antes
perpetrados, em razão da carência afetiva, que lhes não proporcionou a
liberação que se dá mediante a ação da solidariedade, do amor, da caridade...
A mediunidade exercida com responsabilidade
diminui o resgate daqueles que se encontram comprometidos com as Soberanas Leis,
em razão das admiráveis contribuições de que se fazem portadores, atendendo os
padecentes de ambas as esferas da vida: a material e a espiritual.
À semelhança de outras faculdades da alma,
que o corpo reveste de células para atender aos objetlvos a que se encontram
vinculadas, não poucas vezes os seus portadores experimentam os desafios que
fazem parte do seu programa evolutivo.
Aceita com naturalidade e de forma
consciente, a mediunidade alarga os horizontes da percepção humana a respeito
dos valores existenciais, contribuindo com elevação para a compreensão da
imortalidade, dos objetivos da jornada física que devem ser realizados cm clima
de alegria e de gratidão a Deus.
Facultando a convivência lúcida com os
desencarnados, proporciona tranquilidade em torno de todas as ocorrências do
carreiro carnal, ensejando entendimento a respeito dos desafios e das
dificuldades que se encontram nas experiências evolutivas, responsáveis pela
conquista da plenitude, quando superados.
Desse modo, o denominado calvário dos médiuns
somente tem lugar quando esses, entregando-se ao ministério com abnegação,
padecem as incompreensões que ocorrem sempre quando se apresentam as crises
morais, prenunciadoras da transição para mais belas florações do ser humano e
da sociedade.
Transformar a atividade num verdadeiro
mediunato é o dever de todo aquele que se encontra convocado para exercitar a
peregrina faculdade que lhe honra a existência.
Logicamente, transformando-se numa ponte
entre as dimensões física e espiritual, desperta a animosidade dos Espíritos
infelizes que se comprazem em gerar obstáculos ao progresso geral.
Nada obstante, o seu desempenho fiel e a sua
abnegação no desiderato a que se entrega consegue a simpatia dos Espíritos
nobres que passam a auxiliá-lo, inspirando-o em todos os lances da trajetória
existencial.
Nunca temas o mal!
No exercício saudável da mediunidade
responsável, vincula-te ao compromisso de forma dinâmica, conscientizando-te do
seu significado, assim como das benesses que podes auferir na execução da atividade
iluminativa.
Procura estudar-te de maneira que possas
aprofundar observações em torno de quem és, dos teus objetivos essenciais, das
tuas reações em relação aos acontecimentos existenciais, a fim de te
identificares com a própria realidade.
Mediante esse comportamento, perceberás as
influências que procedem dos desencarnados, podendo filtrá-las e
exteriorizá-las com fidelidade, sem conflitos internos.
Mergulha o pensamento no estudo da doutrina
espirita, ampliando o conhecimento em torno das sábias orientações exaradas por
Allan Kardec sob a condução dos guias da humanidade, especialmente contidas em
O livro dos médiuns, de maneira que acalmes as ânsias do sentimento e as
dúvidas da mente perquiridora.
Considera o impositivo do serviço que deves
realizar qual agricultor que, dispondo de uma enxada e do solo adusto,
utiliza-a com vigor, tornando-a sempre reluzente e necessária, o que não ocorre
quando deixada sem aplicação, sendo consumida pela oxidação e pela ferrugem.
Todo o bem que faças, utilizando as energias
mediúnicas, a ti mesmo fará um grande bem.
Não meças distâncias, nem relaciones
obstáculos a enfrentar, quando convocado ao formoso labor socorrista, porquanto
a qualidade da ação é resultado do empenho e da dedicação daquele que a
executa.
Quanto mais te afeiçoes à lavoura da caridade,
mais amplos horizontes se te surgirão, auxiliando-te na marcha ascensional.
Mediunidade sem serviço é orquídea bela e
inútil, com finalidade apenas decorativa. Quando colocada em favor da caridade
é grão de trigo que se transforma em pão nutriente que sustenta muitas vidas...
Desse modo, mediunidade com Jesus é também
cruz de elevação que alça ao infinito e liberta do cárcere das limitações.
Quanto mais trabalhes a faculdade, mais
eficazes se farão os resultados que pretendes atingir.
Quem veja o diamante reluzente como uma
estrela não se lembrará do carvão escuro conforme se apresentava antes da
extração e lapidação.
De igual maneira, a dor e o testemunho, na
mediunidade responsável, representam os abençoados instrumentos que lapidam a
gema que dorme embaixo da escura camada que a envolve...
Quanto mais sejam as aflições, mais
compensadores serão os resultados da tua dedicação ao ministério mediúnico.
Não te queixes, portanto, quando convidado
aos caminhos silenciosos da renúncia e do sofrimento de que necessitas para
reabilitar-te.
Exulta ante a oportunidade iluminativa e
faze-te exemplo de coragem para os demais, portadores de frágeis resistências morais.
Não reclames das ocorrências dolorosas, antes
agradece-as, porque te chegam diminuídas de intensidade como efeito dos novos
tesouros que estás conquistando.
Mediunidade é bênção. Frui-a com alegria,
ajudando sempre.
A existência terrena não constitui um passeio
ao país da fantasia, embora muitos desavisados assim a considerem.
Assume a responsabilidade de viver dentro dos
padrões educativos propostos pelas leis da evolução, colhendo os opimos frutos
da harmonia e do bem-estar.
Honrado pela oportunidade de ser operário
mediúnico na seara de Jesus, trabalha para corresponderes à expectativa,
permanecendo fiel até o fim da jornada, sem angústia nem aflição.
Psicografia
de Divaldo Franco do livro “Entrega-te a Deus”