Tema da semana
“Convidar os pobres
e os estropiados”
de 09/07/2012 a 15/07/2012
Hilário Silva
O professor Chaves,
pioneiro da Doutrina espírita, em Uberaba, Minas, foi procurado por
prestigioso amigo do campo social, que lhe falou sem rebuços:
- Chaves, agora desejo
doar duzentos contos para obras espíritas; entretanto, como você
não desconhece, tenho aspirações políticas desde muito tempo.
O distinto educador,
sumamente conhecido por sua virtuosa austeridade, guardava silêncio.
E o outro prosseguia:
- Já auxiliei
construções espíritas numerosas, mas tudo sem resultado. Tenho
apenas recebido ingratidões e mais ingratidões. É uma lástima. Em
toda parte, mentiras e mentiras. Queria, desse modo...
Como a reticência se
prolongasse, Chaves perguntou:
- Queria o que, meu
amigo?
- Desejava a sua palavra
empenhada, o apoio de seu prestígio diante dos espíritas, para que
me garantissem o voto.
- Nada posso fazer –
disse o professor, peremptório.
- Que é isso? – falou
o amigo, com ar de censura - você prometeu receber-me e atender ao
meu problema.
- Pensei que o senhor
estivesse tratando de caridade, mas o que francamente procura é a
realização de um negócio – disse Chaves, imperturbável.
- Que ideia! – falou o
visitante, desencantado. – Entrego duzentos contos, duzentos contos
de réis... Que é caridade, então?
Humilde e simples, o
professor explicou:
- Caridade é o amor de
Deus no coração humano. E esse amor, meu amigo, conforme nos ensina
o Espiritismo, não tem preço. Onde é que o senhor já viu alguém
pagar a luz do sol, a bênção do ar, o tesouro do verdadeiro amor
ou o espetáculo do céu estrelado?...
- Mas Chaves, disse o
outro -, isso é muita filosofia... O que eu desejo é fazer uma
dádiva...
Para vocês, espíritas,
o que vem a ser uma dádiva?
E o educador respondeu
sereno:
- Dádiva é o bem que a
gente faz sem esperar recompensa de coisa alguma.
O político, nervoso,
despediu-se e procurou distração num bilhar. E inquirido por alguns
correligionários quanto aos resultados da entrevista, deu primorosa
tacada e falou que o professor João Augusto Chaves não passava de
um louco.
Espírito: Hilário
Silva - Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
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