Tema da semana: “ESQUECIMENTO DO PASSADO” de 06/02/2012 a 12/02/2012
Momento espírita
O célebre filósofo Platão narra
que um pastor de nome “Er”, da região da Panfília, morreu e foi levado para o
reino dos mortos.
Ali chegando, encontra as almas
dos heróis gregos, de governantes, de artistas, de seus antepassados e amigos.
Ali, as almas contemplam a
verdade e possuem o conhecimento verdadeiro.
Er fica sabendo que todas as
almas renascem em outras vidas, para se purificarem de seus erros passados, até
que não precisem voltar à Terra, permanecendo na eternidade.
Antes de voltar ao nosso mundo,
as almas podem escolher a nova vida que terão.
Algumas escolhem a vida de rei,
outras a de guerreiro, outras a de comerciante rico, outras a de artista,
outras a de sábio.
No caminho de retorno à Terra, as
almas atravessam uma grande planície por onde corre um rio, o Lethé – que em
grego quer dizer esquecimento – e bebem suas águas.
As que bebem muito, esquecem toda
a verdade que contemplaram. As que bebem pouco, quase não se esquecem do que
conheceram.
As que escolheram vida de rei, de
guerreiro ou de comerciante rico, são as que mais bebem das águas do
esquecimento.
As que escolheram a sabedoria são
as que menos bebem.
Assim, as primeiras dificilmente
se lembrarão, na nova vida, da verdade que conheceram, enquanto as outras serão
capazes de lembrar e ter sabedoria, usando a razão.
A alegoria platônica nos dá
margem para muitas reflexões.
Primeiramente, percebemos claramente
a consciência do filósofo sobre a preexistência da alma, e sua conseqüente
imortalidade.
Em alguns outros textos do
pensador vamos encontrar esta verdade clara, conhecida através da razão.
Vemos também aqui retratado muito
bem o processo do esquecimento do passado.
A metáfora platônica se encaixa
com perfeição no pensamento espírita, quando nos fala que passamos por este
processo de esquecimento do passado, antes de entrarmos novamente na carne,
antes de reencarnarmos.
Allan Kardec, ao estudar com os
Espíritos este tema, recebe o seguinte comentário:
“Não temos, é certo, durante a
vida corpórea, lembrança exata do que fomos e do que fizemos em anteriores
existências.
Mas temos de tudo isso a
intuição, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado.”
Vemos, assim, que temos a
intuição dos objetivos que nos trazem aqui.
Porém, o conto platônico deixa
claro que são as atitudes dos homens na Terra, seus valores, seus objetivos,
seus desejos que os fazem mais ou menos acessíveis às verdades eternas.
Aqueles que escolhem atividades
que lhes incitam à vida sensual, ao materialismo, acabam por perder este
contato com a verdadeira vida, a vida do Espírito.
Conhecer, diz Platão, é recordar
a verdade que já existe em nós.
É despertar a razão para que ela
se exerça por si mesma.
Toda vez que nos dedicamos a
trabalhar o Espírito, que nos envolvemos em atividades que nos fazem crescer
moralmente, estamos permitindo o acesso às verdades maiores do Universo.
Amar e aprender são ações diárias
fundamentais.
Busquemos na intimidade de nossos
corações, e com o auxílio dos amigos espirituais, os objetivos específicos que
trouxemos para esta vida nova.
Busquemos a verdade...
Fonte: Redação do
Momento Espírita
Texto com base em trecho
da obra “República”, de Platão, livro
X, de 614b a 621b e no item 393, de “O livro dos espíritos”, de Allan Kardec,
ed. FEB.
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