Tema da semana
“Dai a César o que é de César”
de 11/06/2012 a 17/06/2012
Sylvio Walter Xavier
Os fariseus constituíam um importante
partido político-religioso entre os judeus, ao tempo de Jesus, e
cultivavam uma religiosidade de superfície, baseada em
exterioridades. O Evangelho os apresenta, em várias passagens, em
atitude hostil ao Mestre.
Indagado, certa feita, por eles, sobre
a obrigação de pagar imposto aos romanos, respondeu-lhes Jesus:
“Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. A
pergunta fora capciosa pois esse tributo era detestado em Israel e,
conforme a resposta de Jesus, esperavam os fariseus indispô-lo com a
autoridade romana (caso aconselhasse o não pagamento do imposto) ou
desacreditá-lo junto ao povo (caso recomendasse o pagamento). Com
aquela resposta Jesus surpreendeu e desorientou os astuciosos
interlocutores aproveitando ainda a oportunidade para dar um
ensinamento de caráter geral.
Devemos notar, desde logo, que não
foi estabelecida uma opção – ou a César ou a Deus – nem uma
sucessão: primeiro a um, depois ao outro. As recomendações são
simultâneas, ficando evidente que o Mestre não via
incompatibilidade entre as exigências da vida social e as diretrizes
religiosas, entre fé e cidadania.
Há, compreensivelmente, algumas
diferenças. César, a autoridade humana, estabelece leis e cobra
impostos, oferecendo, em troca, um conjunto de condições e serviços
necessários à existência material (hospitais, escolas, órgãos de
segurança, justiça etc). Deus, nosso Pai, nos oferece a vida para
que sejamos felizes, respeitando e promovendo a felicidade do
próximo.
César quase sempre impõe e o não
atendimento às suas determinações se faz acompanhar,
imediatamente, de medidas punitivas diversas. Deus propõe, convida à
livre adesão às Suas leis que, seguidas, nos felicitam com a
alegria e a paz e, desrespeitadas, quando permitimos a instalação
da desarmonia em nós mesmos, ainda assim, nos ajudam a sanar as
nossas deficiências, conduzindo-nos para a felicidade.
Dada a nossa posição evolutiva,
nunca foi tarefa simples – nem tampouco impossível – conciliar
as duas recomendações. No passado e ainda hoje parece aceitável
para muitos estabelecer uma compartimentação que permite buscar a
vantagem imediata no dia-a-dia, mesmo lesando interesses alheios e,
supostamente, atender a Deus comparecendo periodicamente a um templo,
para acompanhar prédicas e preces, fazendo, eventualmente, alguma
doação material. Não é isso, contudo, o que a religião
preconiza, sabendo-se, aliás, que as primeiras gerações cristãs
compunham-se de pessoas comuns, que tinham conduta social exemplar
vivenciando o amor a Deus e ao próximo, como recomendara o Mestre.
Comentando aquele ensinamento, observa
o Codificador, “Esse princípio é uma consequência daquele outro
que manda agir com os outros como quereríamos que os outros agissem
conosco. Condena todo prejuízo material e moral causado aos outros,
toda violação dos seus interesses... Estende-se ao cumprimento dos
deveres contraídos para com a família, a sociedade, a autoridade,
bem como para os indivíduos em geral.”
“O Evangelho segundo
o Espiritismo” (Cap. 11 - Itens 6 e 7).
Textos
do editorial “S.Xavier” do boletim SEI - Serviço Espírita de
Informações
SEI 1702, de 11/11/2000.
SEI 1702, de 11/11/2000.
Gostei do desenvolvimento desse texto, deixando de forma simples mas clara o que se deve entender da lei humana e da lei de Deus.
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