Tema
da semana:
“Candeia
sob o alqueire. Porque Jesus fala por parábolas”
de
07/05/2012 a 13/05/2012
Irmão
X
Diversos
aprendizes rodeavam o Senhor, em Cafarnaum, em discussão acesa, com
respeito ao poder da palavra, acentuando-lhe os bens e os males.
Propunham
alguns o verbo contundente para a regeneração do mundo, enquanto
outros preconizavam a frase branda e compreensiva.
Reparando
o tom de azedia nos companheiros irritadiços, o Mestre interferiu e
contou uma parábola simples.
-
Certa feita - narrou, com doçura -, o Gênio do Bem, atendendo à
prece de um lavrador de vida singela, emitiu um raio de luz e
insuflou-o sobre o coração dele, em forma de pequenina observação
carinhosa e estimulante, através de uma boca otimista. No peito do
modesto homem do campo, a fagulha acentuou-se, inflamando-lhe os
sentimentos mais elevados numa chama sublime de ideal do bem,
derramando-se para todas as pessoas que povoavam a paisagem.
Em
breve tempo, o raio minúsculo era uma fonte de claridade a criar
serviço edificante em todos os círculos do sitio abençoado; sob a
sua atuação permanente, os trigais cresceram com promessas mais
amplas e a vinha robusta anunciava abundância e alegria.
Converteu-se
o raio de luz em esperança e felicidade na alma dos lavradores e a
seara bem provida avançou, triunfal, do campo venturoso para todas
as regiões que o cercavam, à maneira de mensagem sublime de paz e
fartura.
Muita
gente acorreu àquele recanto risonho e calmo, tentando aprender a
ciência da produção fácil e primorosa e conduziu par as zonas
mais distantes os processos pacíficos de esforço e colaboração
que o lume da boa-vontade ali instalara no ânimo geral.
Ao
fim de alguns poucos anos, o raio de luz transformara-se numa época
de colheitas sadias para a tranqüilidade popular.
O
Mestre fez ligeiro intervalo e continuou:
-
Veio, porém, um dia em que o povo afortunado, orgulhando-se agora do
poderio obtido com o auxílio oculto, se esqueceu da gratidão que
devia à magnanimidade celeste e pretendeu humilhar uma nação
vizinha. Isso bastou para que grande brecha se abrisse à influência
do Gênio do Mal, que emitiu um estilete de treva sobre o coração
de uma pobre mulher do povo, por intermédio de uma boca maldizente.
A
infortunada criatura não mais sentiu a claridade interior da
harmonia e deixou que o traço de sombra se multiplicasse
indefinidamente em seu íntimo de mãe enceguecida... Logo após,
despejou a sua provisão de trevas, já transbordante, na alma de
dois filhos que trabalhavam num extenso vinhedo e ambos, envenenados
por pensamentos escuros de revolta, facilmente encontraram
companheiros dispostos a absorver-lhes os espinhos invisíveis de
indisciplina e maldade, incendiando vasta propriedade e empobrecendo
vários senhores de rebanhos e terras, dantes prósperos.
A
perversa iniciativa encontrou vários imitadores e, em tempo curto,
estabeleceram-se estéreis conflitos em todo o reino.
Administradores
e servos confiaram-se, desvairados, a duelo mortal, trazendo o
domínio da miséria que passou a imperar, detestada e cruel para
todos.
O
divino Amigo silencio por minutos longos e acrescentou:
-
Nesta parábola humilde, temos o símbolo da palavra preciosa e da
palavra infeliz. Uma frase de incentivo e bondade é um raio de luz,
suscetível de erguer uma nação inteira, mas uma sentença
perturbadora pode transportar todo um povo à ruína...
Pensou,
pensou e concluiu:
-
Estejamos certos de que se a luz devora as distancias, iluminando
tudo o que se lhe oferece à paisagem, a treva rola também,
enegrecendo o que vai encontrando. Em verdade, a ação é dos
braços, mas a direção vem sempre do pensamento, através da
língua. E sendo todo homem filho de Deus e herdeiro d´Ele, na
criação e na extensão da vida, ouça quem tiver “ouvidos de
ouvir”.
Do
livro “Contos a apólogos”.
Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
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