Tema da semana
“O
Dever”
de 30/04/2012 a 06/05/2012
Joanna de Ângelis
Em razão dos projetos fantasistas que se propõe, a criatura
humana estabelece,
normalmente, sua escala de valores prioritários, longe
da realidade
espiritual. Os impositivos
imediatos prevalecem nos seus conteúdos eleitos como aqueles que devem ser conquistados, fixando
as bases
do seu
comportamento
na busca
dessas realizações.
Embora reconheça a impermanência da vida física e de tudo quanto
lhe diz respeito, agarra-se à transitoriedade dos acontecimentos
e fenômenos,
buscando eternizá-los, no tempo
que se
transfere e nos espaços emocionais que se consomem, em razão das transformações inevitáveis do corpo somático.
Como consequência, esvai-se na
luta
constante pela preservação do
perecível, assim como no afã de manter-se em novas buscas, esquecendo-se
da realização
plena, que decorre da sua consciência lúcida constatando a conquista de si mesma.
Por atavismo, acredita
que a preservação
da espécie e a necessidade
de
manter os provimentos necessários para tal fim constituem os objetivos da existência na terra. E sem
mais amplas reflexões, automaticamente, entrega-se
à conquista de coisas
e valores amoedados, de projeção social e gozo
pessoal. As suas
áreas de movimentação
emocional são restritas, o que gera, com o tempo e a repetição, as graves neuroses que propelem
às fugas
espetaculares, aos conflitos, aos sofrimentos mais acerbos...
O
ser humano é aquilo
que
pensa, que de si mesmo elabora,
construindo, mediante o pensamento, a realidade da qual não logra evadir-se.
As sus
aspirações íntimas, com o tempo, concretizam-se e surpreendem-no, às vezes quando
já não
as acalenta,
pois
que há
um período para semear e outro que corresponde à colheita.
O êxito de um empreendimento
depende, por certo, do empenho que alguém se aplica para a sua execução. Todavia, o projeto, a
programação e o método de
trabalho são
indispensáveis para o tentame e a realização.
A ideia, pura e simples, necessita de
indumentária para
ser expressa,
e a forma como se
apresenta responde
pelas conquistas que produz.
Assim,
as palavras enunciadas não podem ser silenciadas,
prosseguindo na sua marcha. O que
realizam,
torna-se patrimônio
daquele que as endereçou.
A
consciência lúcida mantém-se vigilante, a
fim de não gerar conflitos
e sofrimentos para
si mesma
através dos
conceitos
infelizes emitidos e das ações perniciosas praticadas.
Conhecendo os deveres que lhe dizem respeito, amadurece as
responsabilidades, porquanto se utiliza
das ocasiões
propiciatórias para desenvolver mais os potenciais que lhe jazem inatos, ampliando a área de percepção.
A consciência
do dever
não é resultado dos arquétipos mitológicos, e sim, das conquistas morais que promovem
a criatura, libertando-a dos instintos agressivos, da libido, das paixões asselvajadas.
Pode-se medir o estágio de evolução do
ser pela sua consciência
de dever. A ausência
dela indica-lhe
o primarismo, mesmo que haja realizado conquistas
intelectuais, enquanto que a sua manifestação revela todo o processo de armazenamento de valores ético-morais.
Faze da tua existência terrestre um patrimônio de eternas
bênçãos.
A morigeração, a equanimidade, o dever
lúcido, marcharão contigo, proporcionando-te estímulo e mais conquistas, sem que o cansaço, o tédio e a amargura
encontrem pouso em teus sentimentos e disposições.
Cada dificuldade e problema se te revelarão desafios e, se por acaso malograres, toma a atitude
de
Santo Agostinho, conforme
declara em bela comunicação em
“O Livro dos Espíritos”, nos comentários à questão 919:
–
Fazei o que eu fazia, quando vivi na terra: ao fim do dia, interrogava a minha
consciência, passava revista ao
que fizera
e perguntava a mim mesmo se não
faltara a algum dever,
se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma.
Psicografia
de Divaldo Franco do livro Momentos de Consciência
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