Tema da semana: “Ajuda-te e o Céu te ajudará”, de 02/01/2012
a 08/01/2012.
Allan Kardec
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
AJUDA – TE A TI MESMO,
QUE O CÉU TE AJUDARÁ.
1. Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à
porta e se vos abrirá; porquanto, quem pede recebe e quem procura acha e,
àquele que bata à porta, abrir-se-á.
Qual o
homem, dentre vós, que dá uma pedra ao filho que lhe pede pão? – Ou, se pedir um
peixe, dar-lhe-á uma serpente? – Ora, se, sendo maus como sois, sabeis dar boas
coisas aos vossos filhos, não é lógico que, com mais forte razão, vosso Pai que
está nos céus dê os bens verdadeiros aos que lhos pedirem? (S. M ATEUS, 7:7 a
11.)
2. Do ponto de vista terreno, a máxima: Buscai e
achareis é análoga a esta outra: Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho e, por
conseguinte, da lei do progresso, porquanto o progresso é filho do trabalho, visto
que este põe em ação as forças da inteligência.
Na
infância da Humanidade, o homem só aplica a inteligência à cata do alimento,
dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos seus inimigos.
Deus, porém, lhe deu, a mais do que outorgou ao animal, o desejo incessante do
melhor, e é esse desejo que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua
posição, que o leva às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da
Ciência, porquanto é a Ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Pelas suas
pesquisas, inteligência se lhe engrandece, o moral se lhe depura. Às necessidades
do corpo sucedem as do espírito: depois do alimento material, precisa ele do
alimento espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização.
Mas,
bem pouca coisa é, imperceptível mesmo, em grande número deles, o progresso que
cada um realiza individualmente no curso da vida. Como poderia então progredir a
Humanidade, sem a preexistência e a reexistência da alma? Se as almas se fossem
todos os dias, para não mais voltarem, a Humanidade se renovaria
incessantemente com os elementos primitivos, tendo de fazer tudo, de aprender
tudo. Não haveria, nesse caso, razão para que o homem se achasse hoje mais
adiantado do que nas primeiras idades do mundo, uma vez que a cada nascimento
todo o trabalho intelectual teria de recomeçar. Ao contrário, voltando com o
progresso que já realizou e adquirindo de cada vez alguma coisa a mais, a alma
passa gradualmente da barbárie à civilização material e desta à civilização
moral. (Vede: cap. IV, nº 17.)
3. Se
Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam
atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito
teria permanecido na infância, no estado de instinto animal. Por isso é que lhe
fez do trabalho uma necessidade e lhe disse: Procura e acharás; trabalha e
produzirás. Dessa maneira serás filho
das tuas obras, terás delas o mérito e serás recompensado de acordo com o que
hajas feito.
4. Em
virtude desse princípio é que os Espíritos não acorrem a poupar o homem ao
trabalho das pesquisas, trazendo-lhe, já feitas e prontas a ser utilizadas,
descobertas e invenções, de modo a não ter ele mais do que tomar o que lhe
ponham nas mãos, sem o incômodo, sequer, de abaixar-se para apanhar, nem mesmo
o de pensar. Se assim fosse, o mais preguiçoso poderia enriquecer-se e o mais ignorante
tornar-se sábio à custa de nada e ambos se atribuírem o mérito do que não
fizeram. Não, os Espíritos não vêm isentar o homem da lei do trabalho: vêm
unicamente mostrar-lhe a meta que lhe cumpre atingir e o caminho que a ela
conduz, dizendo-lhe: Anda e chegarás. Toparás com pedras; olha e afasta-as tu
mesmo. Nós te daremos a força necessária, se a quiseres empregar. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXVI,
nos 291 e seguintes).
5. Do
ponto de vista moral, essas palavras de Jesus significam: Pedi a luz que vos
clareie o caminho e ela vos será dada; pedi forças para resistirdes ao mal e as
tereis; pedi a assistência dos bons Espíritos e eles virão acompanhar-vos e,
como o anjo de Tobias, vos guiarão; pedi bons conselhos e eles não vos serão
jamais recusados; batei à nossa porta e ela se vos abrirá; mas, pedi
sinceramente, com fé, confiança e fervor; apresentai-vos com humildade e não
com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças e as quedas que derdes serão o castigo
do vosso orgulho.
Tal o
sentido das palavras: buscai e achareis; batei e abrisse-vos à.
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