Tema
da semana
“Perda
de pessoas amadas. Mortes prematuras”
12/08/2013
a 18/08/2013
Irmão
X
Anos
a fio gastou Pasteur na preparação da vacina contra a raiva. O
grande sábio observava camponeses e citadinos vitimados pela
hidrofobia e, aliando à perseverança o trabalho, venceu o flagelo,
convertendo-se em benfeitor da Humanidade. Edison lutou contra a
velha iluminação a gás, a fim de expulsar efetivamente as sombras
noturnas. Suou, esforçou-se, sofreu decepções e desenganos; muita
vez conheceu a iminência do soçobro de seus ideais. Contudo,
terminou a batalha, conquistando a lâmpada incandescente, que
transformou as cidades terrestres em paraísos de luz.
A
história das grandes missões de benemerência no mundo está
repleta de sofrimentos e desilusões. Não raro, torturam-se os
missionários, quando não se pode consumi-los pelo fogo. Onde,
porém, a conquista evolutiva se torna mais difícil e dolorosa é
justamente no setor da renovação íntima, espiritual. A vaidade
humana fez da religião um terreno proibido, onde toda expressão
progressista se efetua ao preço de dobradas angústias. A Ciência e
a Filosofia, sem dúvida, possuem os seus mártires. No entanto, em
suas escolas há sempre lugar para os trabalhos de aperfeiçoamento e
renovação. Seus benfeitores, na maioria das vezes, são objeto de
críticas acerbas que não passam, quase sempre, de ironias verbais
ou do ostracismo na classe a que pertencem, mas, no campo religioso,
os movimentos de perseguição caracterizam-se por condenável
insânia.
Não
fosse o aprimoramento judiciário do mundo, não tivéssemos a
sociologia inspirando tribunais e juízes, na vanguarda do direito, e
talvez prosseguisse a matança religiosa, decorrente dos processos
inquisitoriais. Basta que o estudante da verdade aviste pequenino
detalhe do mapa da vida eterna para que milhares de sacerdotes e
autoridades supostas infalíveis se convertam nos instrumentos de
maldição.
É
preciso muita coragem moral para não sucumbir aos golpes da guerra
sistemática, movida na sombra.
Para
não nos referirmos, fastidiosamente, aos mártires inúmeros da fé,
que tombaram nas perseguições de todas as épocas, recordemo-nos
tão só de Giordano Bruno. O eminente filósofo italiano, que
convivera com o pensamento de Pitágoras e Plotino, desde a meninice,
assombrando os clérigos do convento de dominicanos, a que se
recolhera na preparação do seu ministério de renovação
religiosa, desprezou as resoluções dos concílios, cristalizadas em
dogmas aviltantes, para ensinar o caminho da nova era. Através de
salões e universidades, tribunas e praças públicas, afirma Bruno
que o Universo é ilimitado, que a Terra não é o centro da vida,
mas humilde dependência no concerto glorioso dos mundos que rolam,
inumeráveis, no plano universal. Esclarece que o Sol não é um
corpo errante, entre as nuvens, com a simples função de aclarar a
superfície planetária e sim a gigantesca sede de globos diversos,
que lhe recebem o poderoso influxo renovador. Explica que a vida é
infinita e se encarna, através de infinitas formas, em todos os
lugares. Exalta a grandeza da existência posta ao serviço do bem e
da verdade, glorificando, em tudo, a universalidade divina. Mas os
sacerdotes da convenção estabelecida não toleram o herói e, no
dia 17 de fevereiro de 1600, seu corpo foi reduzido a cinzas, em
Roma, numa fogueira acesa pelo sectarismo intransigente. Assegura um
de seus historiadores que as chamas que lhe destruíram o corpo foram
os primeiros sinais da aurora dos tempos modernos.
Não
nos referimos, porém, a isso, como quem pretende encetar novos
movimentos de discussão. Para dificultar o acesso das almas à Fonte
da Revelação Divina, bastam as polêmicas insidiosas dos homens,
despreocupados da responsabilidade que assumem pelo que dizem.
Apenas
reafirmamos, do plano espiritual, a nossa plataforma de serviço, na
luta contra a morte.
Nos
mais remotos recantos do globo surgem raios divinos da luz imortal,
dentro da espessa noite da ignorância, destruindo as antigas
muralhas de incompreensão que sitiam a inteligência das criaturas.
O sacerdócio organizado, porém, não nos tolera as manifestações
tendentes a efetuar a renovação religiosa do mundo. E porque não
nos pode subtrair agora à liberdade que respiramos noutras
dimensões, institui a represália fria e silenciosa contra os nossos
companheiros mais corajosos que ainda envergam a túnica de carne nas
atividades terrenas. O Santo Ofício desapareceu, mas ficaram a
ironia e o ridículo, a animosidade gratuita e a guerra sem
declaração.
Apesar
de tudo isso, porém, continuaremos em nossa obra de liberação da
mente humana.
Nossos
adversários do sectarismo religioso recordam o nome do Cristo,
amparando-se nele para sustentar as posições políticas e sociais
que retêm, a pretexto de manter o prestígio da religião. Suscitam
escândalos, reclamam repressões, mobilizam contra nós os órgãos
do poder temporal. Como, porém, instituir oposição ao realismo da
vida eterna, se a verdade é o terreno legal do Universo? Em nome de
Jesus, recorrem à injúria e à condenação, mas se esquecem de que
o Mestre, além das lições da Manjedoura, do Templo, do Tabor, do
Getsemani e do Gólgota, deixou-nos também o ensinamento do Túmulo
Vazio.
Que
eles, os sacerdotes cristalizados nas afirmativas dogmáticas,
prossigam em seu ministério de condutores; colherão sempre o bem
toda vez que atenderem ao serviço da iluminação coletiva, em
obediência aos deveres que lhes competem. Quanto a nós, os
desencarnados, continuaremos a campanha do Túmulo Vazio. Que eles
procurem, de fato, honrar a vida, porque nós, desprezando todos os
obstáculos, venceremos na gigantesca luta contra a morte!
Livro
“Lázaro Redivivo”. Psicografia de Francisco Cândido Xavier
DESPEDIDA
NA MORTE
Boris
Freire
Não
sei, na separação,
Onde a
dor mais se complica,
Se ao
lado de quem se vai,
Se na
estrada de quem fica...
Psicografia
de Chico Xavier
Do livro
Sorrir e Pensar
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