Alberto
Almeida
Pergunta:
“Têm sexo os espíritos?”
Resposta:
“Não como entendeis, pois que os sexos dependem de uma
organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na
concordância dos sentimentos”.
(O
Livro dos Espíritos, questão 200)
Entre
as forças mais poderosas por nós conhecidas está a força sexual
inerente à natureza, manifesta em todos os reinos da criação
universal, desde o mineral até as culminâncias angelicais, em
inabordáveis expressões.
O
princípio espiritual, desde o início da sua caminhada evolutiva,
traz a sexualidade manifesta em nível muito primário, até alcançar
as dimensões mais complexas, quando o princípio anímico passa a se
constituir Espírito, na sua simplicidade e na sua ignorância, ao
despontar no reino hominal, agora apresentando uma sexualidade
revestida de nova demanda de expressão, em face da nova posição
evolutiva em que se encontra.
A
energia sexual, então, embute no ser humano primitivo as
características ancestrais conquistadas cumulativamente, tendo no
instinto animal a sua última aquisição ainda a reger sua dinâmica
existencial, mormente nas faixas mais primárias do seu
desenvolvimento quando, de modo muito sutil, desabrocham as novas
possibilidades que irão compor, com o tempo, a configuração do
homem atual.
A
sexualidade no espírito encarnado, mediado pela gratificação de
que se reveste, tem como funções a reprodução, a troca de
energias magnéticas entre os parceiros e a canalização do
potencial criativo para outras finalidades superiores, quais as
construções de obras da cultura, da arte, da assistência, da
ciência, etc., com vista ao progresso infinito.
O
amor é o penhor de garantia para o exercício de uma sexualidade
centrado no equilíbrio e na harmonia.
Cabe
ao amor assegurar a sustentação da energia sexual mantendo a
ecologia intrapessoal e interpessoal, grupal e planetária,
propiciadora de paz.
Desta
feita, caso o amor não tome parte regendo o sexo, surgem,
invariavelmente, várias perturbações que vão desde as alterações
orgânicas até os transtornos psiquiátricos, incluindo os
distúrbios socioemocionais e os processos obsessivos.
Portanto,
com ausência de amorosidade, surgem:
1)
Uma gratificação sexual centrada no gozo fisiológico propriamente
dito, incitando o indivíduo a buscar relações para descarga de sua
pulsão libidinosa, transformando suas reações em encontros
meramente sexuais, cujo prazer se adstringe ao sexo de superfície;
surge daí uma busca por compensação com relações diversificadas
e/ou com aumento da frequência de cópulas, tentando-se, desse modo,
contrabalançar a ausência de qualidade na gratificação
afetivo-sexual por meio da quantidade de atos e/ou de parceiros
sexuais.
2)
Uma reprodução tipificada pela paternidade e maternidade
irresponsável; ou então, a criminalização da própria existência
quando a gravidez recebe um endereçamento pelas vias do lamentável
aborto delituoso.
3)
Uma união sexual com desperdício energético pela descarga
libidinal, sem que haja a permuta magnética entre os parceiros da
conjugação carnal, em face da ausência de compromisso afetivo,
condenando o relacionamento à morte, pois que se reduz a uma
interação estritamente corpórea, sem horizonte para evolução do
acasalamento.
4)
Um empobrecimento na utilização da canalização da energia
criativa, pela escassez de amorosidade banalizando seu
direcionamento, e ficando, muitas vezes, como rio caudaloso, sem o
controle de uma usina moral, a promover enchentes e calamidades
morais de consequências imprevisíveis para todos os que são
alcançados pela sua inundação.
Entretanto,
quando o amor está presente, conectado às funções da energia
sexual, surgem:
1)
Uma gratificação sexual que excede a de natureza fisiológica sem
excluí-la, de vez que contempla prazer emocional, intelectual,
espiritual, etc., transformando o relacionamento em interação
plenificante; isto porque a pulsão sexual está inserida numa
perspectiva de ecologia global do ser, configurando uma sexualidade
de profundidade regida por valores ético-morais, plena de
gratificações. Pela qualidade de que se reveste, inclina-se para
uma configuração de fidelidade natural à monogamia.
2)
Uma reprodução responsável, com assunção da paternidade e da
maternidade, e com absoluta rejeição da prática criminosa do
abortamento como forma de lidar com o produto da concepção.
3)
Uma comunhão afetivo-sexual, com ampla troca de forças magnéticas
como alimento em regime de reciprocidade, assegurando a sustentação
do equilíbrio e da evolução crescente do relacionamento de
acasalamento.
4)
Uma adequada canalização das forças eróticas – quando
experimenta a ausência de conjugação sexual direcionada para
outras formas criativas de vida, caracterizadas pela produção do
bem, do belo, do bom..., com vastas contribuições para a
Humanidade.
Importante
considerar que o sexo sem amor é mero impulso instintual
constituindo o macho e a fêmea, destituído de valores intelecto
morais como categorias que demarcam um novo estágio de manifestação
do princípio espiritual, compondo o homem e a mulher como espíritos
reencarnados, de modo a dar prevalência aos ascendentes de sua
natureza espiritual sobre os de natureza animal que ainda carregam.
Muitos
julgam está amando porque detêm um bom desempenho sexual; todavia,
em não havendo amor, experimentam o enfado e a carência como quem
esteja sentindo muita sede, não obstante estar tomando muita água...
Porém, salgada!
Inúmeras
pessoas tentam preencher as lacunas amorosas deixadas por figuras
representativas de sua história infantil, mormente pai e mãe, por
meio do sexo propriamente dito. Destarte, fixam-se em seus parceiros
conjugais em processos de transferência psicológica, sem aquilatar,
efetivamente, o quanto amam de fato aqueles aos quais se vinculam
sexualmente pelo acasalamento.
Incontáveis
indivíduos, julgando amar, tão somente buscam sua afirmação de
gênero, procurando por meio da relação sexual, assegurar sua
virilidade ou feminilidade, na tentativa de dissolver algum conflito
da infância, quando foi colocada em cheque sua identidade sexual.
Incalculáveis
almas cedem aos apelos sexuais na ânsia de suprir suas carências
afetivas, sem que isto se constitua em solução; ao contrário,
agravam suas demandas interiores, em face de seus parceiros de
encontros eróticos comparecerem com uma sexualidade, às vezes,
intensa, entretanto, destituída de qualquer amorosidade.
Várias
pessoas procuram o sexo propriamente dito como a única fonte de
prazer que se encontra disponível, sobretudo nas classes
socioeconômicas mais despossuídas. Sucede, também, que,
experimentando o gozo erótico, pensam está vivenciando o amor.
Frequentes
espíritos guardam dificuldades de fidelizar o sexo ao amor, em face
de terem vivido reencarnações repetidas alimentando
condicionamentos poligâmicos em ambientes e culturas que estimulavam
semelhantes procedimentos.
Afinal,
quantas outras situações despontam no cotidiano comunicando uma
fragmentação entre a sexualidade e o amor e determinando uma
fragmentação entre a sexualidade e o amor e determinando um
exercício da libido de maneira disfuncional, senão patológica, que
agrava o sofrimento das almas sequiosas de plenitude amorosa.
Sexualidade
é departamento do espírito, que não se situa numa parte do corpo,
muito embora possa se expressar pelo aparelho genital. Contudo, mesmo
quando genitalizada, precisa do balizamento de uma ética amorosa,
sob pena de, ainda que produza gozo, vir a se transformar em pulsão
de angústia e de vazio, de conflitos e sofrimentos, de compulsões e
de transtornos diversos, contaminando a rede de relações afetivas
em todas as direções.
No
entanto, caso o amor guie a energia sexual, estabelece-se a
harmonização e a plenificação do ser, exteriorizando felicidade
e evolução, quando e onde o espírito esteja.
E,
caso esta vida reflita o mau manejo da libido no passado
reencarnatório, pela presença de dores ou de limitações, de
exacerbações ou de falhas, de distúrbios emocionais ou de
transtornos psiquiátricos, o amanhã será o futuro abençoado de
realizações e de (re)encontros promissores, se a ética do amor
sustentar o seu curso na atual existência corpórea.
“Mestre,
esta mulher foi apanhada, em flagrante, adulterando. Na Lei, nos
ordenou Moisés serem apedrejadas tais mulheres. Portanto, que dizes
tu?”
“(...)Jesus(...)
lhes disse: Quem dentre vós estiver sem pecado atire sobre ela a
primeira pedra.”
(João,
8:4, 5 e 7)
Do
livro “O amor pede passagem”
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