Joanna de Ângelis
Ao invés de constituir-se privilégio de que
desfrutam alguns indivíduos, a mediunidade é vigoroso instrumento de trabalho,
que deve ser utilizado com probidade e elevação, a fim de que lobrigue o mister
a que se destina.
Possuindo finalidades específicas, quais
demonstrar a imortalidade do Espírito, contribuir terapeuticamente para a saúde
espiritual, desvelar a realidade do mundo extrafísico, lenir exulcerações
morais, consolar corações e iluminar mentes, a mediunidade representa valioso
contributo da vida, auxiliando os transeuntes da jornada carnal, para que
encontrem o rumo da felicidade.
Utilizada com equilíbrio, conforme as sadias
diretrizes propostas pelo Espiritismo, faculta o desenvolvimento ético-moral do
ser e da sociedade na qual ele se encontra, promovendo o progresso intelectual
e filosófico com vistas à aquisição de um sentido libertador dos miasmas e
atavismos ancestrais que permanecem dificultando a ascensão humana.
Por consequência, o exercício da mediunidade
convida à reflexão e ao espírito de serviço em favor das demais pessoas.
Constituindo recurso auto-iluminativo, impõe
disciplinas austeras e comportamentos severos em relação ao seu uso e à
aplicação das suas energias.
É natural, portanto, que não deva ser
utilizada com leviandade ou para divertimento dos frívolos.
Certamente, quando mal direcionada, permanece
facultando o comércio inferior com as Entidades perversas e mistificadoras, do
mesmo teor moral daquele que a possui.
Aplicada condignamente, produz estados de
êxtase superior, não impedindo, todavia, que o seu instrumento experimente
aflição, expurgando os erros dantanho e os delitos que ficaram na retaguarda,
pesando negativamente no seu processo de elevação.
Assim sendo, o martírio que acompanha alguns
medianeiros abnegados, faz-se-lhes bênção de inapreciável significado, graças
ao qual, se engrandecem e se iluminam.
Isenta de qualificação moral, a faculdade em
si mesma se identifica com as faixas vibratórias nas quais sincroniza a mente
do seu portador.
Colocada a serviço de Jesus, aureola-se de
peregrina luz que espanca as sombras do primarismo e aponta o porto que deve
ser alcançado.
Santo Antão, nos primórdios do Cristianismo,
meditando no monte Pispir, em pleno deserto, era perseguido por Espíritos
malévolos que tentavam desorientá-lo.
Hildegarda de Bingen, a extraordinária
mística alemã, embora refugiada no monastério para manter-se em perfeita
identificação com Jesus e Sua doutrina, não conseguiu eximir-se às ações
doentias dos desencarnados em profunda perturbação.
Santo Antônio de Pádua, seráfico e
sacrificado, era visitado pelos inimigos espirituais do Cristo que tentavam
molestá-lo e atormentá-lo.
Ermance Dufaux, a abnegada médium de Joanna
d’Arc e de São Luiz de França, que tanto cooperou com o eminente mestre Allan
Kardec, sofreu apodos e foi tida como psicopata.
O ministério mediúnico é sempre acompanhado
de testemunhos e de sacrifícios.
Não foram poucos aqueles que a impiedade e o
fanatismo religioso levaram à fogueira, à infâmia, ao suplício impenitente,
negando-lhes o direito a qualquer defesa.
O martírio, de uma ou de outra forma, sempre
tem assinalado o labor de todo aquele que se entrega ao Mestre crucificado,
Médium que também o foi de Deus.
Bendizes as dores que te alcançam e dilaceram
as fibras da alma.
Não apenas aquelas que são impostas pela
insensibilidade humana ou gratuita perseguição de outros.
Mas, aos estados íntimos que te amarguram e
desorientam.
Alegra-te com a oportunidade de crescer
interiormente, enquanto auxilias a quantos se te acercam.
O sarçal e os pedrouços do teu caminho após
percorridos, abrir-se-ão em flores e atapetarão o solo por onde passarão outros
pés, após os haveres transformado pela tua bondade e compaixão.
Não te recalcitres contra o aguilhão da dor,
dificultando a própria liberdade.
Utiliza-te das tuas forças mediúnicas para
gerar simpatia, recuperar vidas e resgatar danosos comportamentos, adquirindo
alegria de viver por todo o bem que possas fazer, ou por facultar aos
Benfeitores da Humanidade as realizações dignificantes por teu intermédio.
Psicografia
de Divaldo Franco
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