Tema da semana
“O que é preciso
para ser salvo. Parábola do bom samaritano”
de 05/11/2012 a
11/11/2012
Allan
Kardec
1.
Ora, quando o filho do homem vier em sua majestade, acompanhado de
todos os anjos, sentar-se-á no trono de sua glória; - reunidas
diante dele todas as nações, separará uns dos outros, como o
pastor separa dos bodes as ovelhas, - e colocará as ovelhas à sua
direita e os bodes à sua esquerda.
Então,
dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: vinde, benditos de meu
Pai, tomai posse do reino que vos foi preparado desde o princípio do
mundo; - porquanto, tive fome e me destes de comer; tive sede e me
destes de beber; careci de teto e me hospedastes; - estive nu e me
vestistes; achei-me doente e me visitastes; estive preso e me fostes
ver.
Então,
responder-lhe-ão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome
e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? - Quando foi
que te vimos sem teto e te hospedamos; ou despido e te vestimos? - E
quando foi que te soubemos doente ou preso e fomos visitar-te? - O
Rei lhes responderá: Em verdade vos digo, todas as vezes que isso
fizestes a um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim
mesmo que o fizestes.
Dirá
em seguida aos que estiverem à sua esquerda: Afastai-vos de mim,
malditos; ide para o fogo eterno, que foi preparado para o diabo e
seus anjos; - porquanto, tive fome e não me destes de comer, tive
sede e não me destes de beber; precisei de teto e não me
agasalhastes; estive sem roupa e não me vestistes; estive doente e
no cárcere e não me visitastes.
Também
eles replicarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome e não te
demos de comer, com sede e não te demos de beber, sem teto ou sem
roupa, doente ou preso e não te assistimos? - Ele então lhes
responderá: Em verdade vos digo: todas a vezes que faltastes com a
assistência a um destes mais pequenos, deixastes de tê-la para comigo mesmo.
E
esses irão para o suplício eterno, e os justos para a vida eterna.
(S. MATEUS, cap. XXV, vv. 31 a 46.)
2.
Então, levantando-se, disse-lhe um doutor da lei, para o tentar:
Mestre, que preciso fazer para possuir a vida eterna? - Respondeu-lhe
Jesus: Que é o que está escrito na lei? Que é o que lês nela? -
Ele respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda
a tua alma, com todas as tuas forças e de todo o teu espírito, e a
teu próximo como a ti mesmo. - Disse-lhe Jesus: Respondeste muito
bem; faze isso e viverás.
Mas,
o homem, querendo parecer que era um justo, diz a Jesus: Quem é o
meu próximo? - Jesus, tomando a palavra, lhe diz: Um homem, que
descia de Jerusalém para Jericó, caiu em poder de ladrões, que o
despojaram, cobriram de ferimentos e se foram, deixando-o semimorto.
- Aconteceu em seguida que um sacerdote, descendo pelo mesmo caminho,
o viu e passou adiante. - Um levita, que também veio àquele lugar,
tendo-o observado, passou igualmente adiante. - Mas, um samaritano
que viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o
visto, foi tocado de compaixão. - Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo
e vinho nas feridas e as pensou; depois, pondo-o no seu cavalo,
levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. - No dia seguinte tirou dois
denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata muito bem deste
homem e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando
regressar.
Qual
desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em
poder dos ladrões?- O doutor respondeu: Aquele que usou de
misericórdia para com ele. - Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo.
(S. LUCAS, cap. X, vv. 25 a 37.)
3.
Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é,
nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os
seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que
conduzem à eterna felicidade: Bem aventurados, disse, os pobres de
espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus;
bem-aventurados os que têm puro o coração; bem aventurados os que
são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são
misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos
outros o que quereríeis vos fizessem; amai os vossos inimigos;
perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem
ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros.
Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar e o de que
dá, ele próprio, o exemplo.
Orgulho
e egoísmo, eis o que não se cansa de combater. E não se limita a
recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos explícitos
como condição absoluta da felicidade futura.
No
quadro que traçou do juízo final, deve-se, como em muitas outras
coisas, separar o que é apenas figura, alegoria. A homens como os a
quem falava, ainda incapazes de compreender as questões puramente
espirituais, tinha ele de apresentar imagens materiais chocantes e
próprias a impressionar. Para melhor apreenderem o que dizia, tinha
mesmo de não se afastar muito das ideias correntes, quanto à forma,
reservando sempre ao porvir a verdadeira interpretação de suas
palavras e dos pontos sobre os quais não podia explicar-se
claramente. Mas, ao lado da parte acessória ou figurada do quadro,
há uma ideia dominante: a da felicidade reservada ao justo e da
infelicidade que espera o mau.
Naquele
julgamento supremo, quais os considerandos da sentença? Sobre que se
baseia o libelo? Pergunta, porventura, o juiz se o inquirido
preencheu tal ou qual formalidade, se observou mais ou menos tal ou
qual prática exterior? Não; inquire tão somente de uma coisa: se a
caridade foi praticada, e se pronuncia assim: Passai à direita, vós
que assististes os vossos irmãos; passai à esquerda, vós que
fostes duros para com eles. Informa-se, por acaso, da ortodoxia da
fé? Faz qualquer distinção entre o que crê de um modo e o que cru
de outro'? Não, pois Jesus coloca o samaritano, considerado
herético, mas que pratica o amor do próximo, acima do ortodoxo que
falta com a caridade.
Não
considera, portanto, a caridade apenas como uma das condições para
a salvação, mas como a condição única. Se outras houvesse a
serem preenchidas, ele as teria declinado. Desde que coloca a
caridade em primeiro lugar, é que ela implicitamente abrange todas
as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência,
a justiça, etc., e porque é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo.
---
Elemento
A
paciência e a resignação com sacrifício,
a
caridade exercida constantemente, a fé
que
nunca desanima e o aprendizado que
se
amplia sempre são o elementos com
que
nossa alma tece a casa nova da
espiritualidade
superior .
Isabel
Campos
Do
livro “Dicionário da alma”.
Psicografia
de “Francisco Cândido Xavier”.
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