Tema da semana
“Perdoai, para que
Deus vos perdoe”
de 06/08/2012 a
12/08/2012
Perdoai, para que Deus
vos perdoe
Allan kardec
1.
Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão
misericórdia. (S. MATEUS, cap. V, v. 7.)
2.
Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós,
também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; - mas, se não
perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial
também não vos perdoará os pecados. (S. MATEUS, cap. VI, vv. 14 e
15.)
3.
Se contra vós pecou
vosso irmão, ide fazer-lhe
sentir a falta em
particular, a sós com ele; se vos atender,
tereis ganho o vosso irmão. - Então, aproximando-se dele, disse-lhe
Pedro: "Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando
houver pecado contra mim? Até
sete vezes?" -
Respondeu-lhe Jesus: “Não
vos digo que perdoeis
até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes." (S.
MATEUS, cap. XVIII, vv. 15, 21 e 22.)
4.
A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que
não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela
consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor
denotam alma sem elevação, nem grandeza. O esquecimento das
ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que
lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria
suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e
caridade.
Ai
daquele que diz: nunca perdoarei. Esse, se não for condenado pelos
homens, sê-lo- á por Deus. Com que direito reclamaria ele o perdão
de suas próprias faltas, se não perdoa as dos outros? Jesus nos
ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que cada
um perdoe ao seu irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete
vezes.
Há,
porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre,
verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com
delicadeza, ferir o amor- próprio e a suscetibilidade do adversário,
ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda
é a em que o ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro
condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que
irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz
com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda
gente: vede como sou generoso! Nessas circunstâncias, é
impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não
há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho.
Em toda contenda, aquele que se mostra mais conciliador, que
demonstra mais desinteresse, caridade e verdadeira grandeza d'alma
granjeará sempre a simpatia das pessoas imparciais.
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