Tema da semana
“Fobias”
De 07/10/2013 a 13/10/2013
Joanna de Ângelis
Pressionado pelas
constrições
de
vária ordem, exceção feita aos fenômenos patológicos, na área da personalidade, o indivíduo tímido,
desistindo de reagir, assume comportamentos fóbicos.
Neuroses e psicoses se lhe manifestam, atormentando-o e gerando lhe um
clima
de pesadelo onde quer que se encontre.
A liberdade, que lhe é de fundamental importância para a vida, perde o seu
significado
externo, face às prisões sem paredes que são erguidas,
nelas encarcerando-se.
Da melancolia profunda ele passa à ansiedade, com alternâncias de
insatisfação e tentativas de autodestruição,
e da desconfiança
sistemática tomba, por falta de resistências morais, diante dos insucessos banais da
existência.
Nem
mesmo o êxito nos negócios, na vida social e familiar, consegue minimizar lhe
o desequilíbrio que, muitas vezes, aumenta, em razão de já não lhe sendo necessário
fazer maiores esforços para conseguir,
considera-se sem finalidade que justifique prosseguir.
Os estados fóbicos desgastam lhe os nervos e conduzem-no às depressões profundas. São vários estes fenômenos no comportamento humano.
Surge, porém, no momento, um que se generaliza,
a pouco e pouco, o denominado como fobia social, graças ao qual, o indivíduo começa a detestar o
convívio com as demais pessoas, retraindo-se, isolando-se.
A princípio, apresenta-se como forma de mal-estar, depois, como insegurança,
quando o homem é conduzido a enfrentar um grupo social ou o
público que lhe aguarda a presença, a palavra.
O grau de ansiedade foge-lhe ao controle, estabelecendo conflitos
psicológicos perturbadores.
A ansiedade comedida é fenômeno perfeitamente
natural, resultante da expectativa ante o inusitado, face ao trabalho a ser desenvolvido, diante da ação que deve ser aplicada como investimento
de conquista, sem que isto provoque desarmonia interior com reflexos físicos negativos.
Quando, então, se revela, desencadeada
por
problemas de somenos importância, produzindo taquicardias, sudorese álgida, tremores contínuos, estão ultrapassados os limites do equilíbrio, tornando-se patológica.
A fobia social impede uma leitura em voz alta, uma assinatura diante de
alguém que acompanhe o gesto, segurar um talher para uma refeição, pegar
um vaso com líquido sem o entornar... O paciente, nesses casos, tem a impressão de que está sob severa observação e análise dos outros, passando a detestar as presenças estranhas até os familiares e amigos mais íntimos.
Em algumas circunstâncias, quando o processo se encontra
em instalação, a concentração e o esforço para superar
o impedimento auxiliam-no,
facultando-o
somente relaxar-se e adquirir naturalidade após constatar que
ninguém o observa, perdendo, assim, o prazer do diálogo, face à tensão gerada pelo problema.
A tendência natural do portador de fobia social é fugir, ocultar-se malbaratando o dom da existência, vitimado pela ansiedade e pelo medo.
O homem é o único animal ético existente.
Para adquirir a condição de uma consciência ética é convidado a desafios
contínuos,
graças aos quais discerne o bem do mal, o belo do feio, o lógico do
absurdo, imprimindo-se um comportamento que corresponda ao seu grau de
compreensão existencial.
Aprofundando-se no exame dos valores, distingue-os. passando a viver conforme os padrões que estabelece como indispensáveis
às
metas que persegue, porquanto pretende constituir lhe a felicidade.
A fim de lograr o domínio desses legítimos
valores, aplica outra das suas características essenciais, que é o de ser um animal biossocial.
A vida de relação com os demais indivíduos é-lhe essencial
ao
progresso
ético.
Isolado, asselvaja-se ou entrega-se a uma submissão indiferente, perniciosa.
As imposições do relacionamento social exterior, sem profundidade emocional, respondem por esta explosão fóbica, face à ausência de segurança
afetiva entre os indivíduos e à competição que grassa, desenfreada,
fazendo que se veja sempre, no atual amigo, o potencial usurpador da sua função, o
possível inimigo de amanhã.
Tal desconfiança arma as
pessoas de suspeição, levando-as a uma conduta
artificial, mediante a qual se devem apresentar
como bem estruturadas emocionalmente,
superiores às vicissitudes, capazes de enfrentar riscos,
indiferentes
às agressões do meio, porque seguras das suas reservas de forças morais.
Gerando instabilidade entre o que demonstram e aquilo que são realmente,
surge o pavor de serem vencidas, deixadas à margem, desconsideradas. O mecanismo de fuga da luta sem quartel apresenta-se lhes
como alternativa
saudável, por poupar-lhes esforços que lhes parecem inúteis, desde que não
se sentem inclinadas a usar dos mesmos métodos de que se creem vítimas.
Simultaneamente,
as
atividades trepidantes e as festas ruidosas mais afastam os amigos, que dizem não dispor de tempo para o intercâmbio fraternal, a assistência cordial, receosos, por sua
vez, de
igualmente
tombarem, vitimados pelo mesmo mal que os ronda, implacável.
Nestas circunstâncias, mentes desencarnadas, deprimentes, se associam
aos
pacientes, complicando-lhes
o quadro e empurrando-os para as psicoses profundas, irreversíveis.
A desumanização do homem, que se submete aos caprichos do momento
dourado das ilusões, conspira contra ele próprio e o seu próximo, tornando esta a geração do medo, a sociedade sem destino.
Psicografia
de Divaldo Franco do livro O Homem Integral
O medo, que é uma construção mental do intelecto, apresenta-se com todo o séquito de imagens cultivadas largamente e jamais enfrentadas, que se transformam em mecanismos tormentosos de pavor, sem favorecerem as energias capazes de superá-lo.
FEB, O Espiritismo de A a Z
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