Tema
da semana
“Fazer
o bem sem ostentação”
de
09/09/2013 a 15/09/2013
Allan
Kardec
Tende
cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem
vistas, pois, do contrário, não recebereis recompensa de vosso Pai
que está nos céus. – Assim, quando derdes esmola, não
trombeteeis, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para
serem louvados pelos homens. Digo-vos, em verdade, que eles já
receberam sua recompensa. – Quando derdes esmola, não saiba a
vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita; - a fim de que a
esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o que se passa em
segredo, vos recompensará.
(S.
MATEUS, cap. VI, vv. 1 a 4.)
Tendo
Jesus descido do monte, grande multidão o seguiu. – Ao mesmo
tempo, um leproso veio ao seu encontro e o adorou, dizendo: Senhor,
se quiseres, poderás curar-me. – Jesus, estendendo a mão, o tocou
e disse: Quero-o, fica curado; no mesmo instante desapareceu a lepra.
– Disse-lhe então Jesus: abstém-te de falar disto a quem quer que
seja; mas, vai mostrar-te aos sacerdotes e oferece o dom prescrito
por Moisés, a fim de que lhes sirva de prova.
(S.
MATEUS, cap. VIII, vv. 1 a 4.)
Em
fazer o bem sem ostentação há grande mérito; ainda mais meritório
é ocultar a mão que dá; constitui marca incontestável de grande
superioridade moral, porquanto, para encarar as coisas de mais alto
do que o faz o vulgo, mister se torna abstrair da vida presente e
identificar-se com a vida futura; numa palavra, colocar-se acima da
Humanidade, para renunciar à satisfação que advém do testemunho
dos homens e esperar a aprovação de Deus. Aquele que prefere ao de
Deus o sufrágio dos homens prova que mais fé deposita nestes do que
na Divindade e que mais valor dá à vida presente do que à futura.
Se diz o contrário, procede como se não cresse no que diz.
Quantos
há que só dão na esperança de que o que recebe bradará por toda
a parte o benefício recebido! Quantos os que, de público, dão
grandes somas e que, entretanto, às ocultas, não dariam uma só
moeda! Foi por isso que Jesus declarou: "Os que fazem o bem
ostentosamente já receberam sua recompensa." Com efeito, aquele
que procura a sua própria glorificação na Terra, pelo bem que
pratica, já se pagou a si mesmo; Deus nada mais lhe deve; só lhe
resta receber a punição do seu orgulho.
Não
saber a mão esquerda o que dá a mão direita é uma
imagem que caracteriza admiravelmente a beneficência modesta. Mas,
se há a modéstia real, também há a falsa modéstia, o simulacro
da modéstia. Há pessoas que ocultam a mão que dá, tendo, porém,
o cuidado de deixar aparecer um pedacinho, olhando em volta para
verificar se alguém não o terá visto ocultá-la. Indigna paródia
das máximas do Cristo! Se os benfeitores orgulhosos são depreciados
entre os homens, que não será perante Deus? Também esses já
receberam na Terra sua recompensa. Foram vistos; estão satisfeitos
por terem sido vistos. E tudo o que terão.
E
qual poderá ser a recompensa do que faz pesar os seus benefícios
sobre aquele que os recebe, que lhe impõe, de certo modo,
testemunhos de reconhecimento, que lhe faz sentir a sua posição,
exaltando o preço dos sacrifícios a que se vota para beneficiá-lo?
Oh! para esse, nem mesmo a recompensa terrestre existe, porquanto ele
se vê privado da grata satisfação de ouvir bendizer-lhe do nome e
é esse o primeiro castigo do seu orgulho. As lágrimas que seca por
vaidade, em vez de subirem ao Céu, recaíram sobre o coração do
aflito e o ulceraram. Do bem que praticou nenhum proveito lhe
resulta, pois que ele o deplora, e todo benefício deplorado é moeda
falsa e sem valor.
A
beneficência praticada sem ostentação tem duplo mérito. Além de
ser caridade material, é caridade moral, visto que resguarda a
suscetibilidade do beneficiado, faz-lhe aceitar o benefício, sem que
seu amor-próprio se ressinta e salvaguardando-lhe a dignidade de
homem, porquanto aceitar um serviço é coisa bem diversa de receber
uma esmola. Ora, converter em esmola o serviço, pela maneira de
prestá-lo, é humilhar o que o recebe, e, em humilhar a outrem, há
sempre orgulho e maldade. A verdadeira caridade, ao contrário, é
delicada e engenhosa no dissimular o benefício, no evitar até as
simples aparências capazes de melindrar, dado que todo atrito moral
aumenta o sofrimento que se origina da necessidade. Ela sabe
encontrar palavras brandas e afáveis que colocam o beneficiado à
vontade em presença do benfeitor, ao passo que a caridade orgulhosa
o esmaga. A verdadeira generosidade adquire toda a sublimidade,
quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha meios de figurar como
beneficiado diante daquele a quem presta serviço. Eis o que
significam estas palavras: "Não saiba a mão esquerda o que dá
a direita."
“Fazer
o bem sem ostentação”
Do
livro “Evangelho segundo o espiritismo”.
---
BENIGDADE
A
opinião caridosa que formulamos,
acerca
dos outros, converter-se-á em
recurso
de benignidade da justiça divina,
no exame de nossos erros.
Emmanuel
Do
livro “Dicionário da alma”.
Psicografia
de “Francisco Cândido Xavier”.
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