Tema
da semana
“O
Suicídio e a Loucura”
de
06/05/2013 a 12/05/2013
Desde
que bebera a substância venenosa, Marina sentia-se morrer, sem
morrer.
Não
queria viver mais. Experimentara o desprezo de Jorge, o jovem de quem
se enamorara e com quem acariciava o sonho de casar-se e criar os
filhos.
Foram
dois anos de esperanças. Tudo em vão.
Não
dera ouvidos ao pai que costumava dizer-lhe: Cuidado
com os rapazes de hoje, filha, nem sempre têm bom caráter.
Achava o paizinho antiquado e exigente.
Mas
como resistir? Jorge a buscava todas as noites. Começou pedindo
livros emprestados. Depois de algumas semanas estavam juntos no
cinema.
O
filme era envolvente. Contava a história de uma jovem tímida,
contrariada pela família, que se entregara ao rapaz, com quem fugiu,
confiante.
Ninguém
poderia dizer o que aconteceria depois, mas o cinema coroara a
aventura com um romântico beijo.
Na
saída, a garoa fina. Jorge a convidou para um passeio. Marina
pensava na heroína do filme, e não teve coragem de dizer não.
Pela
primeira vez Marina mentiu à mãezinha que a esperava, ansiosa, às
três horas da madrugada.
A chuva atrapalhou, mãe, ficamos na casa de Jorge até agora.
Outros
tantos passeios a sós se repetiram até que um dia Marina sentiu-se
enjoada e com tonturas.
Jorge
a levou ao consultório de um médico, ainda jovem, que a olhava com
ares de malícia.
A
moça ficou um tanto revoltada diante dele, mas submeteu-se ao
abortamento.
Desejava
ser mãe, mas o namorado convenceu-a de que era preciso se casarem
antes. Terminariam os estudos e então se casariam.
Daquele
dia em diante Marina sentia-se diferente. Via-se perseguida, em
sonho, por alguém que lhe gritava aos ouvidos: Mãe,
mãe, por que me mataste?
]
Contou
seu drama ao namorado mas ele dizia que ela estava precisando de um
psiquiatra.
O
tempo passou e Marina sentia-se cada vez mais atormentada. Toda vez
que falava sobre isso com Jorge ele a acalmava dizendo que logo se
casariam.
Um
dia, quando sentia-se muito deprimida, ela procurou Jorge, a quem
considerava seu noivo, e o encontrou com outra moça. Ele a conduziu
à pequena distância e explicou-se. Não a amava, confessou
áspero. É
melhor terminarmos assim,
falou com frieza, antes
de mais sérias dificuldades.
O
mundo íntimo de Marina desmoronou.
A
ideia de suicídio envolveu-a completamente.
No
caminho para casa, adquiriu a substância letal.
Escreveu
bilhetes.
E,
pela manhã, sorveu a poção de uma só vez.
Pavorosa
dor irrompeu-lhe na carne, nos nervos, no sangue, nos ossos....
Convulsões
sucessivas não lhe permitiam morrer.
Entretanto,
ouvia sua própria mãe a gritar como louca: Morta!
Morta!
Marina
sentiu-se carregada. Dois homens a colocaram na ambulância. Ela não
apenas chorava, rugia em contorções, mas ninguém lhe percebia
agora os terríveis lamentos.
Viu-se
atirada, sem qualquer consideração, na laje
fria.
Suplicava socorro. Agitava-se. Mas ninguém lhe dava ouvidos.
Depois
de algum tempo é que percebeu que conseguira sair do corpo, porque
identificou os jovens médicos a cortarem-lhe as vísceras para exame
necrológico.
Marina
conseguira matar o corpo, mas continuava viva.
De
pé, ainda cambaleante, sentindo todas as dores e convulsões de
momentos antes, Marina grita:
Mãe!
Minha mãe! Quero viver! Viver!
Outra
voz, contudo, ecoou ameaçadora e sarcástica aos seus ouvidos:
Mãe,
minha mãe, eu também quero viver! Viver!...
Procurou
com os olhos agoniados quem lhe falava, mas apenas sentiu que braços
vigorosos a aprisionavam.
Lembrou,
aturdida, o abortamento, os sonhos, a tortura e o suicídio, e
esforçou-se terrivelmente para voltar e erguer-se de novo no corpo,
tombado na mesa fria.
Mas
era tarde demais...
Redação
do Momento Espírita com base no cap. 22 do
livro A vida escreve, pelo Espírito Hilário Silva, psicografia
de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ed. Feb.
Em 19.08.2010.
livro A vida escreve, pelo Espírito Hilário Silva, psicografia
de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ed. Feb.
Em 19.08.2010.
SUICÍDIO
A
aflição sem revolta é paz que nos redime.
Não
olvideis na cruz redentora e sublime
Que
a fuga para a morte é um salto para a treva.
Francisca
Júlia da Silva -
Livro
Vozes do Grande Além
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