Tema da semana:
“Cuidar do corpo e do espírito”
de 16/04/2012 a 22/04/2012
Neio Lúcio
Á
porta de grande carpintaria, chegou um rapaz, de caixa às costas, à procura de
emprego.
Parecia
humilde e educado.
O
diretor da instituição compareceu, atencioso, para atendê-lo.
- Tem
serviço com que me possa favorecer? – indagou o jovem, respeitoso, depois das
saudações habituais.
-
As tarefas são muitas – elucidou o chefe.
-
Oh! Por favor! – tornou o interessado – meus velhos pais necessitam de amparo.
Tenho batido, em vão, à porta de várias oficinas. Ninguém me socorre.
Contentar-me-ei com salário reduzido e aceitarei o horário que desejar.
O
diretor, muito calmo, acentuou:
-
Trabalho não falta...
E,
enquanto o candidato mostrava um sorriso de esperança, acrescentou:
-
Traz suas ferramentas em ordem?
-
Perfeitamente – respondeu o interpelado.
-
Vejamo-las.
O
moço abriu a caixa que trazia. Metia pena reparar-lhe os instrumentos.
A
enxó se achava deformada pela ferrugem grossa.
O
serrote mostrava vários dentes quebrados.
O
martelo tinha cabo incompleto.
O
alicate estava francamente desconjuntado.
Diversos
formões não atenderiam a qualquer apelo de serviço, tal a imperfeição que
apresentavam seus gumes.
Poeira
espessa recobria todos os objetos.
O
dirigente da oficina observou... observou ... e disse, desencantado:
-
Para o senhor, não temos qualquer trabalho.
-
Oh! por quê? – interrogou o rapaz, em tom de súplica.
O
diretor esclareceu, sem azedume:
-
Se o senhor não tem cuidado com as ferramentas que lhe pertencem, como
preservará nossas máquinas? Se é indiferente naquilo em que deve sentir-se
honrado, chegará a ser útil aos interesses alheios? Quem não zela atentamente
no “pouco” de que dispõe, não é digno de receber o “muito”. Aprenda a cuidar
das coisas aparentemente sem importância. Pelas amostras, grandes negócios se
realizam neste mundo e o menosprezo para consigo é indesejável mostruário de
sua indiferença perniciosa. Aproveite a experiência e volte mais tarde.
Não
valeram petitórios do moço necessitado.
Foi
compelido a retirar-se, em grande abatimento, guardando a dura lição.
Assim
também acontece no caminho comum.
Quem
deseja o corpo iluminado e glorioso na espiritualidade, além da morte, cuide
respeitosamente do corpo físico.
Quem
aspira à companhia dos anjos, mostre boas maneiras, boas palavras e boas ações
aos vizinhos.
Quem
espera colheita de alegrias no futuro, aproveite a hora presente, na sementeira
do bem.
E
quantos sonharem com o Céu tratem de fazer um caminho de elevação na Terra
mesma.
Da obra “Alvorada
Cristã”.
Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
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