Tema
da semana
“Odiar
os pais”
de
17/12/2012 a 23/12/2012
Allan Kardec
1. Como nas suas pegadas
caminhasse grande massa de povo, Jesus, voltando-se, disse-lhes:
– Se alguém vem a mim
e não odeia a seu pai e a sua mãe, a sua mulher e a seus filhos, a
seus irmãos e irmãs, mesmo a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo.
– E quem quer que não
carregue a sua cruz e me siga, não pode ser meu discípulo. –
Assim, aquele dentre vós que não renunciar a tudo o que tem não
pode ser meu discípulo. (S. LUCAS, 14:25 a 27 e 33.)
2. Aquele que ama a seu
pai ou a sua mãe, mais do que a mim, de mim não é digno; aquele
que ama a seu filho ou a sua filha, mais do que a mim, de mim não é
digno. (S. MATEUS, 10:37.)
3. Certas palavras, aliás
muito raras, atribuídas ao Cristo, fazem tão singular contraste com
o seu modo habitual de falar que, instintivamente, se lhes repele o
sentido literal, sem que a sublimidade da sua doutrina sofra qualquer
dano. Escritas depois de sua morte, pois que nenhum dos Evangelhos
foi redigido enquanto ele vivia, lícito é acreditar -se que, em
casos como este, o fundo do seu pensamento não foi bem expresso, ou,
o que não é menos provável, o sentido primitivo, passando de uma
língua para outra, há de ter experimentado alguma alteração.
Basta que um erro se haja cometido uma vez, para que os copiadores o
tenham repetido, como se dá frequentemente com relação aos fatos
históricos.
O termo odiar, nesta
frase de S. Lucas: Se alguém vem a mim e não odeia a seu pai e a
sua mãe, está compreendido nessa hipótese. A ninguém acudirá
atribuí-la a Jesus. Será então supérfluo discuti-la e, ainda
menos, tentar justificá-la. Importaria, primeiro, saber se ele a
pronunciou e, em caso afirmativo, se na língua em que se exprimia, a
palavra em questão tinha o mesmo valor que na nossa. Nesta passagem
de S. João: “Aquele que odeia sua vida, neste mundo, a conserva
para a vida eterna”, é indubitável que ela não exprime a ideia
que lhe atribuímos.
A língua hebraica não
era rica e continha muitas palavras com várias significações. Tal,
por exemplo, a que, no Gênese, designa as fases da criação:
servia, simultaneamente, para exprimir um período qualquer de tempo
e a revolução diurna. Daí, mais tarde, a sua tradução pelo termo
dia e a crença de que o mundo foi obra de seis vezes vinte e quatro
horas. Tal, também, a palavra com que se designava um camelo e um
cabo, uma vez que os cabos eram feitos de pêlos de camelo. Daí o
haverem-na traduzido pelo termo camelo, na alegoria do buraco de uma
agulha. (Ver capítulo XVI no 2).(1)
Cumpre, ao demais, se
atenda aos costumes e ao caráter dos povos, pelo muito que influem
sobre o gênio particular de seus idiomas. Sem esse conhecimento,
escapa amiúde o sentido verdadeiro de certas palavras. De uma língua
para outra, o mesmo termo se reveste de maior ou menor energia. Pode,
numa, envolver injúria ou blasfêmia, e carecer de importância
noutra, conforme a ideia que suscite. Na mesma língua, algumas
palavras perdem seu valor com o correr dos séculos. Por isso é que
uma tradução rigorosamente literal nem sempre exprime perfeitamente
o pensamento e que, para manter a exatidão, se tem às vezes de
empregar, não termos correspondentes, mas outros equivalentes, ou
perífrases.
Estas notas encontram
aplicação especial na interpretação das Santas Escrituras e, em
particular, dos Evangelhos. Se se não tiver em conta o meio em que
Jesus vivia, fica-se exposto a equívocos sobre o valor de certas
expressões e de certos fatos, em consequência do hábito em
que se está de assimilar os outros a si próprio. Em todo caso,
cumpre despojar o termo odiar da sua acepção moderna, como
contrária ao espírito do ensino de Jesus.
REALIDADE
Quem
se afasta de Jesus
Como sempre tantos vi,
Não muda por própria escolha
Porque não foge de si
Como sempre tantos vi,
Não muda por própria escolha
Porque não foge de si
Cornélio
Pires
Psicografia
Francisco Cândido Xavier - Livro Trovas do Coração “
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