Tema da semana
“Em defesa da Vida”
de 17/09/2012 a
23/09/2012
Léon Denis
Dissemos
que, para esclarecer o seu futuro, o homem devia antes de tudo
aprender a conhecer-se. Para se caminhar com segurança, é
necessário saber aonde se vai. É conformando seus atos com as leis
superiores que o homem trabalhará eficazmente pelo seu próprio
melhoramento e pelo da sociedade. O que precisamos é discernir essas
leis, determinar os deveres que lhes são inerentes, prever as
consequências das nossas ações.
Quando
se compenetrar da grandeza da sua missão, o ser humano saberá
desprender-se melhor daquilo que o rebaixa e abate; saberá
governar-se criteriosamente, preparar pelos seus esforços a união
fecunda dos homens numa grande família de irmãos.
Mas,
quão longe estamos desse estado de coisas! Ainda que a Humanidade
avance na via do progresso, pode-se, entretanto dizer que a imensa
maioria de seus membros caminha através da vida como no meio duma
noite escura, ignorando-se a si mesma, nada sabendo do fim real da
existência.
Trevas
espessas velam a razão humana. Os pálidos e enfraquecidos raios da
verdade que lhe chegam, são impotentes para esclarecer as vias
sinuosas percorridas pelas inumeráveis legiões que estão em
caminho, e não conseguem fazer resplandecer a seus olhos o alvo
ideal e longínquo.
Ignorante
dos seus destinos, vacilando sem cessar entre o prejuízo e o erro, o
homem maldiz às vezes a vida. Curvado ao seu fardo, inculpa os seus
semelhantes das provações que suporta e que são quase sempre
ocasionadas pela sua imprevidência. Revoltado contra Deus, a quem
acusa de injustiça, ele chega algumas vezes, na sua loucura e no seu
desespero, a desertar do combate salutar, da única luta que pode
fortificar sua alma, esclarecer seu julgamento, prepará-lo para
trabalhos de ordem mais elevada. Por que o homem desce, fraco e
desarmado, à grande arena onde se entrega sem repouso, sem descanso,
à eterna e gigantesca batalha? Porque a Terra é um degrau inferior
na escala dos mundos. Nela residem apenas espíritos principiantes,
isto é, almas nas quais a razão começa a despontar. A matéria
reina soberanamente sobre o mundo. Curva-nos ao seu jugo, limita
nossas faculdades, refreia nossos impulsos para o bem, nossas
aspirações para o ideal.
Assim,
para discernir o porquê da vida, para perceber a lei suprema que
rege as almas e os mundos, é necessário saber libertar-se das
influências grosseiras, desligar-se das preocupações de ordem
material, de todas as coisas passageiras e mutáveis que encobrem
nosso espírito, obscurecem nossas apreciações. É elevando-nos,
pelo pensamento, acima dos horizontes da vida, fazendo abstração do
tempo e do espaço, pairando de alguma sorte acima das minúcias da
existência, que entreveremos a verdade.
Por
um esforço da vontade, abandonemos por um instante a Terra,
elevemo-nos a essas alturas extraordinárias. Então se desenrolará
para nós o imenso panorama das idades inumeráveis e dos espaços
ilimitados. Assim como o soldado, perdido no meio da peleja, só vê
confusão ao seu redor, enquanto que o general, cujo olhar abrange
todas as peripécias da batalha, calcula e prevê os resultados;
assim como o viajante extraviado nos desfiladeiros pode, ao subir a
montanha, vê-los formar um conjunto grandioso, assim também a alma
humana, das alturas elevadas em que paira, longe dos ruídos da
Terra, longe das suas misérias, descobre a harmonia universal. A
mesma coisa que lhe parecia aqui contraditória, inexplicável,
injusta, então se harmoniza e o esclarece; as sinuosidades do
caminho desaparecerão; tudo se une, se encadeia; ao espírito
deslumbrado aparece a ordem majestosa que regula o curso das
existências e a marcha do Universo.
Dessas
alturas luminosas, a vida não é mais, aos nossos olhos, como o é
para os da multidão, a vã procura de satisfações efêmeras, mas
sim um meio de aperfeiçoamento intelectual, de elevação moral; uma
escola onde se aprendem a docilidade, a paciência, o dever. E essa
vida, para ter proveito, não pode ser isolada. Fora dos seus
limites, antes do nascimento e depois da morte, vemos, numa espécie
de penumbra, desdobrar-se multidão de existências através das
quais, à custa do trabalho e do sofrimento, conquistamos
gradualmente, palmo a palmo, o diminuto saber e as qualidades que
possuímos, assim também conquistaremos o que nos falta: uma razão
perfeita, uma ciência sem lacunas, um amor infinito por tudo o que
vive.
A
imortalidade, semelhante a uma cadeia sem-fim, desenrola-se para cada
um de nós na imensidade dos tempos. Cada existência liga-se, pela
frente e por detrás, a vidas distintas e diferentes, porém
solidárias umas das outras. O futuro é a conseqüência do passado.
Gradualmente o ser se eleva e engrandece. Artista dos seus próprios
destinos, o espírito humano, livre e responsável, escolhe sua
estrada e, se esta é má, as pedras e os espinhos que o ferem
produzirão o desenvolvimento da sua experiência fortificarão a
razão que vai despontando.
Do livro “O porque
da vida”, Cap. 5: As vidas sucessivas.
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ARTIGOS
DA VIDA
Corrige os males
servindo,
Não te lamentes em
vão.
O pranto amolece o
peito,
Mas não exige o
coração.
Sebastião
Rios
Da
Obra “Trovas Do Outro Mundo”
Psicografia
Chico Xavier
Digitado
Por: Lúcia Aydir.
Os textos de Léon Denis são sempre profundos.
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