Tema da semana: Natal, de
19 a 25 de dezembro de 2011.
Irmão X
A SENHORA M. C., funcionária dos correios de grande
metrópole atendia à seleção da correspondência recolhida pela manhã, prelibando
a festa marcada para a noite. A véspera do Natal lhe surgia excitante. Encontro
alegre de amigos.
Separada do marido, depois de dois anos, promovia o
desquite. Com ele, deixara o filho único e os ideais mais lindos de mulher.
Escolhera uma profissão, vencendo as dificuldades por si mesma.
Agia com as mãos e pensava: “Hoje, renovarei o
caminho. Um sonho diferente. Afinal, estou livre e posso aceitar obrigações
para com outro homem. Partirei, de hoje em diante, para a formação de novo lar.
Já disse tudo a ele e ele me compreendeu. É um rapaz desquitado, sofrido quanto
eu mesma”.
Enquanto isso, os dedos tateavam cartas e jornais.
Quase mecanicamente, revisava nomes, carimbos, anotações. Escolhia material,
aqui e ali.
Em dado momento, um papel dobrado, sem envelope,
lhe caiu aos pés. Apanhou-o. Uma folha simples com endereço com letras
desajeitadas: “Para Jesus – No Céu”.
A funcionária examinou o pequeno e estranho
documento e, porque estivesse claramente aberto, mergulhou-se na leitura, de
modo a inteirar-se de como devia agir e devorou o conteúdo, palavra por
palavra:
“Querido Jesus.
Soube que o Senhor é quem distribui presentes para
todos no Natal. Muita gente acredita no Papai Noel, mas tia Belinda me disse
que Papai Noel é o Senhor mesmo.
Vou colocar esta carta na caixa do correio, pedindo
uma cousa. Vou explicar.
Não querida que o Senhor me desse brinquedos, nem
mesmo o automóvel que vi na loja. Queria que o Senhor me trouxesse minha mãe.
O Senhor sabe que ela nos deixou porque sofria
demais. De noite, quando meu pai chegava da rua, fechava a porta com força e
xingava muito, porque havia tomado bebidas fortes. Dava pontapés nas cadeiras e
depois avançava para ela querendo bater e, às vezes, até batia.
Mamãe chorava, abraçada comigo, mas, uma noite, ela
saiu e não voltou mais. Fiquei muito triste e papai também. Ele é bom para mim,
mas quando bebe diz que eu não presto, que vai me levar para um asilo ou para o
hospital.
Estou doente, querido Jesus, mas estou na escola.
Quando é de noite, sinto frio e tenho muita tosse. Tia Belinda e Dona Silvana
cuidam de mim, mas não é a mesma cousa que minha mãe.
O Senhor poderá encontrar mamãe e trazê-la. Se o
Senhor falar com ela que estou doente, sem dormir de noite e tomando remédios,
sei que ela virá.
Querido Jesus, não precisa mandar brinquedos nem
bombons como no ano passado. Traga mamãe para mim.”
A Senhora M. C. leu a assinatura engasgada de
emoção. Chegara-lhe às mãos a missiva do filhinho de oito anos.
Recompunha o rosto, lavado em pranto, quando foi
chamada ao telefone. Atendendo, disse apenas ao interlocutor que conversava no
outro lado do fio:
- Agradeço, mas sinto muito. Não me espere mais.
Tenho novos compromissos.
E, à noite, a senhora M. C. demandou o antigo lar.
Recebida alegremente pelas duas senhoras que lhe chefiavam agora a casa, passou
na sala de visitas pelo esposo que, embora embriagado, a cumprimentou,
surpreendido.
Rapidamente, alcançou o quarto do filhinho, com a
ansiedade de quem reencontra um tesouro perdido e o pequeno, ao vê-la,
ergueu-se do leito, exclamando, feliz:
- Ah! Mamãe!... Mamãe!... Então Jesus recebeu a
minha carta e trouxe a senhora?!...
Ela somente respondeu, com o peito rebentando em
lágrimas de ventura:
- Ah! Meu filho!... Meu filho!...
LiVro Os
Dois Maiores Amores - Psicografia Chico Xavier - Autores Diversos
muito interessante
ResponderExcluirLinda imagem! Ótimas reflexões!
ResponderExcluirSejamos gratos a JESUS pelo seu Amor por nós! Oremos ao Pai pedindo que nosso Mestre-Amigo permaneça em nossas mentes e corações, nos fortalecendo para a caminhada fraterna em busca da verdadeira Vida!
Abraços Fraternos a todos!