Allan
Kardec
1868
REVISTA ESPÍRITA
Jornal de Estudos Psicológicos
FUTURO DO ESPIRITISMO
Depois de suas primeiras etapas,
o Espiritismo, aguerrido, desembaraçando-se cada vez mais das obscuridades que lhe
serviram de fraldas, em breve fará sua aparição na grande cena do mundo.
Os acontecimentos marcham com
tal rapidez que não se pode ignorar a poderosa intervenção dos Espíritos que
presidem aos destinos da Terra. Há como que um estremecimento íntimo nos
flancos do vosso globo, em trabalho de gestação; novas raças saídas das altas
esferas vêm rodopiar em torno de vós, esperando a hora de sua encarnação
messiânica, e para isto se preparando pelo estudo das vastas questões que hoje
agitam a Terra.
De todos os lados veem-se sinais
de decrepitude nos usos e legislações, que não mais estão de acordo com as ideias
modernas. As velhas crenças adormecidas há séculos parecem
despertar de seu torpor secular e se admiram de se
verem em luta com novas crenças, emanadas dos filósofos e dos pensadores deste e
do século passado. O sistema degenerado de um mundo que não passava de um
simulacro, se esboroa ante a aurora do mundo real, do mundo novo. A lei de
solidariedade, da família passou aos habitantes dos Estados, para em seguida
conquistar a Terra inteira; mas esta lei tão sábia, tão progressiva, essa lei
divina, numa palavra, não se limitou a esse resultado único; infiltrando-se no
coração dos grandes homens, ensinou-lhes não só que ela era necessária ao grande
melhoramento da vossa habitação, mas que se estendia a todos os mundos do vosso
sistema solar, para de lá se estender a todos os mundos da imensidade!
É bela essa lei de solidariedade
universal, porque nela se encontra essa máxima sublime: Todos por um e um por
todos.
Eis, meus filhos, a verdadeira
lei do Espiritismo, a verdadeira conquista de um futuro próximo. Marchai, pois,
imperturbavelmente em vossa estrada, sem vos preocupar com as zombarias de uns
e o amor-próprio ferido de outros. Estamos e ficaremos convosco, sob a égide do
Espírito de Verdade, meu e vosso mestre.
Erasto – Paris, 1863
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