Manoel
Philomeno de Miranda
Inerente a todos os seres humanos, a
faculdade mediúnica expressa-se de maneira variada, conforme a estrutura evolutiva,
os recursos morais, as conquistas espirituais de cada indivíduo.
Incipiente em uns e ostensiva noutros, pode
ser considerada com a peculiaridade psíquica que permite a comunicação dos
homens com os Espíritos, mediante cujo contributo inúmeras interrogações e
enigmas encontram respostas e elucidações claras para o entendimento dos reais
mecanismos da existência física na Terra.
Distúrbios psíquicos inexplicáveis,
desequilíbrios orgânicos injustificáveis, transtornos comportamentais e
dificuldades nos relacionamentos sociais e afetivos, malquerenças e aflições
íntimas destituídas de significado, exaltação e desdobramentos da
personalidade, algumas alucinações visuais e auditivas, na mediunidade
encontram seu campo de expansão, refletindo os dramas espirituais do ser, que
procedem das experiências anteriores à atual existência física, alguns
transformados em fenômenos obsessivos profundamente perturbadores.
Mal compreendida por largo tempo através da
História, foi envolta em mitos e cercada de superstições, que nada têm a ver
com a sua realidade.
Sendo uma percepção da alma encarnada cujo
conteúdo as células orgânicas decodificam, não significa manifestação de
angelitude ou de santificação, como também não representa punição imposta por
Deus, a fim de alcançar os calcetas e endividados perante as Soberanas Leis.
Existente igualmente no ser espiritual, é uma
faculdade do Espírito que, através dos delicados equipamentos sutis do seu
perispírito, faculta o intercâmbio entre os desencarnados de diferentes esferas
da Erraticidade.
Dessa maneira, não se trata de um calvário de
padecimentos intérminos em cujo curso a tristeza e o sofrimento dão-se as mãos,
como pretendem alguns portadores de comportamento masoquista, mas também não é
característica de superioridade moral, que distingue o seu possuidor em relação
às demais pessoas.
Pode ser considerada como a moderna escada de
Jacó, que permite a ascensão espiritual daquele que se lhe dedica com abnegação
e devotamento.
Semelhante às demais faculdades do ser humano,
exige cuidados especiais, quais aqueles que se dispensam à inteligência, à
memória, às aptidões artísticas e culturais...
O conhecimento do seu mecanismo torna-se
indispensável para que seja exercida com seriedade, ao lado de cuidados outros
que se lhe fazem essenciais, quais sejam, a identificação da lei dos fluidos, a
aplicação dos dispositivos morais para o aperfeiçoamento incessante, a
disciplina dos equipamentos nervosos, as disposições superiores para o bem, o
nobre e o edificante.
Neutra, sob o ponto de vista ético-moral,
qual ocorre com as demais faculdades, é direcionada pelo seu portador, que se
encarrega de orientá-la conforme as próprias aspirações, perseguindo os
objetivos elevados, que são a meta essencial da reencarnação.
À medida que o médium introjeta reflexões em
torno do seu conteúdo valioso, mais se lhe dilatam as possibilidades, que,
disciplinadas, facultam ensejo para a produção de resultados compatíveis com o
direcionamento que se lhe aplique.
A observação cuidadosa dos sintomas através
dos quais se expressa, favorece a perfeita identificação daqueles que se
comunicam e podem contribuir em favor do progresso moral do medianeiro.
O hábito do silêncio interior e da quietação
emocional faculta-lhe a captação das ondas que permitem o intercâmbio
equilibrado, ampliando-lhe a área de serviços espirituais.
Concessão divina para a Humanidade, é a ponte
que traz de volta aqueles que abandonaram o corpo físico ou que dele foram
expulsos, sem que deixassem a vida, comprovando-lhes a imortalidade em triunfo.
Ante a impossibilidade de ser alcançada a
perfeição mediúnica, face à condição predominante de mundo de provações que
caracteriza o planeta terrestre e tipifica os seus habitantes por enquanto,
cada servidor deve lutar para adquirir a qualidade de bom médium, isto é,
aquele que comunica com facilidade, que se faz instrumento dócil aos Espíritos
que o utilizam sob a orientação do seu Mentor.
Nunca se acreditando imaculado, sabe que pode
ser vítima da mistificação dos zombeteiros e maus, não a temendo, mas
trabalhando por sutilizar as suas percepções psíquicas e emocionais, e
elevando-se moralmente para atingir patamares mais enobrecidos nas faixas da
evolução.
A facilidade com que os desencarnados o
utilizam, especialmente por estar disponível sempre que necessário,
propicia-lhe maior sensibilidade e o credencia ao apoio dos Guias da
Humanidade, que o cercam de carinho e o inspiram para a ascensão contínua.
Consciente dos próprios limites e das
infinitas possibilidades da Vida, reconhece o quanto necessita de
transformar-se interiormente para melhor, a fim de ser enganado menos vezes e
jamais enganar aos outros, pelo menos conscientemente.
A disciplina e o equilíbrio moral, os
pensamentos e as ações honoráveis, o salutar hábito da oração e da meditação,
precatam-no das investiduras dos maus e perversos que pululam em toda parte,
preservando-lhe os sutis equipamentos mediúnicos dos choques de baixo teor
vibratório que lhes são inerentes, ajudando-o, assim, a manter contato com
esses infelizes, quando necessário, porém, sob o controle dos Guias que os
conduzem, jamais ao paladar e apetite da loucura que os avassala.
O bom médium é simples e sem as complexidades
do agrado da ignorância, do egoísmo e da presunção, cujas conquistas são internas
e que irradia os valores morais de dentro para fora, qual antena que possui os
requisitos próprios para a captação das ondas que serão transformadas em
imagens sonoras, visuais ou portadoras de força motriz para muitas finalidades.
Quando esteja açodado pelas conjunturas
difíceis ou afligido pelas provações iluminativas, que fazem parte do seu
processo de evolução, nunca deve desanimar, nem esperar fruir de privilégios,
que os não possui, seguindo fiel e tranquilo no desempenho da tarefa que lhe
diz respeito, preservando a alegria de viver, servir e amar.
O trabalho edificante será sempre o seu apoio
de segurança, que o fortalecerá em todos os momentos da existência física,
nunca se refugiando na inoperância, que é geradora de mil males que sempre perturbam.
Porque identifica as próprias deficiências,
não se jacta da faculdade que possui, reconhecendo que ela pode ser bloqueada
ou retirada, empenhando-se para torná-la uma ferramenta de luz a serviço do
Amor em todos os instantes.
Os bons médiuns, que escasseiam, em razão da
momentânea inferioridade humana, são os instrumentos hábeis para contribuírem
em favor do Mundo Novo de amanhã, quando a mediunidade, melhor compreendida e
mais bem exercida, se tornará uma conquista valiosa do espírito humano credenciado
para a felicidade que já estará desfrutando.
Página psicografada pelo médium Divaldo P.
Franco, na sessão mediúnica da noite de 08 de agosto de 2001, no Centro
Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
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