Tema da semana
Há muitas moradas na
casa de meu Pai
De 24/11/2014 a 30/11/2014
Joanna
de Ângelis
Ev. Cap. III - Item 3
(...) Há muitas moradas na casa de meu Pai.
João, 14:2
A ingenuidade
medieval explicava que as estrelas
fulgurantes no Infinito eram
lâmpadas mágicas para
iluminarem a noite por misericórdia de
Deus. O conceito
geocêntrico do Universo expressava o
limite imposto pelo
grau de desenvolvimento cultural e
intelectual dos seres
ainda presos aos
interesses da sobrevivência em
ambiente físico, social, político e religioso hostil e castrador
das expressões de
liberdade, de conhecimento
e de felicidade que sempre se
encontram ínsitos nos seres humanos.
Os dogmas
perversos naquela cultura
ainda primitiva, na
qual predominava a força do poder temporal, mesclado como religioso disfarçado nas
sombras coletivas dos
dominadores, impediam a compreensão
do ensinamento de
Jesus que procedia
de outras Esferas, portanto, de
uma feliz morada
que a mente
humana de então não dispunha de
meios para entender.
Vivendo níveis de
consciência muito primitivos, em sono e com leves sonhos, não era possível
alcançar outros degraus, em razão do
conhecimento e do
pensamento se deterem
nos estágios primitivo e
mitológico, que constituíram
base para o estabelecimento de
alguns princípios religiosos
mais compatíveis com as
necessidades existenciais, relacionando-os interpretativamente com
as propostas morais
e espirituais neotestamentárias.
Sem recursos
para libertar o
espírito que vivifica
da letra que mata,
os teólogos mantinham
as mentes encarceradas
na sujeição às palavras
e aos decretos
audaciosos de reis
e papas dominadores, antes
que aos nobres
postulados libertadores da consciência livre
de peias, conforme
Jesus viera ensinar, estabelecendo o
primado do Espírito
como fundamental para o
progresso da Humanidade.
A Terra,
então, considerada como
centro do Universo,
era o núcleo fundamental
do pensamento cultural
e religioso, estabelecendo que
o Reino dos
Céus se desenhava
em torno do globo como se fosse também um dos áulicos
girando à sua volta, sempre acima, porque abaixo se encontrava o inferno de
punição eterna, compatível com a sombra coletiva encarregada de coibir o desenvolvimento
e o comportamento da sociedade.
O homem,
escravo de outros
homens, mesmo que
vivendo em liberdade,
encontrava-se-lhes submetido e servil, sem o direito de alcançar a
própria identidade, confundida
nos conflitos ancestrais que
o inconsciente coletivo
e individual liberava em contínua aflição.
A Terra, segundo a
mentalidade religiosa daqueles dias, era um vale de lágrimas, um lugar de
desterro, naturalmente para alguns -
aqueles que eram
submetidos indefensos -
enquanto aqueloutros que assim
se expressavam locupletavam-se nos gozos
ou deixavam-se arrebatar
pelos conflitos masoquistas
em que se consumiam,
perdidos nos transtornos
emocionais e sexuais que
os perturbavam. Tornavam-se
cruéis, em consequência, impondo
castrações dolorosas que
ainda remanescem através dos
tempos em inúmeras
condutas individuais e de diferentes grupos socioculturais.
A cristologia
em que se
fundamentava a Igreja
antiga, e ainda permanece, apesar
das atuais conquistas
indiscutíveis da astrofísica, considerando
Jesus-Deus - em
total embriaguez conceptual que
se opõe à
realidade de Jesus--Homem, Filho e não
Pai, não se
diluindo no mistério
da Santíssima Trindade, próprio ao pensamento mítico
ancestral, considerava que essas moradas poderiam ser identificadas como o
Paraíso, o Purgatório e o Inferno, para onde eram recambiadas as almas após a
morte física de acordo com a sua fidelidade ou o não cumprimento dos postulados
evangélicos.
A pobreza
e a aridez
desse pensamento fanático
olvidavam ou condenavam todos os
povos nos quais as propostas de Jesus não haviam chegado
e onde, por
sua vez, predominavam
os excelentes ensinos também
libertadores de Krishna,
Buda, LaoTsé, Confúcio,
Hermes Trismegisto e
muitos outros missionários do Bem
e do Amor,
cujas vidas expressavam
a grandiosa anterioridade de
sua procedência. Seus
ministérios eram significativos e
prenunciavam o momento
de Jesus, que lentamente se
inscreveria nos tempos
afora, ampliando aqueles ensinamentos que O precederam.
Na perspectiva
da Psicologia Profunda,
todos eles foram libertadores das sombras coletiva e
individual, sulcando o solo do ego
para deixar que
desabrochasse o Self e
todas as suas implicações na consciência geral.
Psicoterapeutas especiais
preconizavam o amor e a
sabedoria como métodos essenciais para a plenitude, embora sob
diferentes colocações que, sem
dúvida, levam à
mesma unidade do pensamento condutor da Divindade.
Intuídos pela
percepção extrassensorial, e alcançando o estágio numinoso, contribuíram
decisivamente para o
adiantamento espiritual de milhões de vidas que se encontravam na
ignorância da realidade, e
alteraram o comportamento
geral, deixando marcas especiais
de entendimento das Divinas Leis e da Regência do Cosmo.
Disciplinando a
vontade mediante experiências
psíquicas vivas e intercâmbio
seguro com os Espíritos, alcançaram a Realidade e embriagaram-se de
alegria no corpo,
de que se
utilizavam momentaneamente a fim
de retornarem ao
estado de plenitude definitiva que haviam antegozado.
Na meditação
e na educação
dos instintos conseguiram desprender-se parcialmente
dos elos retentivos
da matéria, mesmo enquanto
a habitavam, trazendo
das Esferas vivas
por onde transitavam as
mais belas lições
de harmonia e de felicidade, que
constituíam motivo e
atração para o retorno
após a execução dos compromissos vivenciados no mundo.
Jesus o
sabia, e denominou-os
como ovelhas que
não pertencem a este
rebanho, referindo-se aos
presunçosos contemporâneos que se
atribuíam a paternidade divina com desdém pelos demais povos,
que certamente teriam outra
ascendência, o que constitui um
absurdo, partindo-se do
pressuposto de que Deus é Pai e Criador de tudo e de todos.
A existência
terrena deve ser
vivenciada com prazer e
emoção, em face da riqueza de
experiências que oferece,
auxiliando o Espírito a
desenovelar-se das faixas
inferiores das paixões. Não se trata do prazer que se afigura como
vício, crime ou hediondez, mas da conduta daquele que o frui, não se deixando
devorar pelo hedonismo imediatista, mas
experienciando o júbilo
dos gozos que estimulam
ao avanço e
compensam os cansaços
e desaires dos empreendimentos
humanos.
Jesus-Homem não
apresentou métodos, técnicas,
condutas especiais para conseguir-se
o Reino. Ele
é tudo isso,
viveu todas essas
expressões, apontando as
muitas moradas que existem
na Casa do Pai.
Referiu-se, indubitavelmente, aos
mundos habitados que povoam
o Universo, graças
aos milhões de
galáxias que surgem umas
e se consomem
outras absorvidas pelos
buracos negros, exaltando a
incomparável e insuperável glória da Criação.
Quanto mais primitivo
o princípio espiritual, mais grosseiro é o mundo em
que deve habitar,
a fim de
experimentar o desabrochar dos
conteúdos psíquicos nele
jacentes, que se vão
desenvolvendo conforme os fatores mesológicos e circunstanciais, guiado pelo
fatalismo da evolução que nele existe, ascendendo na escala da
evolução e transferindo-se de
um para outro
mundo conforme a necessidade do seu progresso que jamais se encontra estanque.
Mundos, sim,
existem, que podem
ser considerados infernais, tendo-se em
vista as condições
de habitabilidade, para onde são recambiados os
Espíritos calcetas e
renitentes, que sintonizam com o
seu psiquismo, ali
depurando-se dos instintos mais asselvajados, porém,
ascendendo depois a
outras estâncias purgatoriais, menos
severas e mais
compatíveis com o
programa de desenvolvimento espiritual
até alcançar aqueles
que são felizes, onde
não mais existem
dores nem vazios
existenciais, infortúnios ou ambições inúteis.
O bem
e o mal
- essa dualidade
luz e sombra
- em que se
debate o
Espírito humano, representam
o futuro e
o passado de cada
ser humano no
trânsito evolutivo. O
primeiro, à luz da
Psicologia Profunda, é o autoencontro, a liberação do lado escuro plenificado pelo
conhecimento da verdade,
enquanto o outro
são as fixações do
trânsito pelos instintos
primários, que ainda vicejam nos sentimentos e na conduta,
aguardando superação.
Examinando-se o
planeta terrestre, onde
se debatem as
forças do bem e do mal, constatamos ser ele uma escola de provas e de depurações cujas
lições de aprimoramento
ocorrem mediante o império do sofrimento, mas que podem
converter-se ao impositivo do amor em conquistas permanentes, felicitadoras.
Na razão
direta em que
o Self predomina
sobre o ego,
e as lições de Jesus são
essenciais a essa mudança, a essa superação de paixões, menos materializado se
torna o Espírito, que aprende a aspirar a mais altas especulações e conquistas
ambicionando o Infinito.
Procedente de
outra morada ditosa
e superior à
terrestre, denominada Reino dos
Céus, Jesus-Homem, exemplo
de amor e de
abnegação, sem subterfúgios
e com decisão,
veio convidar as Suas
criaturas a segui-lo,
pois que, somente
assim alcançariam Deus pelo
conhecimento e pelo
sentimento, integrando-se no psiquismo superior que d'Ele dimana.
Com toda
justeza, portanto, considerando
a ignorância humana, e
elucidando quanto à
necessidade da plenitude, explicitou que
há muitas moradas
na casa de
meu Pai, em convite
subliminar, ao mesmo
tempo direto, para
que todos se empenhassem por
alcançá-las.
Psicografia
de Divaldo Franco do livro Jesus e oEvangelho à Luz da Psicologia Profunda
ENCONTRO EM BRASÍLIA
Castro Alves
(...)
Nos domínios do universo,
Ninguém evolui a sós,
A Humanidade na Terra
É a soma de todos nós.
Mas, de olhar alçado aos
cimos,
Por súplica
repetimos,
Em Brasília, aos céus de
luz:
– “Brasil de perenes
brilhos,
Pela união de teus filhos,
Deus te conserve em
Jesus."
Chico Xavier
Castro Alves Fala À Terra
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