quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Diversidade de moradas

Tema da semana
Há muitas moradas na casa de meu Pai
De 24/11/2014 a 30/11/2014

Joanna de Ângelis

Ev. Cap. III - Item 3
(...) Há muitas moradas na casa de meu Pai.
João, 14:2

A  ingenuidade  medieval  explicava  que  as  estrelas  fulgurantes no  Infinito  eram  lâmpadas  mágicas  para  iluminarem  a noite  por misericórdia  de  Deus.  O  conceito  geocêntrico  do  Universo expressava  o  limite  imposto  pelo  grau  de  desenvolvimento cultural  e  intelectual  dos  seres  ainda  presos  aos  interesses  da sobrevivência em ambiente físico, social, político e religioso hostil e  castrador  das  expressões  de  liberdade,  de  conhecimento  e  de felicidade que sempre se encontram ínsitos nos seres humanos.

Os dogmas perversos  naquela  cultura  ainda  primitiva,  na  qual predominava a força do poder temporal, mesclado como religioso disfarçado  nas  sombras  coletivas  dos  dominadores,  impediam  a compreensão  do  ensinamento  de  Jesus  que  procedia  de outras Esferas,  portanto,  de  uma  feliz  morada  que  a  mente  humana  de então não dispunha de meios para entender.

Vivendo níveis de consciência muito primitivos, em sono e com leves sonhos, não era possível alcançar outros degraus, em razão do  conhecimento  e  do  pensamento  se  deterem  nos  estágios primitivo  e  mitológico,  que  constituíram  base  para  o estabelecimento  de  alguns  princípios  religiosos  mais  compatíveis com  as  necessidades  existenciais,  relacionando-os interpretativamente  com  as  propostas  morais  e  espirituais neotestamentárias.

Sem  recursos  para  libertar  o  espírito  que  vivifica  da  letra  que mata,  os  teólogos  mantinham  as  mentes  encarceradas  na sujeição  às  palavras  e  aos  decretos  audaciosos  de  reis  e  papas dominadores,  antes  que  aos  nobres  postulados  libertadores  da consciência  livre  de  peias,  conforme  Jesus  viera  ensinar, estabelecendo  o  primado  do  Espírito  como  fundamental  para  o progresso da Humanidade.

A  Terra,  então,  considerada  como  centro  do  Universo,  era  o núcleo  fundamental  do  pensamento  cultural  e  religioso, estabelecendo  que  o  Reino  dos  Céus  se  desenhava  em  torno  do globo como se fosse também um dos áulicos girando à sua volta, sempre acima, porque abaixo se encontrava o inferno de punição eterna, compatível com a sombra coletiva encarregada de coibir o desenvolvimento e o comportamento da sociedade.

O  homem,  escravo  de  outros  homens,  mesmo  que  vivendo  em liberdade, encontrava-se-lhes submetido e servil, sem o direito de alcançar  a  própria  identidade,  confundida  nos  conflitos ancestrais  que  o  inconsciente  coletivo  e  individual liberava  em contínua aflição.

A Terra, segundo a mentalidade religiosa daqueles dias, era um vale de lágrimas, um lugar de desterro, naturalmente para alguns -  aqueles  que  eram  submetidos  indefensos  -  enquanto aqueloutros  que  assim  se  expressavam  locupletavam-se  nos gozos  ou  deixavam-se  arrebatar  pelos  conflitos  masoquistas  em que  se  consumiam,  perdidos  nos  transtornos  emocionais  e sexuais  que  os  perturbavam.  Tornavam-se  cruéis,  em consequência,  impondo  castrações  dolorosas  que  ainda remanescem  através  dos  tempos  em  inúmeras  condutas individuais e de diferentes grupos socioculturais.

A  cristologia  em  que  se  fundamentava  a  Igreja  antiga,  e  ainda permanece,  apesar  das  atuais  conquistas  indiscutíveis  da astrofísica,  considerando  Jesus-Deus  -  em  total  embriaguez conceptual  que  se  opõe  à  realidade  de  Jesus--Homem, Filho  e não  Pai,  não  se  diluindo  no  mistério  da  Santíssima  Trindade, próprio ao pensamento mítico ancestral, considerava que essas moradas poderiam ser identificadas como o Paraíso, o Purgatório e o Inferno, para onde eram recambiadas as almas após a morte física de acordo com a sua fidelidade ou o não cumprimento dos postulados evangélicos.

A  pobreza  e  a  aridez  desse  pensamento  fanático  olvidavam  ou condenavam todos os povos nos quais as propostas de Jesus não haviam  chegado  e  onde,  por  sua  vez,  predominavam  os excelentes  ensinos  também  libertadores  de  Krishna,  Buda,  LaoTsé,  Confúcio,  Hermes  Trismegisto  e  muitos  outros  missionários do  Bem  e  do  Amor,  cujas  vidas  expressavam  a  grandiosa anterioridade  de  sua  procedência.  Seus  ministérios  eram significativos  e  prenunciavam  o  momento  de  Jesus,  que lentamente  se  inscreveria  nos  tempos  afora,  ampliando  aqueles ensinamentos que O precederam.

Na  perspectiva  da  Psicologia  Profunda,  todos  eles  foram libertadores das sombras coletiva e individual, sulcando o solo do ego  para  deixar  que  desabrochasse  o  Self e  todas  as  suas implicações na consciência geral.

Psicoterapeutas  especiais  preconizavam  o  amor  e  a  sabedoria como métodos essenciais para a plenitude, embora sob diferentes colocações  que,  sem  dúvida,  levam  à  mesma  unidade  do pensamento condutor da Divindade.

Intuídos pela percepção extrassensorial, e alcançando o estágio numinoso,  contribuíram  decisivamente  para  o  adiantamento espiritual de milhões de vidas que se encontravam na ignorância da  realidade,  e  alteraram  o  comportamento  geral,  deixando marcas especiais de entendimento das Divinas Leis e da Regência do Cosmo.

Disciplinando  a  vontade mediante experiências  psíquicas  vivas e intercâmbio seguro com os Espíritos, alcançaram a Realidade e embriagaram-se  de  alegria  no  corpo,  de  que  se  utilizavam momentaneamente  a  fim  de  retornarem  ao  estado  de  plenitude definitiva que haviam antegozado.

Na  meditação  e  na  educação  dos  instintos  conseguiram desprender-se  parcialmente  dos  elos  retentivos  da  matéria, mesmo  enquanto  a  habitavam,  trazendo  das  Esferas  vivas  por onde  transitavam  as  mais  belas  lições  de  harmonia  e de felicidade,  que  constituíam  motivo  e  atração  para  o retorno  após a execução dos compromissos vivenciados no mundo.

Jesus  o  sabia,  e  denominou-os  como  ovelhas  que  não pertencem  a  este  rebanho,  referindo-se  aos  presunçosos  contemporâneos que se atribuíam a paternidade divina com desdém pelos demais  povos,  que  certamente  teriam outra  ascendência, o que  constitui  um  absurdo,  partindo-se  do  pressuposto  de  que Deus é Pai e Criador de tudo e de todos.

A  existência  terrena  deve  ser  vivenciada  com  prazer e  emoção, em  face  da  riqueza  de  experiências  que  oferece,  auxiliando  o Espírito  a  desenovelar-se  das  faixas  inferiores  das paixões.  Não se trata do prazer que se afigura como vício, crime ou hediondez, mas da conduta daquele que o frui, não se deixando devorar pelo hedonismo  imediatista,  mas  experienciando  o  júbilo  dos  gozos que  estimulam  ao  avanço  e  compensam  os  cansaços  e  desaires dos empreendimentos humanos.

Jesus-Homem  não  apresentou  métodos,  técnicas,  condutas especiais  para  conseguir-se  o  Reino.  Ele  é  tudo  isso,  viveu  todas essas expressões,  apontando  as  muitas  moradas  que existem  na Casa do Pai.

Referiu-se,  indubitavelmente,  aos  mundos  habitados  que povoam  o  Universo,  graças  aos  milhões  de  galáxias  que  surgem umas  e  se  consomem  outras  absorvidas  pelos  buracos  negros, exaltando a incomparável e insuperável glória da Criação.

Quanto mais primitivo o princípio espiritual, mais grosseiro é o mundo  em  que  deve  habitar,  a  fim  de  experimentar  o desabrochar  dos  conteúdos  psíquicos  nele  jacentes,  que  se  vão desenvolvendo conforme os fatores mesológicos e circunstanciais, guiado pelo fatalismo da evolução que nele existe, ascendendo na escala  da  evolução  e  transferindo-se  de  um  para  outro  mundo conforme a necessidade do seu progresso que jamais se encontra estanque.

Mundos,  sim,  existem,  que  podem  ser  considerados  infernais, tendo-se  em  vista  as  condições  de  habitabilidade,  para  onde  são recambiados  os  Espíritos  calcetas  e  renitentes,  que sintonizam com  o  seu  psiquismo,  ali  depurando-se  dos  instintos mais asselvajados,  porém,  ascendendo  depois  a  outras  estâncias purgatoriais,  menos  severas  e  mais  compatíveis  com  o  programa de  desenvolvimento  espiritual  até  alcançar  aqueles  que  são felizes,  onde  não  mais  existem  dores  nem  vazios  existenciais, infortúnios ou ambições inúteis.

O  bem  e  o  mal  -  essa  dualidade  luz  e  sombra  -  em  que  se debate  o  Espírito  humano,  representam  o  futuro  e  o  passado  de cada  ser  humano  no  trânsito  evolutivo.  O  primeiro,  à  luz  da Psicologia Profunda, é o autoencontro, a liberação do lado escuro plenificado  pelo  conhecimento  da  verdade,  enquanto  o  outro  são as  fixações  do  trânsito  pelos  instintos  primários,  que  ainda vicejam nos sentimentos e na conduta, aguardando superação.

Examinando-se  o  planeta  terrestre,  onde  se  debatem  as  forças do bem e do mal, constatamos ser ele uma escola de provas e de depurações  cujas  lições  de  aprimoramento  ocorrem  mediante  o império do sofrimento, mas que podem converter-se ao impositivo do amor em conquistas permanentes, felicitadoras.

Na  razão  direta  em  que  o  Self  predomina  sobre  o  ego,  e  as lições de Jesus são essenciais a essa mudança, a essa superação de paixões, menos materializado se torna o Espírito, que aprende a aspirar a mais altas especulações e conquistas ambicionando o Infinito.

Procedente  de  outra  morada  ditosa  e  superior  à  terrestre, denominada  Reino  dos  Céus,  Jesus-Homem,  exemplo  de  amor  e de  abnegação,  sem  subterfúgios  e  com  decisão,  veio  convidar  as Suas  criaturas  a  segui-lo,  pois  que,  somente  assim  alcançariam Deus  pelo  conhecimento  e  pelo  sentimento,  integrando-se  no psiquismo superior que d'Ele dimana.

Com  toda  justeza,  portanto,  considerando  a  ignorância humana,  e  elucidando  quanto  à  necessidade  da  plenitude, explicitou  que  há  muitas  moradas  na  casa  de  meu  Pai,  em convite  subliminar,  ao  mesmo  tempo  direto,  para  que todos  se empenhassem por alcançá-las.

Psicografia de Divaldo Franco do livro Jesus e oEvangelho à Luz da Psicologia Profunda

ENCONTRO EM BRASÍLIA
Castro Alves
(...)
Nos domínios do universo,
Ninguém evolui a sós,
A Humanidade na Terra
É a soma de todos nós.
Mas, de olhar alçado aos cimos,
 Por súplica repetimos,
Em Brasília, aos céus de luz:
– “Brasil de perenes brilhos,
Pela união de teus filhos,
Deus te conserve em Jesus."
Chico Xavier

Castro Alves Fala À Terra

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