Tema
da semana
“Humildade”
de
15/04/2013 a 21/04/2013
Allan
Kardec
11.
Que a paz do Senhor seja convosco, meus queridos amigos! Aqui venho
para encorajar -vos a seguir o bom caminho.
Aos
pobres Espíritos que habitaram outrora a Terra, conferiu Deus a
missão de vos esclarecer. Bendito seja Ele, pela graça que nos
concede: a de podermos auxiliar o vosso aperfeiçoamento.
Que
o Espírito Santo me ilumine e ajude a tornar compreensível a minha
palavra, outorgando-me o favor de pô-la ao alcance de todos! Oh!
vós, encarnados, que vos achais em prova e buscais a luz, que a
vontade de Deus venha em meu auxílio para fazê-la brilhar aos
vossos olhos!
A
humildade é virtude muito esquecida entre vós. Bem pouco seguidos
são os exemplos que dela se vos têm dado. Entretanto, sem
humildade, podeis ser caridosos com o vosso próximo? Oh! não, pois
que este sentimento nivela os homens, dizendo-lhes que todos são
irmãos, que se devem auxiliar mutuamente, e os induz ao bem. Sem a
humildade, apenas vos adornais de virtudes que não possuís, como se
trouxésseis um vestuário para ocultar as deformidades do vosso
corpo. Lembrai-vos dAquele que nos salvou; lembrai-vos da sua
humildade, que tão grande o fez, colocando-o acima de todos os
profetas.
O
orgulho é o terrível adversário da humildade. Se o Cristo prometia
o reino dos céus aos mais pobres, é porque os grandes da Terra
imaginam que os títulos e as riquezas são recompensas deferidas aos
seus méritos e se consideram de essência mais pura do que a do
pobre. Julgam que os títulos e as riquezas lhes são devidos, pelo
que, quando Deus lhos retira, o acusam de injustiça. Oh!
irrisão e cegueira! Pois, então, Deus vos distingue pelos corpos? O
envoltório do pobre não é o mesmo que o do rico? Terá o Criador
feito duas espécies de homens? Tudo o que Deus faz é grande e
sábio; não lhe atribuais nunca as ideias que os vossos cérebros
orgulhosos engendram.
Ó
rico! Enquanto dormes sob dourados tetos, ao abrigo do frio, ignoras
que jazem sobre a palha milhares de irmãos teus, que valem tanto
quanto tu? Não é teu igual o infeliz que passa fome? Ao ouvires
isso, bem o sei, revolta-se o teu orgulho. Concordarás em dar-lhe
uma esmola, mas em lhe apertar fraternalmente a mão, nunca. “Pois
quê! dirás, eu, de sangue nobre, grande da Terra, igual a este
miserável coberto de andrajos! Vã utopia de pseudo filósofos! Se
fôssemos iguais, por que o teria Deus colocado tão baixo e a mim
tão alto?” É exato que as vossas vestes não se assemelham; mas,
despi-vos ambos: que diferença haverá entre vós? A nobreza do
sangue, dirás; a química, porém, ainda nenhuma diferença
descobriu entre o sangue de um grão-senhor e o de um plebeu; entre o
do senhor e o do escravo. Quem te garante que também tu já não
tenhas sido miserável e desgraçado como ele? Que também não hajas
pedido esmola? Que não a pedirás um dia a esse mesmo a quem hoje
desprezas? São eternas as riquezas? Não desaparecem quando se
extingue o corpo, envoltório perecível do teu Espírito? Ah! lança
sobre ti um pouco de humildade! Põe os olhos, afinal, na realidade
das coisas deste mundo, sobre o que dá lugar ao engrandecimento e ao
rebaixamento no outro; lembra-te de que a morte não te poupará,
como a nenhum homem; que os teus títulos não te preservarão do seu
golpe; que ela te poderá ferir amanhã, hoje, a qualquer hora. Se te
enterras no teu orgulho, oh! quanto então te lamento, pois bem digno
de compaixão serás.
Orgulhosos!
Que éreis antes de serdes nobres e poderosos? Talvez estivésseis
abaixo do último dos vossos criados. Curvai, portanto, as vossas
frontes altaneiras, que Deus pode fazer se abaixem, justo no momento
em que mais as elevardes. Na balança divina, são iguais todos os
homens; só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. São da
mesma essência todos os Espíritos e formados de igual massa todos
os corpos. Em nada os modificam os vossos títulos e os vossos nomes.
Eles permanecerão no túmulo e de modo nenhum contribuirão para que
gozeis da ventura dos eleitos. Estes, na caridade e na humildade é
que têm seus títulos de nobreza.
Pobre
criatura! és mãe, teus filhos sofrem; sentem frio; têm fome, e tu
vais, curvada ao peso da tua cruz, humilhar-te, para lhes conseguires
um pedaço de pão! Oh! inclino-me diante de ti. Quão nobremente
santa és e quão grande aos meus olhos! Espera e ora; a felicidade
ainda não é deste mundo. Aos pobres oprimidos que nele confiam,
concede Deus o reino dos céus.
E
tu, donzela, pobre criança lançada ao trabalho, às privações,
por que esses tristes pensamentos? Por que choras? Dirige a Deus,
piedoso e sereno, o teu olhar: ele dá alimento aos passarinhos;
tem-lhe confiança: ele não te abandonará. O ruído das festas, dos
prazeres do mundo, faz bater-te o coração; também desejaras
adornar de flores os teus cabelos e misturar-te com os venturosos da
Terra. Dizes de ti para contigo que, como essas mulheres que vês
passar, despreocupadas e risonhas, também poderias ser rica. Oh!
cala-te, criança! Se soubesses quantas lágrimas e dores inomináveis
se ocultam sob esses vestidos recamados, quantos soluços são
abafados pelos sons dessa orquestra rumorosa, preferirias o teu
humilde retiro e a tua pobreza. Conserva-te pura aos olhos de Deus,
se não queres que o teu anjo guardião para o seu seio volte,
cobrindo o semblante com as suas brancas asas e deixando-te com os
teus remorsos, sem guia, sem amparo, neste mundo, onde ficarias
perdida, a aguardar a punição no outro.
Todos
vós que dos homens sofreis injustiças, sede indulgentes para as
faltas dos vossos irmãos, ponderando que também vós não vos
achais isentos de culpas; é isso caridade, mas é igualmente
humildade. Se sofreis pelas calúnias, abaixai a cabeça sob essa
prova. Que vos importam as calúnias do mundo? Se é puro o vosso
proceder, não pode Deus vo-las compensar? Suportar com coragem as
humilhações dos homens é ser humilde e reconhecer que somente Deus
é grande e poderoso. Oh! meu Deus, será preciso que o Cristo volte
segunda vez à Terra para ensinar aos homens as tuas leis, que eles
olvidam? Terá que de novo expulsar do templo os vendedores que
conspurcam a tua casa, casa que é unicamente de oração? E, quem
sabe? ó homens! se o não renegaríeis como outrora, caso Deus vos
concedesse essa graça! Chamar-lhe-íeis blasfemador, porque abateria
o orgulho dos modernos fariseus. É bem possível que o fizésseis
perlustrar novamente o caminho do Gólgota.
Quando
Moisés subiu ao monte Sinai para receber os mandamentos de Deus, o
povo de Israel, entregue a si mesmo, abandonou o Deus verdadeiro.
Homens e mulheres deram o ouro e as jóias que possuíam, para que se
construísse um ídolo que entraram a adorar. Vós outros, homens
civilizados, os imitais. O Cristo vos legou a sua doutrina; deu-vos o
exemplo de todas as virtudes e tudo abandonastes, exemplos e
preceitos. Concorrendo para isso com as vossas paixões, fizestes um
Deus a vosso jeito: segundo uns, terrível e sangüinário; segundo
outros, alheado dos interesses do mundo. O Deus que fabricastes é
ainda o bezerro de ouro que cada um adapta aos seus gostos e às suas
ideias.
Despertai,
meus irmãos, meus amigos. Que a voz dos Espíritos ecoe nos vossos
corações. Sede generosos e caridosos, sem ostentação, isto é,
fazei o bem com humildade. Que cada um proceda pouco a pouco à
demolição dos altares que todos ergueram ao orgulho. Numa palavra:
sede verdadeiros cristãos e tereis o reino da verdade. Não
continueis a duvidar da bondade de Deus, quando dela vos dá ele
tantas provas. Vimos preparar os caminhos para que as profecias se
cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante
da sua clemência, que o enviado celeste já vos encontre formando
uma grande família; que os vossos corações, mansos e humildes,
sejam dignos de ouvir a palavra divina que ele vos vem trazer; que ao
eleito somente se deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais
deposto, volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade. Então, o
vosso mundo se tornará o paraíso terrestre. Mas, se permanecerdes
insensíveis à voz dos Espíritos enviados para depurar e renovar a
vossa sociedade civilizada, rica de ciências, mas, no entanto, tão
pobre de bons sentimentos, ah! então não nos restará senão chorar
e gemer pela vossa sorte. Mas, não, assim não será. Voltai para
Deus, vosso pai, e todos nós que houvermos contribuído para o
cumprimento da sua vontade entoaremos o cântico de ação de graças,
agradecendo-lhe a inesgotável bondade e glorificando-o por todos os
séculos dos séculos. Assim seja. Lacordaire.
(Constantina, 1863.)
HUMILDADE
Só
a humildade é a energia suficientemente
segura
para sustentar-nos o êxito no serviço
abençoado
e não devemos esmorecer na
jornada
que nos compele para diante.
Agar
Do
Livro “Dicionário da Alma”
psicografia
de Francisco Cândido Xavier
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