Tema da semana
“Pagar o mal com o
bem”
de 01/10/2012 a
07/10/2012
Allan Kardec
1. Aprendestes que foi
dito: “Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.”
Eu,
porém,
vos
digo:
“Amai
os
vossos
inimigos;
fazei
o
bem
aos
que
vos odeiam
e
orai
pelos
que
vos
perseguem
e
caluniam,
a
fim
de
serdes
filhos
do
vosso
Pai que está nos céus
e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova
sobre os justos e os injustos. - Porque, se só amardes os que vos
amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os
publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com
isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?”
(S. MATEUS, cap. V, vv. 43 a 47.)
- “Digo-vos que, se a vossa
justiça não for mais abundante que a dos escribas e
dos fariseus, não
entrareis no reino dos céus.”(S. MATEUS,
cap. V, v. 20.)
2. “Se somente amardes os que vos
amam, que mérito se vos reconhecerá, uma vez que as pessoas de má
vida também amam os que os amam? - Se o bem somente o fizerdes aos
que vo-lo fazem, que mérito se vos reconhecerá, dado que o mesmo
faz a gente de má vida? - Se só emprestardes àqueles de quem
possais esperar o mesmo favor, que mérito se vos reconhecerá,
quando as pessoas de má vida se entreajudam dessa
maneira, para auferir a mesma vantagem? Pelo que vos toca, amai os
vossos inimigos, fazei bem a todos e auxiliai sem esperar coisa
alguma. Então, muito
grande será
a vossa
recompensa e
sereis filhos
do Altíssimo,
que é
bom para os ingratos e até para os maus. - Sede,
pois, cheios de misericórdia, como cheio de misericórdia é o vosso
Deus.” (S. LUCAS, cap. VI,
vv. 32 a 36.)
3. Se o amor do próximo constitui o
princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação
desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das
maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.
Entretanto, há geralmente equívoco
no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não
pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o
seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura
pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa
pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela
expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre
pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas
manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas
mesmas ideias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo,
prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.
A diversidade na maneira de sentir,
nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei
física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento
malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona
penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável
eflúvio. Daí a diferença das sensações que se experimenta à
aproximação de um amigo ou de um inimigo. Amar os inimigos não
pode, pois, significar que não se deva estabelecer diferença alguma
entre eles e os amigos. Se este preceito parece de difícil prática,
impossível mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda
se dê no coração, assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar.
Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que nos sirvamos
do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à
razão cabe estabelecer as diferenças, conforme aos casos.
Amar os inimigos não é, portanto,
ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o
contacto de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito
diverso do seu bater, ao contacto de um amigo. Amar os Inimigos é
não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é
perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal
que nos causem; é não opor nenhum obstáculo a reconciliação com
eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em
vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em se
apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por
atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente,
retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os
humilhar. Quem assim procede preenche as condições do
mandamento: Amai os vossos inimigos.
4. Amar os inimigos é,
para o incrédulo, um contrassenso. Aquele para quem a vida presente
é tudo, vê no seu inimigo um ser nocivo, que lhe perturba o repouso
e do qual unicamente a morte. pensa ele, o pode livrar. Daí,
o desejo de vingar-se. Nenhum interesse tem em perdoar, senão para
satisfazer o seu orgulho perante o mundo. Em
certos casos, perdoar-lhe parece mesmo uma fraqueza indigna de si. Se
não se vingar, nem por isso deixará de conservar rancor e secreto
desejo de mal para o outro.
Para o crente e, sobretudo, para o
espírita, muito diversa é a maneira de ver, porque suas vistas se
lançam sobre o passado e sobre o futuro, entre os quais a vida atual
não passa de um simples ponto. Sabe ele que, pela mesma destinação
da Terra, deve esperar topar aí com homens maus e perversos; que as
maldades com que se defronta fazem parte das provas que lhe cumpre
suportar e o elevado ponto de vista em que se coloca lhe torna menos
amargas as vicissitudes, quer advenham dos homens, quer das coisas.
Se não se queixa das provas, tampouco deve queixar-se dos que lhe
servem de instrumento.
Se, em vez de se queixar,
agradece a Deus o experimentá-lo, deve também
agradecer a mão que lhe dá ensejo de demonstrar a sua paciência e
a sua resignação. Esta ideia o dispõe
naturalmente ao perdão. Sente, além disso, que quanto mais generoso
for. tanto mais se engrandece aos seus próprios olhos e se põe fora
do alcance dos dardos do seu inimigo.
O homem que no mundo ocupa elevada
posição não se julga ofendido com os insultos daquele a quem
considera seu inferior. O mesmo se dá com o que, no mundo moral, se
eleva acima da humanidade material. Este compreende que o ódio e o
rancor o aviltariam e rebaixariam. Ora, para ser superior ao seu
adversário, preciso é que tenha a alma maior, mais nobre, mais
generosa do que a desse último.
---
TROVAS
DO AMOR
Quem
Ama
Amor
no amor de quem ama,
Vara
fel, pedra, aflição,
Até
que se faz estrela
Por
dentro do coração.
Auta
de Souza
De
"Somente Amor"
Psicografia
de Chico Xavier
Nenhum comentário:
Postar um comentário
(-: , Olá, seja bem vindo, se o seu comentário for legal, e não trouxer conteúdo agressivo, ele será postado.