Tema da semana
“Pagar o mal com o
bem”
de 01/10/2012 a
07/10/2012
Richard
Simonetti
Mateus,
16:13-23.
Marcos,
8: 27-33.
Lucas,
9:18-22.
Um
amigo, estudioso dos textos evangélicos surpreendeu-me, afirmando:
– Jesus
era um peripatético.
Censurei
sua irreverência.
Ele
sorriu.
–
Trata-se do mestre que
ensina andando. Vem da experiência de Aristóteles, que discutia
ideias e transmitia instruções, caminhando com seus discípulos.
Jesus,
sem dúvida, cultivava o peripatetismo.Viajava com frequência.
Visitava muitas cidades.
Longas
caminhadas… Podiam durar semanas. Sempre conversando, orientando o
colégio apostólico. Ensinamentos importantes eram transmitidos
durante as viagens.
***
Logo
após o esclarecedor diálogo com os representantes do judaísmo,
Jesus esteve na região de Tiro e Sidom, na Fenícia.
Prosseguindo,
atravessou o território de Decápolis, formado por dez cidades
gregas.
Sempre
atendendo à multidão, curando enfermos e enfrentando as diatribes
de seus adversários, que tentavam comprometê-lo com as autoridades
ou com o povo.
Esteve,
também, em Cesareia de Filipe, pequena localidade ao norte da
Palestina, num vale verdejante, homenagem a César Augusto, por
Filipe, o governador judeu nomeado por Roma para a tetrarquia da
Galileia. Era assim denominada, para distingui-la de outra Cesareia,
edificada por Herodes, o Grande.
Em
dado momento, Jesus perguntou aos discípulos:
– Quem
dizem os homens ser o filho do Homem?
Usava
com frequência essa expressão, referindo-se a si mesmo.
Antecipava
que haveriam de situá-lo como Deus encarnado, e deixava bem clara
sua condição.
Era
filho do Homem, um ser humano.
Eles
responderam:
– Uns
dizem que és João Batista; outros Elias e outros Jeremias ou algum
dos profetas, que ressurgiu.
Interessante,
amigo leitor!
Se
o povo judeu admitia ser Jesus um vulto eminente da história
judaica, obviamente aceitava a reencarnação.
Quanto
a João Batista, muita gente não distinguia o Messias do profeta que
o anunciara, julgando tratar-se da mesma pessoa.
***
Após
ouvir as referências dos discípulos, perguntou Jesus:
– Mas
vós outros, quem dizeis que eu sou?
Simão
Pedro adiantou-se:
–Tu
és o Cristo, o Filho do Deus Vivo.
Jesus
o cumprimentou:
–
Bem-aventurado
és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e o sangue
quem to revelaram, mas meu Pai que está nos Céus…
A
expressão Cristo significa ungido, escolhido para orientar e
conduzir. Anunciado pelos profetas, o mensageiro divino era aguardado
há séculos pelo povo judeu.
Naquele
exato momento, inspirado pela espiritualidade maior, Simão Pedro
fazia importante proclamação:
Jesus
era o Cristo!
***
Não
obstante os prodígios operados e a beleza de seus princípios, o
Mestre não seria aceito pelas lideranças judaicas.
Esperavam
alguém de espada na mão para elevar Israel ao domínio de todas as
nações.
Jamais
admitiriam um Messias que exaltava a paz, não a guerra; o amor, não
o ódio; o perdão, não a vingança, com uma mensagem universalista
que pretendia irmanar todos os povos.
Perfeitamente
consciente disso, Jesus afirmou, em assombrosa profecia, antecipando
o que enfrentaria:
– É
necessário que o filho do Homem sofra muitas coisas, e seja
rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas,
seja morto e ressuscite no terceiro dia.
Suas
afirmativas causaram impacto.
Os
discípulos julgavam o advento do Reino de Deus como uma conquista
material.
Imaginavam
que, no momento oportuno, Jesus convenceria os incrédulos e
submeteria os poderosos à sua vontade soberana.
No
entanto, hei-lo falando em lágrimas, sacrifícios, morte!…
Simão
Pedro, talvez o mais perplexo com aquelas afirmativas, reclamou:
– Deus
não o permita, Senhor! Isso de modo algum te acontecerá!
Jesus
respondeu, veemente:
–
Afasta-te
de mim, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não
cogitas das coisas de Deus, e, sim, das coisas dos homens.
***
O
episódio reserva preciosa lição:
Num
momento, Simão Pedro situa Jesus como o mensageiro divino.
Logo
em seguida, perplexo diante de suas revelações, pretende
contestá-lo.
As
reações do apóstolo exprimem com fidelidade uma das grandes
contradições da personalidade humana:
A
facilidade com que mudamos o ânimo, oscilando entre o Bem e o mal, a
Luz e as sombras, a Virtude e o vício…
Esse
dualismo, sempre presente em nosso comportamento, impõe sérios
embaraços ao relacionamento com as pessoas, anulando as mais belas
oportunidades de edificação da jornada humana.
Sob
inspiração do Bem, construímos templos religiosos e instituições
filantrópicas; sob influência do mal, transformamo-los em arenas de
disputas e desentendimentos.
Sob
inspiração do Bem, edificamos o lar, pretendendo sustentar as
flores de um amor sem fim, a estender-se por abençoada prole; sob
influência do mal, perdemo-nos em agressões e omissões, em
deserções e traições, que aniquilam nossas melhores esperanças.
Sob
inspiração do Bem, empolgamo-nos pelo propósito de seguir a Jesus;
sob influência do mal, perdemo-nos em viciações e mazelas que nos
colocam à margem de seu caminho.
***
Não
é preciso grande esforço de raciocínio para compreender esse
desvio. Porque buscamos a luz e, frequentemente, estamos em trevas.
A
causa é o egoísmo, que nos leva a desejar que tudo gire em torno de
nossa personalidade, ao sabor de nossas conveniências, como se
fôssemos o centro do Universo.
Fazemos
dele a medida da Vida.
Imaginamos
bom o que corresponde às nossas expectativas.
Consideramos
mau o que nos contraria.
Por
isso, os piores momentos estão sempre relacionados com nossas
frustrações.
– Estou
angustiado – o pai não me atende.
– Estou
irritado – a esposa não me entende.
– Estou
magoada – o marido esqueceu meu aniversário.
– Estou
arrasado – o colega foi promovido na minha frente.
– Estou
furioso – o chefe censurou meu desempenho.
– Estou
descrente – o Senhor não ouve minhas orações.
Mesmo
como discípulos de Jesus, estamos dispostos a seguir seus exemplos
de fraternidade e amor, tolerância e bondade, desde que ninguém nos
contrarie.
Se
isso acontece, imediatamente contrariamos o Evangelho.
Daí
a nossa instabilidade emocional, a dificuldade em sustentar a paz.
Por
isso, o programa básico de nosso equilíbrio envolve um ajuste de
nossos sentimentos. Muito mais importante do que exigir o atendimento
de nossos caprichos é atender à vontade de Deus, expressa no
Evangelho.
E
se nos empolgamos pela grandeza de Jesus, manifestando disposição
em segui-lo, não nos esqueçamos de o caminho do Cristo é de
trabalho, renúncia e sacrifício de nossos interesses pessoais em
favor do bem comum.
Caso
contrário, à semelhança de Simão Pedro, facilmente seremos
envolvidos pelas sombras, tropeçando em nossas próprias mazelas.
Do
livro “Não peques mais”.
Fonte:
Artigos
de Richard Simonetti.
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Bem
Volta e, medita, irmão, na estrada que palmilhas.
Pensa no eterno Bem que te nutre e consola,
No sagrado esplendor dessa divina escola,
Que é toda a Terra em luz, aberta em maravilhas.
Múcio
Teixeira
Do
livro “Dicionário da alma”.
Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
Existem dois momentos nesse texto, no primeiro o autor faz referência a Pedro, com seu comportamento dual, depois ele nos leva para os dias atuais, onde de fato tudo o que ele descreve faz parte do comportamento da maioria de nós.
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