Páginas

domingo, 25 de setembro de 2011

Presença do Codificador


REVISTA ESPÍRITA
Jornal de Estudos Psicológicos
Allan Kardec
1867

Dissertações Espíritas
AS TRÊS CAUSAS PRINCIPAIS DAS DOENÇAS
(Paris, 25 de outubro de 1866 – Médium: Sr. Desliens)

O que é o homem?... Um composto de três princípios essenciais: o Espírito, o perispírito e o corpo. A ausência de qualquer um destes três princípios levaria necessariamente ao aniquilamento do ser no estado humano. Se o corpo não mais existir, haverá o Espírito e não mais o homem; se o perispírito faltar ou não puder funcionar, não podendo o imaterial agir diretamente sobre a matéria e, desse modo, achando-se na impossibilidade de manifestar-se, poderá haver alguma coisa no gênero do cretino ou do idiota, mas jamais haverá um ser inteligente. Enfim, se o Espírito faltar, ter-se-á um feto vivendo a vida animal, e não um Espírito encarnado. Se, pois, temos três princípios frente a frente, esses três princípios devem reagir um sobre o outro, e seguir-se-á a saúde ou a doença, conforme haja entre eles harmonia perfeita ou discordância parcial.
Se a doença ou a desordem orgânica, como se queira chamar, procede do corpo, os medicamentos materiais, sabiamente empregados, bastarão para restabelecer a harmonia geral.
Se a perturbação vier do perispírito, se for uma modificação do princípio fluídico que o compõe, que se ache
alterado, será preciso uma medicação em relação com a natureza do órgão perturbado, para que as funções possam retomar seu estado normal. Se a doença proceder do Espírito, não se poderá empregar, para a combater, outra coisa senão uma medicação espiritual.
Se, enfim, como é o caso mais geral e, pode-se mesmo dizer, o que se apresenta exclusivamente, se a doença procede do corpo, do perispírito e do Espírito, será preciso que a medicação combata ao mesmo tempo todas as causas da desordem por meios diversos, para obter a cura. Ora, que fazem geralmente os médicos? Cuidam
do corpo e o curam; mas curam a doença? Não. Por quê? Porque sendo o perispírito um princípio superior à matéria propriamente dita, poderá tornar-se a causa em relação a esta e, se for entravado, os órgãos materiais, que se acham em relação com ele, serão igualmente atingidos na sua vitalidade. Cuidando do corpo, destruireis o efeito; contudo, residindo a causa no perispírito, a doença voltará novamente quando os cuidados cessarem, até que se
perceba que é preciso dirigir alhures a atenção, tratando fluidicamente o princípio fluídico mórbido.
Se, enfim, a doença procede da mente, do Espírito, o perispírito e o corpo, postos sob sua dependência, serão entravados em suas funções, e nem será cuidando de um nem de outro que se fará desaparecer a causa.
Assim, não é vestindo a camisa de força num louco, ou lhe dando pílulas ou duchas, que se conseguirá restabelecer o seu estado normal; apenas acalmarão seus sentidos revoltados; acalmarão os seus acessos, mas não destruirão o germe senão combatendo por seus semelhantes, fazendo homeopatia espiritualmente e fluidicamente, dando ao doente, pela prece, uma dose infinitesimal de paciência, de calma e de resignação, conforme o caso, como lhe dão uma dose infinitesimal de brucina, de digitális ou de acônito.
Para destruir uma causa mórbida, deve-se combatê-la em seu terreno.

Dr. Morel Lavallée

Nenhum comentário:

Postar um comentário

(-: , Olá, seja bem vindo, se o seu comentário for legal, e não trouxer conteúdo agressivo, ele será postado.